De acordo com a Organização Mundial da Saúde e a UNICEF as práticas adequadas na alimentação infantil são aquelas que:
- Fornecem uma quantidade de alimentos adequada quanto à frequência, consistência, densidade energética e conteúdo de micronutrientes, como o ferro (cuja carência se associa ao deficiente desenvolvimento neuropsicomotor, diminuição das defesas do organismo e da capacidade intelectual e motora) e a vitamina A;
- Protegem as vias aéreas da criança contra aspiração de substâncias estranhas;
- Não excedem a capacidade funcional do trato gastrointestinal e dos rins da criança.
Acrescentando que as pesquisas realizadas nos últimos anos fundamentam a importância:
- Do aleitamento materno exclusivo e em regime livre nos primeiros 6 meses de vida (180 dias);
- A importância de uma alimentação complementar adequada a partir dos 6 meses de idade mantendo-se a amamentação até aos 2 anos ou mais.
Apesar de as indicações quanto à idade ideal para iniciar a alimentação complementar (alimentos que não o leite humano, oferecidos após os 6 meses de idade, especialmente preparados para as crianças até que passem a ingerir os alimentos consumidos pela família) não ser unânime entre os especialistas, podendo variar entre os 4 meses (para crianças alimentadas com formula láctea) ou 5 ou os 6 meses de idade, é consensual que a introdução de alimentos complementares não deve ser efectuada antes dos 4 meses de idade uma vez que o sistema digestivo da criança ainda é imaturo e os riscos ultrapassam qualquer eventual benefício.
10 Passos para uma alimentação infantil saudável
1. Dar exclusivamente leite maternos até aos 6 meses (não oferecer água, chás ou qualquer outro alimento).
O leite materno tem uma composição nutritiva dinâmica. A sua constituição modifica-se com a evolução do aleitamento, ao longo do dia, durante a mesma mamada ou mesmo de acordo com a idade gestacional do recém-nascido.
Entre as inúmeras vantagens da sua composição salienta-se a presença de fatores bioativos, que tornam o leite materno um alimento único e uma verdadeira fonte de saúde para o bebé.
2. A partir dos 6 meses de idade, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos ou mais.
3. A partir dos 6 meses, dar alimentos complementares (alimentos que não o leite humano, especialmente preparados para as crianças até que passem a ingerir os alimentos consumidos pela família) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada.
Com o início da alimentação complementar deve ser oferecida água ao bebé, em pequenas quantidades, várias vezes ao longo do dia.
4. A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando sempre a vontade da criança.
5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida à colher
Começar com uma consistência pastosa (papas de fruta e purés de legumes) e, gradualmente, aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da família (por volta dos 12 meses).
6. Oferecer diferentes alimentos à criança ao longo do dia (textura, cor e sabor)
A diversidade proporciona não só diferentes nutrientes como educa e estimula o desenvolvimento do paladar do bebé, promovendo hábitos alimentares saudáveis e equilibrados na vida adulta. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida.
7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições (prefira os produtos da época naturalmente mais ricos em fibras e minerais).
8. Não oferecer açúcar, sal (em alternativa, use ervas aromáticas como tempero), café, enlatados, fritos, refrigerantes, rebuçados, salgados, alimentos processados e similares nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
9. Cozinhar e armazenar cuidadosamente os alimentos, nomeadamente o leite materno
Assim, irá minimizar o risco de contaminação dos alimentos, além de todas as implicações para o estado de saúde da criança que dai advêm (diarreia, desnutrição, alergias, infeções, carência de micronutrientes, entre outras).
Não reutilizar sobras (leite materno ou de fórmula) para as refeições seguintes.
10. Estimular a criança doente e convalescente a alimentar-se adequadamente, oferecendo-lhe os seus alimentos preferidos, estimulando a aceitação e respeitando a sua vontade quanto ao ritmo e horário das refeições.
Fontes consultadas
- Sociedade Brasileira de Pediatria.
- Dra. Lara Lourenço – Pediatra, Colaboradora Mãe-Me-Quer.
- Infant and young child feeding – Model Chapter for textbooks for medical students and allied health professionals, WHO Library Cataloguing-in-Publication Data, © World Health Organization 2009.
Artigo revisto em 27 de março de 2015