Pais com mais do que um filho já experienciaram, em algum momento, conflitos entre irmãos. Estas desavenças são naturais e acontecem mesmo em relações saudáveis, onde não falta amor e compreensão um pelo outro. No entanto, em caso de persistência, estas rivalidades podem gerar emoções negativas, como agressividade, ansiedade e tristeza, sendo difícil para as crianças lidarem com estes sentimentos.
Para além disso, estas pequenas disputas são, também, complicadas para os próprios pais. Quantos de nós já ficamos irritados e frustrados perante uma rixa entre os nossos filhos? É importante saber como lidar de forma tranquila com estas situações para voltar a restabelecer um ambiente familiar equilibrado e saudável e, acima de tudo, ajudar as crianças a lidar e interpretar as suas próprias emoções.
Principais motivos dos conflitos entre irmãos
- Idade e fase de desenvolvimento
A diferença de idades entre os irmãos é uma das principais causas dos desentendimentos. A fase de desenvolvimento da criança influencia a forma como interpreta e reage a diversas situações e, consequentemente, como lida com o próximo.
- Competição e ciúmes
O nascimento de um irmão pode gerar ciúmes. Dependendo da idade, há crianças que não têm perceção do que tal significa e não compreendem o porquê de os pais darem mais atenção ao bebé e questionam a atitude protetora perante o novo membro da família. Apesar de ser um acontecimento marcante para a família, é preciso preparar o filho mais velho para as mudanças que vão surgir na dinâmica da casa e da relação, de forma a evitar emoções menos positivas, como egoísmo, ciúmes e competição pela atenção dos pais.
- Personalidades distintas
Tal como acontece com os adultos, todas as crianças têm personalidades e temperamentos diferentes. Muitas vezes, a incompreensão relativamente ao feitio do outro, gera conflitos (e, muitas vezes, sem razão aparente).
- Falta de privacidade
A partir de certa idade, é normal as crianças e jovens adultos pretenderem estar mais tempo a sós, exigindo o seu espaço e privacidade – o que acontece, normalmente, em adolescentes e entre irmãos com uma maior diferença de idades. A invasão do espaço pelos irmãos mais novos é, frequentemente, vista como um desrespeito, o que leva a zangas.
- Repetição de comportamentos dos adultos
Como sabemos, as crianças imitam o comportamento dos pais e de outros adultos. Por isso, se forem expostos a atitudes e ambientes mais conflituosos, há uma tendência para assimilar e replicar esse comportamento dentro e fora da esfera familiar.
6 dicas
Como é que podemos ajudar as crianças a gerir as suas emoções para que possam alterar o seu comportamento e, assim, evitar conflitos? A Mãe-me-Quer falou com o Evandro e a Sandra, fundadores do Projeto Super Pais, para partilharem algumas dicas:
1. Dedicar à criança o seu tempo “de corpo e alma”
Construa relações de confiança e vínculos fortes ao dedicar-se de “corpo e alma” aos seus filhos. As crianças vão adorar ser o centro da atenção e sentir-se importantes. Os últimos estudos revelam que uma boa relação entre pais e filhos é um dos fatores mais importantes para o progresso dos mais pequenos no contexto social.
2. Estimule os seus filhos a falar sobre os seus sentimentos
A partir do momento em que conseguem exprimir os seus sentimentos, torna-se tudo mais fácil. Porém, as crianças mais pequenas não têm esse hábito e pensam que sentimentos de raiva ou ciúmes não são permitidos. Reconheça as emoções do seu filho para passar a mensagem que compreende como é difícil a situação pela qual está a passar e assegure que pode sempre falar consigo.
3. Quando um dos seus filhos bater no irmão, vá primeiro ter com o agredido
É normal que sinta uma necessidade urgente de reprimir a criança que agride. Porém, a criança que precisa de si nesse momento é que está magoada. Pode falar com o agressor mais tarde, com calma e serenidade, pois sabemos que, no primeiro momento, há uma grande vontade de o castigar – é quando a frustração dos pais fala mais alto. Como não queremos tal desfecho, é importante ajudar a criança a lidar com os seus sentimentos, o que significa que deve observar a situação a partir da perspetiva dele, e não vê-lo como o inimigo.
4. Ajude a criança a passar da raiva para as lágrimas e para o medo (a causa do seu comportamento)
Depois de se certificar que o outro filho está bem, o seu objetivo será de ajudar a criança que agrediu a explicar o porquê do seu comportamento (por exemplo, bater no irmão). A boa notícia sobre as emoções humanas é que, quando nos sentimos na presença segura de alguém que demonstra que nos compreende, começamos a baixar a guarda e surge espaço e capacidade para interpretarmos o que estamos a sentir. Por isso, aproxime-se da criança, desca ao seu nível, olhe-o nos olhos e inicie um diálogo traquilo.
5. Valorize as boas ações do seu filho
Repare em tudo o que o seu filho faz de positivo, especialmente (mas não só) em relação ao irmão mais novo, como por exemplo: “Quando emprestaste o teu brinquedo novo ao mano, ele ficou muito feliz” / “Estás a ser um bom irmão” / “O bebé ri-se mais contigo do que com qualquer outra pessoa”. Ele acha-te maravilhoso”.
6. Estimule a boa relação entre os irmãos
Façam jogos em que, por exemplo, os filhos formem uma equipa; criem em conjunto uma espécie de album com fotos das crianças a divertiram-se juntas e promovam-no regularmente em atividades familiares; encoraje-os a fazerem desenhos um para o outro; ajude-os a fazer ou comprar pequenos presentes para oferecem.