O sedentarismo, ou seja, a atividade física insuficiente, poderá aumentar o risco de depressão em adolescentes. Esta foi a conclusão de um estudo clínico conduzido pela Universidade College of London, no Reino Unido.
Mais concretamente, o estudo apurou que o sedentarismo excessivo dos 12 aos 14 anos de idade poderá causar sintomas depressivos aos 18 anos.
As conclusões do estudo foram publicadas na revista científica da especialidade, The Lancet Psychiatry.
“Os nossos achados demonstram que os jovens que são inativos durante grande parte do dia, na adolescência apresentam um maior risco de depressão pelos 18 anos de idade”, revelou Aaron Kandola, autor do estudo.
Mas… é possível reduzir o risco de depressão
Apesar de este estudo ter associado o sedentarismo a um maior risco de depressão nos adolescentes, nem tudo está perdido. Entretanto, o estudo demonstrou também que a praticar atividades leves, como andar e pintar, pode ajudar a manter a depressão ao largo nos jovens.
Com efeito, por cada 60 minutos adicionais diários de atividades leves praticadas por adolescentes aos 12 anos, viu-se uma redução de 10% em sintomas depressivos aos 18 anos de idade.
“Descobrimos que não são só as formas de atividade mais intensa que são boas para a nossa saúde mental, mas qualquer grau de atividade física que reduza o período de tempo que passamos sentados será provavelmente benéfico”, acrescentou Aaron Kandola.
A depressão também afeta as crianças e adolescentes
Apesar de a depressão parecer uma perturbação exclusiva dos adultos, a verdade é que calcula-se que atualmente afete cerca de 1-3% das crianças e 3-9% dos adolescentes.
O pior é que estas percentagens têm tendência a aumentar. Ora vejamos algumas razões para este fenómeno:
- A quantidade de jovens sedentários está a aumentar, já que além da TV e DVD disponíveis 24 horas por dia, têm ainda consolas de jogos, a Internet, a Netflix… Tudo isto sem terem que sair de casa! E mais, nem sequer precisam de sair do sofá!
- Além disto, os dispositivos eletrónicos com ecrã como os tablets e os smartphones facilitam ainda mais a acessibilidade ao tipo de passatempos acima mencionados. Consequentemente, o sedentarismo aumenta.
- Com o tempo que os pais passam a trabalhar, a atenção e tempo para os filhos são muitas vezes escassos, assim como saídas em família. Não se brinca lá fora. Os ecrãs acabam por se tornar uma espécie de substituto dos pais.
- Quando se passa tantas horas no sofá ou dentro de casa em geral, as possibilidades de socializar e de conhecer outros miúdos ficam quase nulas. Os amigos passam a ser o mundo digital. E o ciclo repete-se.
Combater o sedentarimo
A solução possível para evitar que o seu filho desenvolva sintomas depressivos quando for um jovem adulto é, naturalmente, encurtar os seus períodos de sedentarismo.
Efetivamente, o estudo em questão demonstrou que os jovens que praticavam mais tempo diariamente com atividades físicas tinham menor propensão à depressão mais tarde.
Sabemos que nos dias super-ocupados de hoje é mais difícil proporcionar brincadeiras ativas ao seu filho. Contudo, há pequenas coisas que talvez possa mudar…
Defina períodos de brincadeiras ativas, sem tecnologia
Pois é, acontece que brincar é assunto sério. Quando joga e brinca, a criança não só se diverte, mas pode interagir com outras crianças, aprender as regras sociais e explorar o mundo que a rodeia. Isto tudo é proporcionado de forma compreensível para as competências próprias esperadas em cada uma das fases de desenvolvimento. Brincar, jogar e envolver-se em atividades lúdicas proporcionam o desenvolvimento global e harmonioso da personalidade da criança.
Ponha o seu filho em atividades extracurriculares
Do desporto ao desenho, as opções são muitas. Como vimos acima, não é só o desporto que pode proteger contra a depressão nos adolescentes. As atividades lúdicas leves também ajudam. Por isso, dê a escolher ao seu filho uma atividade extracurricular que lhe agrade. Poderá ser aprender a tocar guitarra, jogar voleibol, ler, escutismo, mesmo dançar no rancho folclórico local, enfim, não faltam atividades.
Atividades ao ar livre
Passar tempo lá fora, fazer um piquenique no parque ou andar no meio da natureza, é muito divertido para toda a família. Procure ir mais vezes em família usufruir do ar livre , nem que seja para um pequeno passeio no parque. A possibilidade ter um adolescente de 18 anos feliz aumentará.
Reduzir o acesso à tecnologia
Estabeleça com os seus filhos períodos em que não haja acesso ao smartphone, consola, TV, etc. Pode ser simplesmente às refeições ou então estipularem em conjunto um dia da semana em que ninguém usa os aparelhos electrónicos. Nos adolescentes que estão sempre “conectados” isto é particularmente importante pois poderão aprender que não dependem do mundo digital para viver.
A imaginação da família é o limite!