A famosa crise dos 2 anos é parte integrante do processo normal do desenvolvimento infantil.
Assim, é importante que os pais e cuidadores compreendam que as atitudes da criança traduzem o desenvolvimento do seu sentimento de independência, da sua capacidade de exprimir a sua insatisfação, medos (como quando chega um novo irmão e deixa de ser o centro das atenções) ou frustrações.
Por outro lado, a criança está em processo de compreensão de novas regras. Já não é um bebé a quem tudo é permitido. Certos comportamentos deixam de ter piada porque não são aceitáveis à medida que cresce. Esta mudança exige uma grande capacidade de adaptação ao processo educativo, novos limites e regras.
Aos 2 anos, a criança atravessa um período de intenso desenvolvimento cerebral: adquire novo vocabulário, tem pensamentos mais organizados, está super atenta ao que se passa à sua volta, absorve todo o tipo de estímulos e afina as suas capacidades motoras o que, por sua vez, influência o desenvolvimento do cérebro. Enquanto tudo isto acontece, sente um enorme desejo de autonomia e independência e uma grande necessidade de se fazer ouvir e afirmar as suas opiniões.
Como lidar com a crise dos 2 anos?
Estudos sugerem que a crise se inicia quando os comportamentos de irritação, mau humor, birras e a utilização da palavra “não” são constantes. É importante perceber que a crise dos dois anos reflete um comportamento de exploração do mundo e não uma manifestação de agressividade gratuita da criança.
Um ambiente familiar saudável e uma relação comprometida entre pais e filhos é fundamental para ultrapassar esta fase. Tente compreender se é necessário ajustar alguma rotina ou se a agenda do seu filho não está demasiado preenchida. As crianças precisam de tempo para brincar e gastar energia.
Como reagir a uma crise?
- Mantenha a calma;
- Tente negociar alternativas;
- Seja compreensiva. Mesmo que não ceda às exigências do seu filho, isso não significa que não possa ser empática com os seus sentimentos e que lhe demonstre isso mesmo;
- Deixe o seu filho acalmar e explique-lhe o que motiva a sua recusa;
- Quando a birra tem apenas como objetivo chamar a sua atenção, não a valorize;
- Mostre o seu afeto quando o seu filho estiver mais calmo: abrace-o e diga-lhe o quanto o ama;
- Não se intimide quando a birra acontece num local público. A maioria dos pais passa pela mesma situação.
Apesar de os bebés mudarem o seu comportamento, não deixam de ser crianças. Como tal, precisam da ajuda dos pais para aprenderem a compreender e a lidar com os seus sentimentos.
A partir dos 2 anos, a criança torna-se mais independente, começa a ter opinião, questiona tudo e todos e, como se julga no centro do mundo, pode não compreender porque é que as coisas não acontecem como deseja.
Muitas vezes a criança tem desejos, diz “não” e nem sabe muito bem o que sente nem o que quer. Por isso, é importante que os pais sejam solidários e estejam presentes para a ajudar a traçar o seu caminho com a certeza de que continua a ser querida.
Esta é apenas uma fase do desenvolvimento da personalidade do seu filho. Haverão outras para a frente. Estar ao seu lado, compreender e respeitar os seus sentimentos, transmitir segurança e demonstrar que está ali para o que for necessário, é meio caminho andado para encontrar a solução.