As crianças e os adolescentes registam o consumo mais elevado de açúcar em Portugal. Esta é uma das conclusões de um estudo conduzido por investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.
O estudo foi baseado na análise de dados recolhidos do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, realizado em 2015-2016.
“As crianças dos 5 aos 9 anos consomem 50 gramas diários de açúcares livres, um valor que sobe para os 53 gramas nas crianças e adolescentes dos 10 aos 17 anos”.
Segundo uma notícia publicada no site da Universidade do Porto, Ana Rita Marinho, líder do estudo, explicou que o objetivo foi “perceber qual é o consumo de açúcares dos portugueses, quais são os alimentos que mais contribuem para esse consumo e que fatores podem estar a interferir para a sua maior ingestão em determinados grupos”.
Segundo a mesma notícia, as crianças em idade escolar (dos 5 aos 9 anos) e os adolescentes, com idades compreendidas entre os 10 e os 17 anos, são os grupos populacionais que consomem mais açúcar em Portugal.
“Cerca de 50% dos participantes nestas idades ingerem quantidades de açúcares livres superiores aos recomendados pela OMS”.
Os resultados da investigação foram baseados no consumo de açúcares por 5811 indivíduos, com idades entre os três meses e os 84 anos. Os investigadores analisaram, entre outros, o consumo total de açúcares e o consumo diário de açúcares livres. O conceito de açúcares livres engloba o açúcar que é adicionado aos alimentos por consumidores ou fabricantes e também os açúcares naturalmente presentes no mel, xaropes, sumos de fruta e concentrados de sumos de fruta.
Crianças portuguesas consomem alimentos com açúcar a mais
Foi apurado que os portugueses consumem uma média diária de 84 gramas de açúcares totais e 35 gramas de açúcares livres.
Os resultados são mais preocupantes nas crianças e adolescentes. Com efeito, as crianças dos 5 aos 9 anos consomem 50 gramas diários de açúcares livres, e um valor que sobe para os 53 gramas nas crianças e adolescentes dos 10 aos 17 anos. É de realçar que cerca de 50% dos participantes nestas idades ingerem quantidades de açúcares livres superiores aos recomendados pela OMS.
E os doces venenos são…
Como já deve ter adivinhado, os refrigerantes, os doces, os iogurtes, os cereais de pequeno-almoço, os bolos e bolachas são os maiores responsáveis pelo consumo excessivo de açúcar nas crianças e jovem portugueses.
A investigação apurou ainda que as crianças com pais mais escolarizados ingerem menos açúcares livres. O mesmo se verificou nos adultos que praticam exercício físico regularmente. Já os indivíduos que têm estilos de vida menos saudáveis, consomem mais açúcares livres.
“O conceito de açúcares livres engloba o açúcar que é adicionado aos alimentos por consumidores ou fabricantes e também os açúcares naturalmente presentes no mel, xaropes, sumos de fruta e concentrados de sumos de fruta”.
E as conhecidas consequências do consumo exagerado e açúcar.
Como se sabe, o consumo exagerado de açúcar pode causar um maior risco de cáries dentárias. Outra das consequências é o excesso de peso. Isto leva ao desenvolvimento de doenças como obesidade e diabetes. Segundo o estudo, a obesidade atingia em 2015/16 22,3% da população.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma ingestão de açúcares livres inferior a 10% do valor energético diário.
Adotar novas estratégias de saúde pública e mudar hábitos alimentares
“Limitar os consumos, a disponibilidade de alimentos, taxar certos produtos (…) educar a população, ajudando-a a fazer escolhas alimentares mais saudáveis”.
Segundo a notícia da Universidade do Porto, Ana Rita Marinho, considera que os resultados do estudo são relevantes para diferentes públicos. “Por um lado, a informação encontrada é útil aos decisores políticos, para que tenham evidência que ajude a delinear estratégias de saúde pública que possam, por exemplo, limitar os consumos, a disponibilidade de alimentos, taxar certos produtos e, ainda, perceber a eficácia das medidas implementadas. É igualmente útil a profissionais de saúde, para que conheçam os alimentos que mais contribuem e os principais grupos de risco e consigam, do ponto de vista clínico, perceber que linhas de ação podem adotar. Em última instância, é importante para educar a população, ajudando-a a fazer escolhas alimentares mais saudáveis”.
Os resultados do relatório podem ser consultados aqui.