Frutas e iogurtes na base dos 50% nos lanches das crianças
Frutas e iogurtes ainda estão na base dos 50% quando as mães compõe as lancheiras dos seus filhos.
Inquérito a 265 mães em Lisboa e Porto revela boas e más notícias. Há mais preocupação com a hidratação mas 75% das mães tem como principal critério as preferências alimentares dos miúdos e 60% o consumo rápido e prático. Apenas 16% se preocupa que sejam alimentos com baixo teor energético.
O regresso ao trabalho e o início do ano escolar trazem sempre as preocupações habituais aos pais e aos filhos, nomeadamente no que diz respeito à alimentação. O programa “1 Iogurte Por Dia” foi tentar perceber como são os hábitos das mães e dos seus filhos no que toca aos lanches da manhã e da tarde.
Os inquéritos foram feitos na zona de Lisboa e Porto a 265 mães com filhos com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos. Os resultados? Alguns são positivos mas, pelos números, percebe-se que ainda há muito para fazer.
Comecemos pelos hábitos das mães
Das inquiridas, a esmagadora maioria (94%) prepara os seus lanches em casa, sendo que apenas 66% admite fazer dois lanches por dia, o da manhã e da tarde. Esta situação pode, em alguns casos, implicar períodos de jejum demasiado extensos durante o dia, que podem prejudicar os níveis de energia e humor dos adultos.
Os especialistas recomendam que se façam refeições aproximadamente de 3 em 3 horas, de forma a manter o organismo nutrido e equilibrado.
Para justificar o hábito de preparar os seus snacks em casa, 63,2% aponta que o faz por questões de preferências alimentares, enquanto 41,3% diz fazê-lo por serem um consumo prático e rápido.
O pão é um dos alimentos consumidos com maior regularidade nos seus lanches (80%), sendo o queijo (24%) e a charcutaria (17%) as escolhas preferenciais para o recheio do mesmo.
Para Zélia Santos, Presidente da Associação Portuguesa de Dietistas e membro do Conselho Executivo do Movimento 2020 “o que preocupa não é o facto de comerem pão, mas sim a quantidade e tipo de pão que consomem, bem como o que colocam dentro do mesmo.
De preferência o pão deverá ser integral ou de mistura (com cerca de 50 gramas), utilizando como recheio queijo fresco ou queijos magros, fiambre de aves, cremes de barrar de origem vegetal ou, remetendo para a Dieta Mediterrânica, azeite e ervas aromáticas.
No que respeita aos alimentos que se colocam no pão, há que ter atenção às opções demasiado ricas em sal e gorduras saturadas ou hidrogenadas, como os produtos de charcutaria clássicos e os queijos gordos, por exemplo.
A água e a fruta lideram o ranking dos alimentos mais consumidos no lanche, sendo estas boas notícias, com 86,2% e 79,% respetivamente. Contudo, apenas 57% das inquiridas refere consumir iogurtes. Um estudo epidemiológico recente da Universidade de Navarra conclui que o consumo de iogurte (pelo menos um iogurte por dia) está associado a um menor risco de desenvolvimento de excesso de peso ou obesidade.
Esta redução parece intensificar-se quando se concilia o consumo de iogurte ao de fruta, pelo que o iogurte pode desempenhar um papel importante na prevenção do excesso de peso ou obesidade, especialmente quando associado a padrões de alimentação saudável.
Salgados como rissóis ou croquetes, chocolates e refrigerantes, não são referidos como snacks habituais. Além disso, 84% das inquiridas admite nunca consumir gelatinas, tostas integrais ou bolo caseiro.
Segundo Zélia Santos “estes valores são animadores, no sentido em que demonstram haver uma alteração de hábitos alimentares em relação ao que se verificava há alguns anos. No entanto, pela experiência dos profissionais de dietética e nutrição, verifica-se que, infelizmente, ainda é comum encontrar pacientes que se refugiam nestes alimentos para garantir os seus lanches, principalmente quando referem não os preparar com antecedência.
Há que lembrar que estas são opções ricas em açúcares de absorção rápida e em gorduras saturadas e/ou hidrogenadas, cujo efeito é nocivo para a saúde, quer ao nível da gestão do peso, quer ao nível cardiovascular.
Apesar do ritmo diário a que todos somos sujeitos nos dias de hoje, há que apostar no planeamento dos lanches, nem que seja de véspera, de forma a garantir que a sua preparação não falha por não haver tempo de manhã”.
Falemos agora dos filhos
Quando inquiridas sobre as suas crianças, denota-se já uma grande mudança no que diz respeito ao snacking, o que comprova que o trabalho de educação alimentar desenvolvido ao longo dos últimos anos em diversas campanhas tem dado resultados. Mesmo assim, este é um trabalho que deve continuar a ser feito junto de mães e filhos, pois ainda há hábitos a consolidar.
