O seu bebé começou a diversificação alimentar! Está a crescer! Esta é mais uma fase importante na vida do seu filho que deve viver com calma, entusiasmo e de forma saudável.
Para tal, hoje esperámos ajudar e esclarecer um ponto muito temido pelos pais e que pode ocorrer durante este período: a rejeição de novos alimentos.
Um novo mundo para o seu bebé…
Em primeiro lugar, é importante que se lembre que nesta fase o seu filho vai conhecer todo um “novo mundo”. Apesar de o bebé já ter contactado com diferentes sabores durante a gestação e a amamentação, que têm um papel central na aceitação de novos alimentos (e daí a importância da alimentação da mãe ser diversificada), esta é sempre uma nova experiência.
Assim, e tal como irá acontecer mais tarde na escola, por exemplo, deverá perceber que cada criança tem o seu ritmo para aprender.
Surpresa é diferente de não gostar…
O seu bebé provavelmente vai ter expressões faciais diferentes quando provar um alimento pela primeira vez. Não pense de imediato que é um sinal de que não gosta! Muitas vezes estas reações são apenas de surpresa pelo sabor novo que lhe era desconhecido e, como tal, perfeitamente normais.
O bebé tem uma preferência inata para o doce e uma aversão ao amargo, que são os únicos sabores que reconhecemos à nascença. Desta forma, é normal que o bebé aceite os alimentos de forma diferente: será mais fácil aceitar alimentos adocicados, como a papa de cereais e de fruta e também será mais normal que rejeite alimentos não doces, como por exemplo os vegetais e a sopa.
De notar, que apesar disto não deve deixar de estimular precocemente a aceitação do sabor amargo, que vai então condicionar a aceitação dos alimentos como os vegetais, o que se revela essencial para uma alimentação saudável.
Adicionalmente, os sabores ácido (por exemplo de algumas frutas) e o salgado (não inatos) só se desenvolvem a partir do 6º mês de vida, variando de bebé para bebé, condicionando assim facilidade em aceitar mais precocemente uns alimentos do que outros.
A maturação é importante…
O bebé tem um reflexo normal denominado extrusão, que leva a que rejeite todos os alimentos que lhe são colocados na parte anterior da língua. Este reflexo tende a desaparecer por volta dos 4–5 meses, e que como tal pode ainda estar presente quando o bebé inicia a diversificação alimentar.
Assim é importante que os pais percebem que o facto de o bebé “cuspir” a sopa, pode não significar que não gosta ou não quer, mas que simplesmente ainda não adquiriu a maturidade necessária para tal e que a introdução deve ser mais lenta e progressiva.
Não desistir…
Vários estudos têm mostrado a necessidade de tentar cerca de 8 a 10 vezes (com alguns dias de intervalo) até poder afirmar com alguma certeza que o seu bebé não gosta de determinado alimento (e que não é apenas uma reação a algo novo).
Contudo, e como certamente já aconteceu consigo ao longo da vida, as preferências mudam com o decorrer da idade e poderá sempre voltar a experimentar esse alimento alguns meses mais tarde. A capacidade de aceitação de um novo sabor vai aumentando com o treino desse mesmo sabor.
Na prática do dia-a-dia…
Promova a variedade: a oferta de uma maior variedade de alimentos, dentro das orientações, na fase inicial da diversificação alimentar está relacionada com uma maior aceitação de novos sabores / alimentos pela criança.
Existem, de facto, bebés que são menos recetivos a novos sabores. Neste caso poderá experimentar oferecer um alimento novo juntamente com outro que já lhe é familiar.
Contudo, é importante que perceba que isto é diferente de “esconder o alimento”. De uma forma prática, por exemplo, isto implica introduzir uma colher de puré manga depois de ter dado uma colher de puré de maçã (que neste caso o bebé comia) e não misturar e esconder um pouco de manga dentro de um puré de maçã.
Uma das opções para esta fase de aprendizagem é oferecer sopa / puré de vegetais uma vez por dia, utilizando um vegetal diferente todos os dias durante 5 dias, e depois voltar para o primeiro novamente. Manter este esquema aproximadamente durante 2 semanas e, em seguida ir introduzindo novos sabores.
Se o seu bebé recusar repetidamente numa mesma refeição a comida (isto é, não chegar a abrir a boca e realmente a comer), não insista e tente novamente esse alimento passados uns dias. Isto vai fazer com que a criança não crie uma aversão àquele alimento em especifico.
É muito importante que respeite os sinais de fome e também de saciedade do bebé. Muitas vezes, a rejeição pode ser apenas por já terem comido o suficiente nessa refeição ou por ainda estarem saciados da refeição anterior.
Na introdução de um novo alimento, comece com pequenas quantidades. Se preparar grande quantidades muito provavelmente o bebé não vai comer tudo, não por não gostar, mas porque está saciado e não há razão para que os pais fiquem preocupados ou ansiosos.
Consulte os seus profissionais de saúde…
Ainda que a rejeição seja perfeitamente normal na fase de aprendizagem e diversificação alimentar, se achar que efetivamente esta é demasiado marcada, é importante que consulte o seu profissional de saúde.
Desta forma poderá avaliar a existência ou não de alguma causa orgânica para a recusa alimentar (refluxo gastroesofágico, problemas na motilidade intestinal,…) e diminuir a ansiedade dos pais e dos cuidadores que têm, também, uma peso importante neste processo.
Bibliografia:Guerra A, Rêgo C, Silva D, Ferreira G, Mansilha H, Antunes H, et al. Alimentação e Nutrição do Lactente. Acta Pediátrica Portuguesa. 2012(2012:43(2):S17-S40); Rodrigo Abreu. O Grande Livro da Alimentação Infantil. Do período pré-natal aos 5 anos. Esfera dos Livros. 2009; Dietz W, Stern L. Nutrition: what every parents needs to know. American Academy of Pediatrics. 2nd ed. 2011