Há dias o meu telemóvel tocou. Era um número desconhecido pelo que fiz a minha voz mais séria, adivinhando um contacto profissional. Do outro lado respondeu-me a senhora assertividade.
Do alto dos seus 9 anos, a pessoa da minha filha informou-me: “Mamã, estou a ligar do telemóvel da Maria. Era só para te lembrar que tens de marcar as senhas de almoço na Internet. Beijinhos. Adeus”. Saiu-me apenas um “mas quem é a Maria?!”…
A minha filha deve ser das poucas meninas daquela escola que não carrega um telemóvel no bolso ou que não tem um perfil no Facebook.
Porventura, também deve ser das poucas que me dirige olhares fulminantes e por vezes palavras amargas. Argumentos como “mas as minhas amigas têm” ou “as mães delas deixam”, fazem-me recuar no tempo em que, também eu, batia com a porta do quarto e achava que era a jovem mais injustiçada do mundo.
Apenas hoje, reconheço o bem de todos os “nãos” que ouvi. Só esse conhecimento me faz ter a serenidade necessária para ser a mãe tirana que tenho de ser. Porque acredito que, em criança, deve-se ser isso mesmo: criança. O resto… que venha devagar, muito devagar… com o tempo.