A endometrite puerperal é a infeção puerperal mais prevalente e caracteriza-se pela inflamação do endométrio (membrana mucosa que reveste a parede uterina) durante o puerpério (período que vai desde a expulsão da placenta até 6 a 8 semanas após o parto, com o retorno gradual do corpo ao estado de pré-gravidez).
Endometrite puerperal
A infeção surge como resultado da colonização da ferida placentária e tem maior incidência nas cesarianas ou no decurso de partos prolongados.
Causas e condições de risco
A ocorrência de endometrite puerperal é afetada pelo tipo de parto:
- Partos vaginais: 1% a 3%;
- Cesarianas eletivas (realizadas antes do início do trabalho de parto): 5% a 15%;
- Cesarianas não eletivas (realizadas após o início do trabalho de parto): 15% a 20%.
A vaginose bacteriana, doenças crónicas debilitantes (diabetes), anemia e carências nutricionais também constituem condições de risco.
A endometrite pode surgir após corioamnionites (inflamação das membranas fetais âmnio e córion) como resultado de uma infeção bacteriana, no decurso do trabalho de parto ou no pós parto, favorecido por:
- Tempo de rutura das membranas prolongado;
- Trabalho de parto prolongado;
- Hemorragia pós parto;
- Cesariana;
- Repetidos exames ginecológicos táteis;
- Retenção de resíduos placentários no útero.
Normalmente a infeção é polimicrobiana (associação de germes).
Sintomas
Pode ocorrer febre, embora os sintomas possam ficar restritos ao útero:
- Dor abdominal no baixo ventre e aumento da sensibilidade uterina;
- Útero amolecido e aumentado.
Calafrios, mal-estar, anorexia, cefaleia e leucocitose também podem indiciar uma endometrite (inflamação da parede interna do útero).
Diagnóstico
O diagnóstico nem sempre é simples, uma vez que dor e febre superior a 38 ºC, após o parto, podem ser indicativos de outras patologias, nomeadamente infeção urinária, infeção do sítio cirúrgico (no caso de cesariana), tromboflebite pélvica séptica ou infeção perineal.
Estudos laboratoriais
Os estudos laboratoriais são de valor limitado, já que a leucocitose (aumento do número de glóbulos brancos, por volume de sangue circulante) é comum após o parto.
Contudo, os seguintes exames podem ser úteis na identificação do provável agente etiológico, na localização da infeção e na avaliação da sua gravidade:
- Hemograma e hemocultura;
- Cultura de urina;
- Cultura de secreções;
- Tomografia computorizada.
De acordo com as manifestações clínicas e com os resultados dos exames, são adotadas as condutas e os tratamentos mais ajustados, habitualmente à base de antibióticos.
Curetagem uterina
A curetagem uterina pode ser necessária na presença de restos ovulares e a histerectomia, se for verificada gangrena gasosa, necrose provocada por bactérias do género Clostridium.
A curetagem uterina é um procedimento no qual se dilata a cérvix do útero para remover a membrana mucosa que reveste a parede uterina (endométrio).