As novas tecnologias e a criança. Qual a realidade?
A revista Time publicou recentemente um artigo sobre o uso das novas tecnologias em bebés com 6 meses de idade.
Segundo um estudo realizado com 370 pais, concluiu-se que mais de um terço das crianças com idade inferior a 1 ano de idade utilizam um dispositivo eletrónico como um smartphone ou um tablet.
De acordo com as respostas das famílias, 52% das crianças com idade inferior a 1 ano via televisão e 36% das crianças já tinha tocado ou explorado um ecrã tátil.
Outra questão abordada neste estudo prende-se com a quantidade de tempo associada ao uso dos dispositivos eletrónicos.
A Academia Americana de Pediatria desaprova o uso de televisão e de outros dispositivos em crianças com idades inferiores a 2 anos de idade. Neste caso, e como em muitas outras situações, o problema está na grande quantidade de tempo e na utilização excessiva destes recursos pela criança.
Atualmente, as crianças passam em média 8 horas por dia em contacto com dispositivos eletrónicos (computador, televisão, telemóvel, entre outros).
Os estudos mostram que o uso excessivo de novas tecnologias pode originar futuramente problemas de atenção, dificuldades na escola, alterações ao nível do sono e da alimentação, e obesidade.
E qual a relação do uso de dispositivos eletrónicos e a aquisição e o desenvolvimento da linguagem na criança?
Antes dos 2 anos de idade, como já foi referido, o uso não é recomendado. Após esta idade, o problema não está no uso, mas sim no uso excessivo.
De acordo com a terapeuta da fala Judith L. Page, presidente da American SpeechLanguage-Hearing Association, o uso excessivo das novas tecnologias está a refletir-se num contacto e uso diminuído da comunicação e interação entre as pessoas.
O que acontece quando nós estamos a utilizar dispositivos eletrónicos?
Muitas vezes, estamos de cabeça baixa a olhar para o ecrã e com fones postos nos ouvidos. O mesmo acontece com a criança que, “imersa” no seu jogo, não tem necessidade de olhar para o outro, falar e conversar!
Os primeiros anos de vida da criança correspondem ao período de maior plasticidade neurológica e cerebral. Portanto, é neste período que a criança deverá ter experiências e oportunidades variadas para desenvolver competências a todos os níveis, nomeadamente ao nível da comunicação, linguagem e fala. E, neste caso, um dispositivo eletrónico não pode substituir uma pessoa!
Assim sendo, tendo em vista um uso adequado destes recursos no dia-a-dia da criança e das famílias, a Academia Americana de Pediatria descreve as seguintes recomendações:
- Em crianças com menos de 2 anos de idade, o uso de televisão e outros dispositivos eletrónicos deve ser evitado.
- As crianças podem ter contacto com dispositivos eletrónicos não mais do que 1 a 2 horas por dia, assegurando que o conteúdo dos programas e jogos são apropriados e adequados à idade e nível de desenvolvimento da criança.
- Criar espaços em casa que sejam “zonas livres de ecrãs“, assegurando que não há televisões, computadores ou videojogos no quarto da criança.
- Desligar a televisão à hora da refeição.
- Criar oportunidades para a criança brincar em casa, brincar ao ar livre, correr, saltar, explorar, descobrir, criar, imaginar e, nunca é demais dizer: brincar!!!
Adaptado de:
- http://time.com/3834978/babies-use-devices/?xid=newsletter-brief
- https://www.aap.org/en-us/advocacy-and-policy/aap-healthinitiatives/pages/media-and-children.aspx
- http://www.usatoday.com/story/opinion/2015/05/08/technology-babiesspeech-development-toddler-column/70940608/