Vários profissionais compõem as equipas que atuam com os recém-nascidos e, entre eles, está o terapeuta da fala, mas é ainda uma realidade rara nos hospitais.
As equipas multidisciplinares, têm um objetivo comum: melhorar quantitativa e qualitativamente as condições de saúde dos recém-nascidos no período de hospitalização, procurando tanto a diminuição da mortalidade quanto da morbidade.
Ultrapassar as dificuldades alimentares do recém-nascido
A alimentação é considerada como um dos entraves à evolução clínica dos neonatos de risco. A permanência do uso da sonda por muito tempo diminui a experiência de sucção e maturação dos reflexos orais que ainda se encontram muito primitivos em função da prematuridade ou lesão neurológica.
A orientação por outras vias pode causar pouca ou nenhuma experiência sensório-motora-oral e dificultar posteriormente a introdução da dieta via oral, o ganho de peso e o alimento materno.
A desnutrição precoce em neonatos prematuros resulta de um decréscimo do número e tamanho das células cerebrais. Para alimentar-se o recém-nascido necessita de integridade neurológica e desenvolvimento motor-oral e global adequados.
O terapeuta da fala atua junto aos recém-nascidos com alterações das funções de sucção e deglutição, não só com os de risco, mas também com neonatos a termo.
Para avaliação em terapia da fala devem ser encaminhados os recém-nascidos que apresentem incoordenação ao sugar, deglutir e respirar, sucção sem ritmo, apneia e/ou queda de saturação durante a alimentação, refluxo gastroesofágico, episódios de tosse durante ou imediatamente após a deglutição e utilização de sonda gástrica.
Na avaliação são observados os reflexos orais, comportamentos motores, anatomia e morfologia do sistema sensório-motor-oral e padrão das funções de sucção, deglutição e respiração.
A intervenção do terapeuta da fala é realizada quando o recém-nascido está a receber a alimentação exclusivamente por sonda gástrica, de forma mista (sonda e via oral) ou apenas por via oral (copo ou seio materno).
Várias técnicas são desenvolvidas conforme o quadro clínico e necessidades do neonato, mas a estimulação oral por meio da sucção não nutritiva é a via mais preconizada.
As condições motoras-orais como o ritmo de sucção e a coordenação entre as funções envolvidas na alimentação são fatores fundamentais na observação dos recém-nascidos com sondas gástricas e/ou dificuldades na dieta via oral.