Será que o meu filho gagueja?
Segundo a American Speech-Language-Hearing Association, a gaguez afeta a fluência do discurso. Surge na infância e, em determinados casos, pode permanecer durante toda a vida do indivíduo.
É comum surgir períodos de disfluência durante a aquisição e o desenvolvimento da linguagem da criança, caracterizados pela repetição ocasional de sílabas e palavras, hesitações e o uso de expressões do tipo “hum…” e “aaa…” durante a produção do seu discurso.
Não se trata de gaguez propriamente dita, mas sim um processo normal e inerente à aquisição da linguagem que surge frequentemente entre os 2 e os 5 anos de vida, designado por gaguez fisiológica.
Este período de disfluência pode aparecer, desaparecer e voltar a surgir, consoante as fases de aquisição de linguagem da criança, os ouvintes, o contexto onde se desenrola a comunicação, o vocabulário exigido para a situação e a pressão do meio.
Estes fatores podem colocar a criança em situações de maior ansiedade que podem gerar alterações na produção de fala, que não são necessariamente gaguez.
Então, quando é que falamos de gaguez?
A gaguez fisiológica pode persistir e agravar-se, podendo evoluir para um quadro de gaguez patológica. Os primeiros sintomas surgem por volta dos 3/4 anos de idade, podendo aparecer gradualmente ou de uma forma repentina.
A criança pode ter um único sintoma ou um conjunto variado de sintomas:
- Repete muitas vezes sílabas e palavras: “Dá-me o…o…o… livro“.
- Prolonga sílabas e palavras: “Dá-me o liiiiiiiivro“.
- Pode apresentar bloqueios, traduzidos pela ausência de voz durante vários segundos: “Dá-me o (…) livro“.
- Existe tensão e esforço no corpo e, sobretudo, ao nível da boca durante a produção de fala.
- A intensidade da voz pode aumentar durante as repetições.
- A disfluência pode aparecer e desaparecer, mas a partir de um determinado momento, começa a ser mais frequente surgindo na maioria das situações de produção de fala.
- A criança começa a tomar consciência da sua disfluência e desenvolve sentimentos de ansiedade, frustração e medo para falar.
- A criança evita falar com os outros e em determinados contextos.
- Além destes indicadores, existe um conjunto de fatores que podem indicar um maior risco de a criança apresentar gaguez:
- História de gaguez na família.
- Género masculino: os meninos são 5 vezes mais suscetíveis de desenvolverem gaguez.
- Idade de surgimento: normalmente a partir dos 3,5 anos de idade.
- Período de disfluência: prolonga-se durante 6 a 12 meses ou mais.
- Existência de grandes preocupações e medos acerca da gaguez por parte da criança ou da família.
Referências bibliográficas: The Stuttering Foundation; Associação Brasileira de Gagueira; American Speech-Language-Hearing Association
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