A dermatite atópica atinge cerca de 20% das crianças. Segundo os especialistas, o aumento da poluição ambiental tem contribuído para o aparecimento de novos casos que podem ser acompanhados de outras manifestações como eczema, asma ou rinite.
A maioria dos casos de dermatite atópica aparece antes dos 12 meses de vida e, em cerca de 50% dos casos, há antecedentes familiares. A doença afeta igualmente meninas e meninos.
Dermatite atópica
O termo “dermatite” designa qualquer fenómeno inflamatório da pele. O termo “atopia” utiliza-se para nomear uma hiper reatividade a vários fatores ambientais como poeiras, pólens, ácaros ou pelos de animais.
Assim, dermatite atópica é uma doença inflamatória crónica da pele que, habitualmente, aparece nos bebés com mais de 3 meses ou em idade infantil. A causa da dermatite atópica é desconhecida.
Sintomas da dermatite atópica
Nas peles atópicas, como a função de barreira fica diminuída, há um aumento da perda de água e da penetração de substâncias estranhas, irritantes e microorganismos que causam irritação e inflamação da pele.
Como resultado da inflamação, aparecem manchas vermelhas e, por vezes, borbulhas vermelhas de diferentes formas e tamanhos. A pele fica seca, áspera, grossa e com lesões escamativas.
Nas crianças mais pequenas, até aos 2 anos de idade, as principais áreas afetadas são a testa, bochechas, cabeça, zona da fralda, pregas da pele, braços e pernas. Nas crianças mais crescidas afeta, sobretudo, as zonas de flexão das articulações.
Estas lesões da pele podem causar muita comichão e incomodar o bebé / criança, afetando a qualidade do sono e o seu humor. Por vezes, as crianças afetadas com dermatite atópica também sofrem de asma ou rinite.
Fatores desencadeantes da dermatite atópica
Fatores ambientais
- O frio e o uso de aquecedores (que queimam e secam o ar) no inverno, podem levar ao agravamento dos sintomas. Contudo, o excesso de transpiração (sudorese) no verão também pode piorar a situação. Ambientes poluídos também contribuem para o aumento da incidência da dermatite atópica.
Substâncias irritantes
- O uso de detergentes, certos sabões, produtos de banho mais concentrados, desinfetantes, banhos quentes e prolongados podem aumentar ou agravar a irritação da pele. A saliva nas crianças mais pequenas pode aumentar a irritação em torno da zona da boca. Certas fibras e lãs da roupa ou mantas também podem irritar a pele.
Complicações derivadas da dermatite atópica
A dermatite atópica pode aumentar a sensibilidade da pele a problemas provocados por infeções bacterianas, infeções virais ou pela alteração da função protetora da pele (dermatite de contacto irritativa).
Diagnóstico da dermatite atópica
De causa desconhecida, não existe um exame específico que permita o diagnóstico exato da doença. Este, é realizado com base nas características próprias das lesões e da existência de possíveis alergias (eczema, asma ou rinite) noutros elementos da família.
Tratamento da dermatite atópica
A dermatite atópica não tem cura assim, o tratamento centra-se no alívio dos sintomas.
Quando aparecem as lesões na pele, é fundamental evitar que a criança se coce para não agravar a ferida e piorar a irritação. Se a criança tiver muita comichão, pode ser necessário o uso de anti-histamínicos.
Nos casos mais graves, recorre-se à aplicação local de cremes com corticoides. Em caso de infeção, poderá ser necessário o recurso a antibióticos orais.
Para evitar o aparecimento dos sintomas, a pele deve ser lavada e hidratada diariamente com produtos neutros e sem perfume.
Evolução da dermatite atópica
À medida que a criança cresce e a pele amadurece e cria resistências contra os fatores externos de agressão, os sintomas podem melhorar ou mesmo desaparecer durante a idade escolar ou adolescência.
Contudo, como a doença é crónica, pode haver a alternância entre períodos de melhoria com outros de agravamento, sem chegar a desaparecer completamente.
Prevenção da dermatite atópica
Uma vez que não se conhece a cura para a dermatite atópica, o que se pode fazer é:
- Adotar uma série de medidas que ajudem a controlar os fatores ambientais e a diminuir as substâncias potencialmente irritantes;
- Cuidar da pele diariamente para potenciar o nível de autoproteção e reforçar a capacidade de defesa natural face aos agentes irritativos.
Se o seu filho tem dermatite atópica, entre outras medidas que podem ser aconselhadas pelo dermatologista, é importante que:
- Não lhe vista roupa interior (ou que fique em contacto com a pele) com lã ou fibras sintéticas. Prefira peças em algodão;
- Lavar a roupa com um detergente suave e não usar amaciador. Se lavar algumas peças à mão, passe-as várias vezes por água limpa para eliminar todos os resíduos do detergente;
- Manter a temperatura ambiente confortável, sem estar demasiado aquecida ou fria. Evitar mudanças bruscas de temperatura;
- Os banhos devem ser rápidos, de água morna e não se deve esfregar a pele;
- Usar a mão para dar banho ou, se usar uma esponja, lavá-la muito bem depois do banho e deixar secar num local arejado;
- Não frequentar locais aquecidos como saunas ou banhos turcos;
- Usar um produto hidratante neutro todos os dias, depois do banho, com uma massagem suave na pele ainda húmida para favorecer a correta absorção;
- Manter as unhas da criança curtas e limpas para evitar infeções se se cocar;
- Usar protetor solar com proteção máxima e evitar a exposição direta ao sol nos dias de praia;
- Oferecer muita água para a criança se manter sempre bem hidratada, independentemente da estação do ano.