Muitas são as mulheres que sofrem com ingurgitamento mamário poucos dias após a subida do leite. Normalmente é um acontecimento temporário, doloroso, mas cujo tratamento costuma ser fácil.
O que é o ingurgitamento mamário?
Quando a mulher começa a jornada da amamentação logo após o nascimento do bebé, o leite materno passa por diferentes fases. Inicialmente é colostro, depois dá-se a subida do leite, durante o qual existe o leite de transição – que permanece até o leite começar a ser estimulado com uma certa regularidade -, para depois se transformar em leite maduro (cerca de um mês após o parto).
Contudo, na transição do colostro para o leite de transição pode ocorrer um fenómeno na mãe: o ingurgitamento mamário. Este é provocado por uma maior produção de leite nas mamas da mulher e faz com que a mulher sinta o peito cheio, pesado e muito rijo.
Quais os sinais?
Entre dois a quatro dias após o parto, ocorre a subida do leite. Existem diversos sinais que demonstram esse acontecimento, tais como:
- Mamas mais cheias de leite e firmes;
- Sensação de peso e inchaço no peito (aumento de volume);
- Mamas doridas, como se estivessem em pedra;
- Dor;
- Peito muito quente ou com pequenos caroços;
- Febre na recém-mamã;
- Pele das mamas ficar brilhante e esticada e os mamilos duros e planos.
Habitualmente, estes sintomas duram entre 24 a 48 horas após a subida do leite.
É importante ter em atenção se está a fazer ingurgitamento mamário, pois se não for atempadamente diagnosticada e tratada pode constituir uma das várias complicações durante a amamentação.
Se, nesta fase, o bebé não aumentar o número de mamadas por dia ou não pegar bem e esvaziar as mamas, estas podem ficar muito cheias e necessitarem de ser drenadas (seja com bomba, seja através de massagem circular manual debaixo de água quente). Caso não sejam bem esvaziadas, o ingurgitamento mamário pode originar outros problemas, como a mastite.
Quais as causas do ingurgitamento mamário?
Como já foi referido anteriormente, o ingurgitamento mamário é um fenómeno bastante frequente no início da amamentação, que pode ter várias causas:
- Estar a ser utilizada uma técnica de amamentação incorreta;
- Quando o bebé não suga o leite de forma adequada;
- Quando as mamadas são pouco frequentes;
- Se o sutiã da mulher ou a roupa for apertada – que pode provocar o bloqueio dos canais do leite.
O leite que fica bloqueado surge porque a produção do leite se vai acumulando nos ductos mamários, e sendo este mais espesso, tem maior dificuldade em passar pelos canais de leite para o exterior, não conseguindo circular fazendo com que o peito inflame e fique tipo pedra.
Estratégias para tratar o ingurgitamento mamário
Quando se depara com esta situação, há várias estratégias que pode adotar:
- Extrair o leite materno, seja manualmente ou com uma bombinha se o bebé não mamar o suficiente ou com a frequência necessária para extrair o excesso de leite que as maminhas agora estão a produzir;
- Amamentar com frequência (de preferência entre oito a dozes vezes a cada 24 horas), porque assim está a esvaziar as mamas e ao mesmo tempo a produzir a quantidade de leite que o seu filho precisa;
- Se o bebé não fizer tantas refeições quantas as recomendadas, deixe-o junto do peito para que ele cheire o seu leite e assim vá às maminhas;
- Confirmar que o bebé está a fazer uma boa pega- muitas vezes, se ele não abocanhar bem a mama podem surgir diversas outras complicações, como fissuras do mamilo;
- Experimentar várias posições enquanto amamenta;
- Aplicar compressas frias depois do bebé mamar para diminuir a inflamação dos seios e quentes para ajudar o leite a fluir nos ductos mamários;
- Fazer massagens circulares sob água quente (no duche, por exemplo) para ajudar a desencaroçar;
- Tomar, só com prescrição médica, paracetamol para reduzir a dor e a inflamação.
Se continuar com dificuldades após a aplicação destas estratégias considere consultar uma especialista em aleitamento materno.
O melhor tratamento é mesmo amamentar as vezes que o bebé pedir e, quando tal não acontece, tirar o leite em excesso. Pode ser uma fase complicada, com dores, mas tente lembrar-se que é o seu corpo também em constante mudança e a produzir mais alimento para o seu bebé. Não tarda, com os intervalos e duração das mamadas mais regulares, tudo passará e amamentar pode ser, de facto, um prazer.