Qualquer pai ou mãe que se preze cuida e protege o seu filho dos inúmeros perigos a que ele se pode expor.
Este instinto tão vincado da nossa espécie, faz parte de uma parentalidade consciente e pode ser um bom indicador de um progenitor responsável e afeto à sua “cria”.
É obrigação de todos protegermos as crianças que já de si são frágeis e precisam de um apoio próximo e presente.
Mas afinal proteger a criança só traz vantagens ou trará contrariedades?
Pegando num ditado comum que nos diz que “o que é demais é exagero”, de vez em quando a mãe superprotetora lá faz a sua aparição.
O problema surge quando essa proteção inerente ao papel de progenitor se transforma em superproteção. E nesse sentido o desenvolvimento pode sair prejudicado.
Com várias designações que vão desde os pais helicóptero a mãe agenda, a superproteção assume várias formas e encontra espaço em várias áreas da vida da criança, muitas vezes impedindo que esta se exponha a situações que a podem fazer (também) crescer.
Um pai ou mãe superprotetor(a) pode prejudicar, entre outros, a autonomia da criança, a sua tomada de decisão ou a resistência à frustração.
Ao evitar que a criança se exponha a um determinado número de situações e consequentemente que as experiencie, este evitamento pode estar a impedir que ela cresça e se desenvolva em áreas que também são importantes.
Se por um lado ir a casa de uns amigos brincar a pode colocar em risco, por outro o trabalho da autonomia pode sair favorecido com uma atividade desse âmbito.
Se brincar na rua pode ser perigoso, por outro, o sentido de responsabilidade pode sair desenvolvido.
Então onde estará o equilíbrio entre o proteger e o proteger de mais?
Depende muito da criança e da dinâmica familiar. Um bom indicador será a confiança que deposita nela e que acredita que não se colocará, de livre vontade, em risco. É claro que isto não se a aplica a todas as situações nem em todas as atividades. O discernimento é um fator importante a ter em conta.
O objetivo é que essa promoção de autonomia seja gradual, começando preferencialmente por situações de pouco risco, muitas vezes com o domínio das variáveis mais apertado, mas que permitam que ela tenha a possibilidade de tomar decisões por ela e que não sejam os pais a fazê-lo.
Se a saída em casa dos amigos preocupa os pais mas a criança tem o desejo de ir, é uma atividade que pode perfeitamente ser preparada com tempo e antecedência, prevendo potenciais riscos se for o caso.
Também a brincadeira na rua (hoje em dia menos comum, infelizmente, do que na geração anterior) também pode ser objeto de uma análise semelhante.
À medida que estas “aventuras” da criança vão acontecendo, a confiança mútua vai crescendo também.
Os pais confiam mais na criança, porque esta já saiu várias vezes e nada de mal lhe aconteceu e ao mesmo tempo a criança confia mais nela mesma e nas suas capacidades individuais.
Lembre-se que enquanto pai a promoção da independência também é um fator importante a desenvolver no seu filho.
Ele irá, mais tarde ou mais cedo, adquirir essa competência, na pior das hipóteses em adulto, com ou sem a sua ajuda, mal ou bem.
É com certeza preferível que a desenvolva enquanto está sobre a “alçada” dos pais e cuidadores, que o podem auxiliar de maneira mais consciente e afetuosa do que mais tarde numa sociedade, onde muitas vezes não tem esse suporte.