Neste estudo, o programa “1 Iogurte por Dia” detetou alguns números que, devem ainda ser alterados nos hábitos das crianças. Efectivamente, das mães inquiridas, 82% admite enviar o lanche da manhã e da tarde aos seus filhos, sendo estes valores bastante positivos se tivermos em consideração que assim se diminui a possibilidade de, por impulso, as crianças comerem outros alimentos (nomeadamente, produtos de pastelaria, entre outros) pouco saudáveis ao lanche.
No entanto, ao compor os lanches dos filhos, 75% das mães tem como principal critério as preferências alimentares dos miúdos e 60% o consumo rápido e prático.
Apenas 16% se preocupa que sejam alimentos com baixo teor energético. Há que ter muito cuidado com estes dados: segundo Zélia Santos “as preferências das crianças são normalmente ligadas ao sabor, pelo que caberá aos pais o papel de educador alimentar; é essencial que, no momento da composição das lancheiras, se tenha muita atenção aos valores nutricionais dos alimentos”.
Por outro lado, o consumo de alimentos “rápidos e práticos” também tem os seus perigos, uma vez que, a ele, geralmente se associam produtos com teores elevados em açúcares de absorção rápida e gorduras saturadas e/ou hidrogenadas.
Zélia Santos afirma também que “a grande maioria das crianças esquece-se de beber água durante o dia, pois nos intervalos a brincadeira vem em primeiro lugar; mas a verdade é que com as brincadeiras e correrias libertam água que têm de repor”. Por isso, é com satisfação que no inquérito se percebe que 81,5% das mães envia regularmente água na mochila.
Nas preferências para a composição dos lanches, depois da água, o pão ocupa o segundo lugar (69%), seguido da fruta (57%), o leite com 43% e por fim o iogurte, com apenas 40%. Inclusivamente, dos produtos ocasionalmente colocados nos lanches, o iogurte aparece abaixo dos sumos de fruta, queijo e bolachas ou biscoitos.
A lancheira ideal
Se pensarmos numa lancheira ideal, ela dever ser composta por alimentos que garantam o consumo dos vários nutrientes, devendo conter pão ou um alimento equivalente, fruta ou legumes e um lacticínio, pelo que analisados à lupa, estes valores ainda devem ser alvo de mudanças significativas, uma vez que a fruta e o iogurte ainda estão na base dos 50%.
As mães admitem ainda outras opções que incluem algumas vezes nas lancheiras, como as bolachas ou biscoitos, manteiga ou creme de barrar para o pão e sumos de fruta.
Segundo Zélia Santos “providenciar às crianças uma lancheira completa é essencial para se promoverem bons hábitos alimentares. Nunca deve esquecer que deve incluir pão ou uma opção equivalente, fruta ou legumes e um lacticínio na lancheira do seu filho.
Ter em conta as preferências das crianças é fundamental, mas há-que também promover a introdução de novos alimentos, que lhes permita conhecer novos sabores e manterem-se mais dispostos a adoptar uma alimentação saudável e equilibrada.
Não esqueça que as bolachas e os biscoitos são opções perigosas, por conterem teores de açúcar e, por vezes, de gorduras hidrogenadas demasiado elevados, contribuindo para o excesso de peso e obesidade.
Em relação aos sumos de fruta, há que garantir que o teor em açúcares dos mesmos se encontra dentro dos valores recomendados, uma vez que é comum este tipo de bebida conter muito açúcar adicionado. O consumo de leite é altamente desejável nesta faixa etária, mas há que frisar que se deve optar por leite natural ao invés do leite achocolatado, uma vez que, na maioria das marcas, a última opção é demasiado rica em açúcar.”
E como não são um hábito na alimentação das mães, seria também de esperar que tostas integrais, gelatinas ou bolos caseiros não fizessem parte dos lanches das crianças.
Sobre o Programa “1 Iogurte Por Dia”
O Programa “1 Iogurte Por Dia“, da responsabilidade da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto e Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, pretende mostrar que o Iogurte é uma excelente e equilibrada opção para o lanche, em alternativa a outras opções menos equilibradas do ponto de vista nutricional e nem sempre mais económicas. É um alimento equilibrado e fornece muitos nutrientes essenciais.
Além disso, o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção Geral da Saúde considera o consumo diário de iogurte e de lacticínios com teores reduzidos de gordura importantes para a obtenção de uma alimentação equilibrada, quando integrados numa alimentação saudável e diversificada.
É também parceiro do programa de saúde alimentar Movimento 2020. Saiba mais em www.1iogurtepordia.com.