“O leite materno tem muitos benefícios“ é uma frase corrente, que nos habituamos a ouvir de muitas pessoas, mas quais são os benefícios do leite materno e porque é que é assim tão importante? Porque é que algumas mulheres têm tanta dificuldade em amamentar? Saiba as respostas neste artigo.
Benefícios do leite materno
Porque é o leite materno tão importante? Em primeiro lugar é importante referir que o leite materno está inserido num contexto muito mais abrangente do que “apenas” a nutrição, isto é, a amamentação. A amamentação é muito importante na criação da ligação emocional da mãe e do bebé, e também por isto deve ser promovida.
Adicionalmente, são também assim inegáveis os benefícios do leite materno, entre os quais:
a) Proteínas de elevada qualidade, onde se destaca a alfa-lactalbumina que vai influenciar a produção de neurotransmissores e hormonas responsáveis pela regulação do apetitem, humor e ciclos de sono do bebé.
b) Gordura, onde se destacam os ácidos gordos ómega 3 e ómega 6 que são essenciais para a defesa do organismo e para o desenvolvimento neurológico e que o bebé não consegue produzir.
c) Lactose, o principal hidrato de carbono do leite (80%) e também oligossacarídeos que vão promover a flora intestinal saudável do bebé.
d) Antioxidantes.
e) Fatores de crescimento, que promovem o desenvolvimento intestinal.
f) Enzimas digestivas (como a amílase e a lípase): por iniciarem logo a digestão dos próprios nutrientes fazem com que estes sejam melhor e mais facilmente absorvidos pelo bebé.
g) Compostos funcionais como glóbulos brancos (já ativos e prontos para “combater” alguma infeção que surja) e anticorpos, que embora não contribuam diretamente para a nutrição do bebé, são importantes para o seu fortalecimento imunitário, particularmente importante enquanto o bebé ainda não tem as suas próprias defesas.
Sabia que o leite materno se modifica ao longo do tempo?
Para além dos benefícios do leite materno, este não é sempre igual, ou seja, tem a admirável capacidade de ir modificando ao longo do tempo para acompanhar as necessidades do bebé ao longo do seu crescimento.
Esta adaptação não acontece com as fórmulas, onde nunca se consegue a quantidade ótima de cada um dos nutrientes (apesar do trabalho de grande qualidade que tem vindo a ser feito pela industria da área).
Quais são os benefícios da amamentação para a mãe?
Nos benefícios da amamentação para a mãe, para além das questões afetivas e também mais práticas e económicas, incluem-se:
Redução de hemorragias e infeções no pós-parto
Tendo em conta que a amamentação estimula a produção da hormona ocitocina, que sendo responsável pelas contrações do útero, promove a constrição dos vasos e a involução uterina.
Redução do risco de alguns tipos de cancro
Como cancro da mama, do ovário e do endométrio (tecido que reveste o útero).
Perda de peso
Tendo em conta que a amamentação estimula a produção da hormona prolactina que por sua vez estimula a enzima responsável pela diminuição do tecido adiposo (gordura).
Ainda que não possa ser vista como um método contracetivo, a amamentação tem também um papel anticoncecional, importante para a redução do risco de anemia no pós-parto.
Porque é que algumas mulheres sentem tanta dificuldade em amamentar?
Existe uma crença de que a amamentação é algo natural e inato para uma mulher, contudo, é importante que as mães saibam que não exatamente assim.
Ainda que não seja um processo demasiado complexo, há muitos fatores a ter em conta e que podem contribuir para esta dificuldade: complicações no parto, mamilos invertidos, dor nos mamilos (por fissura ou greta), mastite, mau posicionamento do bebé, instabilidade emocional (sendo muito importante o apoio do companheiro).
Adicionalmente, existem muitas ideias pré-concebidas, mitos e opiniões vindas de fora que podem aumentar a ansiedade da mãe. Assim, o principal é manter-se calma e segura no seu papel de mãe (não duvide de si!), esclarecer-se antes do parto com profissionais especializados e procurar também o seu para a fase de amamentação.
Quando não é possível amamentar…
Existem também problemas como ingurgitamento mamário extremo, a hipogalactia (diminuição da secreção do leite), alguma infeção grave que exija medicação, doenças metabólicas raras no bebé (como a fenilcetonúria), que poderão de facto levar a que a mãe não consiga amamentar.
Tratam-se de exceções, mas no caso de acontecerem, não deve sentir-se menos mãe. Continuará, com o apoio profissional, a dar e a fazer o melhor pelo seu bebé, sendo importante que continue a promover o contacto de pele com pele e os momentos a dois