Aquando do curso de preparação para o parto, numa das aulas, alguém colocou uma dúvida (da qual já não me recordo) sobre a mudança da fralda e os cocós. A enfermeira no meio da sua resposta declarou com convicção “o cocó dos nossos filhos cheira a rosas!”, e eu pensei cá para mim “que disparate, a rosas não cheirará concerteza!”. E não é que cheira mesmo, a rosas!
O Lourenço, senhor dos seus (quase, quase) dez meses ensinou-me a maior lição da minha vida (confere que sou jovem, mas que importa o detalhe?), tão pequenino me furou este coração duro e cerrado e me ensinou a amar numa dimensão que eu nunca pensei que pudesse sequer existir.
Bem tento fugir aos clichés, que odeio de morte, mas os danados correm atrás de mim a uma velocidade estupenda, que estão mais bem treinados do que eu, e vai-se a ver e a velha e aborrecida cantiga do amor-de-mãe-é-incondicional é mesmo verdade. Mas então e as rosas e os cocós? Pois bem, acordar à noite (é coisa que, felizmente, não acontece tantas vezes quanto isso, mas sempre calha!) é mauzinho, ver o Lourenço doente é agoniante, ver o tempo a voar, a lista de tarefas a aumentar e o Lourenço a monopolizar a minha atenção é gritante.
Maaaas todos estes cocós, meus amigos, digo-vos eu, que já sou mãe há (quase, quase) dez meses, têm o perfume de rosas! E perfumadas as tarefas são mais ligeiras.
O Lourenço, quando nasceu, como qualquer recém nascido, não fazia grande coisa. Era (e é, entenda-se) lindo de morrer, está certo. Mas muito quietinho (e chorão, muito chorão também!). Tem sido espantoso ver como o bebé se tem desenvolvido a uma velocidade ainda maior do que aquela com que os clichés correm atrás de mim.
É espantoso participar em cada pequena conquista e assistir como a vontade e determinação da criatura o levam mais longe. Começou por rebolar e eu dancei o vira, aprendeu a sentar-se e eu atirei foguetes, levantou-se e eu fiquei fora de mim, e agora, aprende a caminhar, não sei que faça à minha vida. Por enquanto treina o equilíbrio, mas eu estou com fé! Força Lourenço, força nas canetas, a mãe ajuda, para a frente é que é o caminho.
Se assistir e participar em primeira linha na formação, educação e aprendizagem de um filho não perfuma a vida, então não sei o que perfumará. Como era, afinal, a nossa vida antes da existência deste bombom? Esta é a minha (e nossa também, que o pai é fundamental nesta história) missão mais feliz.