Ter muito cuidado com as visitas ao recém-nascido, é o conselho da mãe de um recém-nascido com meningite.
Com todas as suas boas intenções, alegria e demonstrações de afeto, as visitas podem, contudo, trazer perigos escondidos para o recém-nascido .
Cátia Godinho é mãe de cinco filhos, incluindo do pequeno Manuel que chegou à família em julho de 2019. Enfermeira de profissão, esta mãe é autora do blogue A Nossa Mãe é Enfermeira.
O nascimento do quinto filho, o bebé Manuel, foi difícil. O irmão gémeo do Manuel não tinha sobrevivido ao primeiro trimestre de gravidez.
Mas infelizmente as dificuldades não ficaram por aí. Acontece que após voltarem da maternidade, os pais depararam-se com outro problema. Com apenas uns dias de idade, o pequeno Manuel contraiu um vírus que lhe provocou meningite. Consequentemente, cinco dias após ter chegado a casa, o recém-nascido teve que voltar ao hospital.
Seguiram-se uns dias de grande ansiedade e sofrimento, que Cátia Godinho descreve, de forma tocante, numa publicação nas redes sociais. Felizmente tudo terminou bem e, cinco meses depois, o pequeno Manuel é um bebé saudável.
De ‘nada de especial’ a uma meningite devastadora
A autora inicia o seu relato, abordando diretamente a questão de proteger o recém-nascido. “Aproveito a nossa experiência difícil para, mais uma vez, tentar sensibilizar para um assunto tão delicado… Vamos então falar de duas das regras de ouro para proteger um recém-nascido”, começa.
“Vírus que aparentemente não são ‘nada de especial’ podem facilmente pôr um bebé recém-nascido em risco!”
As duas regras são apresentadas sob a forma de perguntas, talvez para que o leitor perceba que essas regras são realmente importantes: “Por que é que não devemos visitar um recém-nascido se estivermos doentes, mesmo que aparentemente não seja ‘nada de especial’? e “Por que não devemos dar beijinhos a um recém-nascido (a menos que seja o nosso, claro!).
“Muitas vezes, aquilo que não é ‘nada de especial’ para nós, adultos e mesmo crianças maiores, pode rapidamente tornar-se em algo bastante grave num recém-nascido”, alerta Cátia Godinho.
“No caso do Manuel não conseguimos impedir o contágio, pois os três irmãos estiveram doentes. Febre e dor de garganta durante 24 horas cada um. Aparentemente ‘nada de especial’. E no entanto, o Manuel apanhou o mesmo vírus que lhe provocou uma meningite”, explica.
“Há outros vírus que em nós apenas se manifestam numa simples constipação”
Efetivamente, o que para três crianças foi um vírus inofensivo, que não deixou sequelas, para o bebé Manuel, o mesmo vírus causou uma meningite. Cátia Godinho confirma . “Há outros vírus que em nós apenas se manifestam numa simples constipação, portanto ‘nada de especial’, e num recém-nascido ou bebé pequeno pode dar origem, por exemplo, a graves problemas respiratórios”.
Felizmente, desabafa, “a meningite do Manuel foi causada por um enterovírus, um dos menos agressivos dentro deste grupo vírico”.
Contudo, prossegue a mãe, “a meningite poderia ter sido causada por qualquer outro vírus, que se tivesse revelado bem mais perigoso para o bebé”.
Efetivamente, “um vírus que não é nada de especial num adulto mas pode ser fatal num recém-nascido”.
A verdade, lembra, é que nos esquecemos que “vírus que aparentemente não são ‘nada de especial’ podem facilmente pôr um bebé recém-nascido em risco!”
É neste contexto que “não dar beijinhos ao bebé vai também nesse sentido, mas vai ainda mais além”.
Por exemplo, o herpes é um dos vírus mais perigosos para o recém-nascido, podendo levar à morte ou a sequelas muito graves. O herpes labial pode ser contagioso, especialmente a pessoas com o sistema imunitário frágil como os recém-nascidos, mesmo sem que naquele momento haja lesão no lábio.
Neste contexto, Cátia Godinho recorda que “a grande preocupação no início foi descartar uma meningite bacteriana, e depois descartar um dos vírus mais perigosos, o herpes”. Felizmente, como mencionou acima, tratava-se de um enterovírus.
E por isso, apela, “não visitem recém-nascidos se estiverem adoentados. Não dêem beijinhos aos recém-nascidos!”
As visitas ao recém-nascido devem ser minimizadas
A enfermeira vai ainda mais longe no seu apelo: “pais, peçam claramente a quem pensa visitar-vos que não o faça se estiver doente, mesmo que não seja “nada de especial”. Tentem restringir as visitas nos primeiros tempos, e receber apenas família e amigos muito próximos”.
“Isto não são ‘modernices’ como muitas vezes se ouve, nem se trata de querer pôr o bebé numa redoma de vidro. Isto é um assunto muito sério. Isto pode ser a diferença entre a vida, a morte (ou uma vida com muitos problemas)”, justifica.
E volta a lembrar que “no nosso caso, foram os irmãos, e o contágio fica muito difícil de evitar, mas as visitas podemos facilmente controlar”.
“Familiares e amigos, tenham em consideração o perigo em que podem colocar o bebé ao ir visitá-lo se estiverem doentes. O bebé não vai casar logo na semana seguinte ao nascimento, terão com certeza muitas oportunidades de lhe mostrar todo o vosso amor sem colocar em risco a sua saúde e o seu bem estar!”, remata Cátia Godinho.