O Covid-19 atingiu-nos a todos com uma intensidade brutal e desconcertante.
Atingiu as nossas rotinas, as dinâmicas familiares, as nossas escolhas (ou possibilidade de as ter).
Colocou-nos a todos em isolamento social, uma medida tomada pelo bem da comunidade na contenção deste flagelo.
Nesta realidade, muitas são as famílias que se vêm privadas das atividades que antes tinham e lhes davam prazer e sentido, como os passeios no parque ou as brincadeiras na praia.
Muitas delas viram-se, de repente, confinadas ao espaço da sua casa, sem um tempo substancial para se prepararem, estruturarem ou preverem os tempos em que iriam viver nesse estado.
A nossa sociedade habitou-nos a ter muitas opções, muitas escolhas e muitas atividades que nos permitam desfrutar do tempo em família. Neste contexto pode ser doloroso a ausência de grande parte delas enquanto dura este período de isolamento, instalando-se o tédio e a ansiedade provocado pelo confinamento e polvilhado por sensações como a inutilidade ou angústia.
Assim, em tempos duros como são os que estamos a atravessar, gerir a quantidade de opções que temos à disposição pode ser um fator importante, capacitando a nossa capacidade de foco com aquilo que temos em mão no momento presente.
O que é que isto quer dizer? – a par das atividades diárias que a família tem, reduzir a exposição aos estímulos múltiplos pode ser importante.
Se a família está a jogar um jogo, a televisão deve estar desligada. Se estão a ver um filme na televisão, o telemóvel não deve estar a ser usado. Se estão a ler uma história evite ruídos de fundo.
Concentre a sua atenção numa tarefa específica, evitando que a sua mente se disperse em vários processos que estão a acontecer.
Este exercício pode parecer difícil de aplicar nos primeiros tempos, mas pode trazer um importante alívio à medida que é treinado e introduzido na rotina de cada um.
Os nossos cérebros estão habituados ao tão afamado “multi-tasking” consequência da sociedade em que vivemos com os estímulos constantes.
Isto não quer dizer que o “one-tasking” seja menos saudável, muito pelo contrário. Em situações extremas, a nossa atenção e a canalização da mesma é concentrada no objecto específico.
Se estivermos a ser atacados por um animal, não reparamos na cor das flores que estão no resto do bosque, pois não?
E numa situação como a que vivemos em que os estímulos e as opções para ocupar o tempo podem ser escassas, eliminar distrações ou tarefas múltiplas pode ser um fator que contribua para a redução do mal-estar psicológico.
Por isso, se em isolamento a ansiedade se começar a instalar, utilize esta técnica, tentando focar toda sua atenção na tarefa que está à sua frente, tentando eliminar (se conseguir) todas as restantes.
O tempo em períodos destes têm a tendência em passar mais lentamente.
Se focar toda sua atenção no momento presente, tendencialmente evita o aparecimento de pensamentos sobre o futuro, sobre o fim da quarentena ou sobre a pandemia que nos atinge hoje em dia.