Amamentação em tandem consiste em dar de mamar ao bebé e a um filho mais velho ao mesmo tempo. Quando a mãe engravida e ainda tem um filho que mama ao peito, pode continuar a fazê-lo durante a gravidez e depois do bebé nascer, sem que isso prejudique o desenvolvimento fetal ou a alimentação do novo bebé.
Amamentação em tandem
Alguns pais querem prolongar a amamentação dos filhos pelo máximo período de tempo e enquanto isso for possível para a mãe.
Quando não se faz o desmame total após a introdução de novos alimentos na dieta da criança para além do leite materno, o que acontece por volta dos 6 meses de idade, é possível que a mãe volte a engravidar enquanto ainda amamenta.
Nestes casos, os pais podem ficar no dilema de desmamar o filho mais velho ou continuar a amamentá-lo durante a gravidez e manter a amamentação a ambos depois do nascimento. Quando a mãe decide fazê-lo, chama-se “amamentação em tandem“.
Amamentar e gravidez. São incompatíveis?
Amamentar durante a gravidez não retira nutrientes ao bebé em desenvolvimento. De acordo com o pediatra espanhol Carlos González, “Amamentar não prejudica em nada o feto, e os nutrientes que uma mulher necessita para fazer ambas as coisas ao mesmo tempo são muito menos do que os necessitaria se estivesse grávida de gémeos, por exemplo. E depois do parto pode continuar a dar de mamar a ambos os filhos ao mesmo tempo, …”. [1]
Amamentar ambos os filhos
Se ainda dá de mamar ao seu filho e voltou a engravidar, não há motivo, do ponto de vista médico, para o desmamar apressadamente. Por outro lado, alguns pais acreditam no desmame natural, ou seja, aguardam que a criança tome a iniciativa de deixar de mamar.
Assim, se é sua intenção dar de mamar aos dois, pode fazê-lo. Neste caso, é importante conversar com a criança, explicando-lhe que está a chegar um novo bebé e que terá que partilhar o peito com ele. Fale com o pediatra sobre a melhor forma de o fazer. Pode reservar, por exemplo, a mamada do filho mais velho para a hora de deitar.
Desmamar sem traumas
Para algumas mulheres dar de mamar durante a gravidez pode ser desconfortável devido ao aumento da sensibilidade do peito e dos mamilos. Se considerar que está na hora de deixar de amamentar, fale com o pediatra para definir o plano de desmame, processo que deve ser feito de modo gradual.
Ciúmes do novo irmão
Algumas crianças parecem ter uma regressão e pedem para voltar a mamar depois do nascimento de um irmão. Esta situação é normal e o melhor é deixá-las mamar. Algumas podem querer mamar durante alguns meses ou experimentar uma vez e desistir.
As vantagens do leite materno
O leite materno é o mais digerível e rico a nível biológico porque contém todas as substâncias necessárias à saúde do bebé que as ingere facilmente. Por exemplo, o ferro é acompanhado de lactoferrina, uma proteína que facilita a absorção, fazendo com que o bebé alimentado com leite materno tenha menos possibilidades de vir a sofrer de anemia.
Os anticorpos presentes no leite materno são indispensáveis e insubstituíveis. Têm uma ação de proteção geral contra os micro-organismos que provocam doenças, protegendo a criança dos germes que causam as infeções intestinais (gastroenterite).
Alimentação da mãe durante a amamentação
Os cuidados com a dieta durante o período em que amamenta devem ser idênticos aos da gravidez, privilegiando uma alimentação diversificada, completa e nutricionalmente equilibrada.
Assim, a alimentação da mãe durante a amamentação deve incluir vegetais e frutas, cereais integrais, produtos lácteos, carne e peixe. Evitar as bebidas alcoólicas e beber pelo menos 1,5 litros de água por dia.
Como complemento a uma alimentação equilibrada, é fundamental seguir um estilo de vida saudável, com prática de exercício físico regular e adequado (por exemplo, andar diariamente 30 minutos a pé) e aproveitar para descansar sempre que possível.
[1] Pergunte ao Pediatra, Carlos González, página 126, edições Pergaminho, 2014
Bibliografia: New Mother’s Guide to Breastfeeding, American Academy of Pediatrics e Winnie Yu. Editado por Joan Younger Meek, MD, MS, RD, FAAP, IBCLC, 2ª edição, 2011