Competências motoras finas são a forma pela qual usamos os nossos dedos, mãos e braços.
Quando se pensa no crescimento e desenvolvimento da criança, o que vem à ideia é o momento em que o bebé começou o gatinhar, os primeiros passos, as corridas, quando se equilibrou no triciclo,…
Recordar a idade em que conseguiu apanhar pequenos objetos, transferir pequenos objetos entre o polegar e o indicador ou transferir objetos de um lado para o outro pode ser mais complicado.
Desenvolvimento das competências motoras
Motricidade grossa
A motricidade grossa relaciona-se com o controlo corporal no seu todo: postura, equilíbrio estático e dinâmico, deslocamentos e balanços.
As competências motoras são os grandes movimentos que realizamos com a maior parte do corpo. Para um bebé, estas competências incluem rolar sobre si próprio, rastejar e gatinhar.
Para as crianças mais crescidas e os adultos, as competências motoras incluem o equilíbrio, andar, correr, saltar, entre outras. Por isso, o desenvolvimento das competências motoras é facilmente identificável nas crianças pequenas e são aquelas que os pais melhor recordam e enumeram.
Competências motoras finas ou motricidade fina
As competências motoras finas são a forma pela qual usamos os nossos dedos, mãos e braços.
Incluem alcançar, agarrar ou manipular objetos e utilizar diferentes ferramentas como um lápis ou a tesoura.
Como as tarefas como desenhar, colorir e cortar papel não são valorizadas até à idade pré-escolar, o desenvolvimento das competências motoras finas é frequentemente esquecido no bebé e na criança mais pequena. Contudo, e à semelhança das competências motoras grossas, as finas começam a desenvolver-se muito cedo.
Desenvolvimento das competências motoras finas dos 0 aos 6 anos
Dos 0 aos 4 meses
Entre o nascimento e os 4 meses, seu bebé vai aprender a movimentar os braços e as mãos para tocar nos objetos ou como resposta a estímulos visuais. O controlo e uso dos braços direito e esquerdo será o mesmo.
O bebé também vai desenvolver a capacidade de movimentar os olhos e a cabeça de modo coordenado, de um lado para o outro. Esta habilidade é necessária para que possa refinar as suas competências motoras finas. Por exemplo, um bebé nesta idade pode virar a cabeça da esquerda para a direita em resposta ao som da voz da mãe.
Entre os 2–3 meses, o bebé vai começar a chegar aos objetos e a segurá-los perto de si. A compreensão do bebé ainda é reflexiva pelo que não consegue largar deliberadamente os objetos que agarra.
Dos 4 aos 12 meses
Nesta etapa, o bebé ganha maior controlo sobre os braços e esforça-se por alcançar os objetos com apenas uma mão. O movimento voluntário emerge progressivamente e o bebé começa a perceber e a segurar os objetos de forma intencional. Com cerca de 4 meses, o bebé só será capaz de espremer os objetos e de os manter nas mãos com o punho fechado.
Por volta dos 6 meses, começa a agarrar pequenos objetos e, aos 12 meses, já consegue segurar objetos pequenos entre os dedos polegar e indicador, à semelhança do adulto. Para além disso transfere objetos de um lado para o outro e é capaz de largar os objetos de forma voluntária e intencional.
As competências visuais continuam a desenvolver-se durante esta fase. Inicialmente, o bebé aprende a coordenar a cabeça e os olhos para que se movam para cima e para baixo em simultâneo. Observa apenas os objetos que estão no seu raio visual para passar a procura-los e, mais tarde, olha com intencionalidade para um objeto que deseje alcançar.
Aos 12 meses, a criança faz círculos com um lápis, usa lápis de cor e marcadores, brinca com blocos de construções, vira as páginas de um livro e atira uma bola pequena.
Aos 1-2 anos
O equilíbrio e o controlo do tronco estão agora afinados e a criança já não precisa de se apoiar nos braços para se movimentar. Será capaz de brincar sentada sem apoio ao mesmo tempo que manipula os objetos com as mãos.
Com esta idade, a criança movimenta mãos e braços em conjunto, como um todo, usando-os da mesma forma. À medida que se aproxima dos 2 anos de idade, surge a preferência por uma mão o que se pode observar pela mão com que inicia, na maior parte das vezes, as atividades. A preferência pela mão começa a surgir, mas ainda não está estabelecida. Como resultado, a criança usa alternadamente as mãos para as atividades principais.
O uso da mão também muda. A criança começa a mover os dedos de modo independente entre si. Isto pode ser observado na capacidade de apontar para pontos nos objetos.
Ao pintar, o irá usar os movimentos do braço inteiro e segurar o lápis com o punho fechado com o polegar apontado para cima. Por volta dos 2 anos, os rabiscos (garatujos) progridem de formas circulares irregulares para riscos horizontais e verticais.
Dos 2 aos 3 anos
Durante esta fase, o equilíbrio e a estabilidade do tronco deverá permitir manter a postura quando se inclina para alcançar um objeto ou para transferir o peso do corpo de um lado para o outro.
Gradualmente, o uso da mão exige menos movimento do ombro e mais movimento do cotovelo. A dominância de uma mão sobre a outra continuará a surgir mas ainda não está completamente estabelecida.
Durante as atividades, como tentar abrir um frasco, uma mão realiza a atividade (abre a tampa) enquanto a outra ajuda na tarefa (agarra o frasco). Contudo, nesta fase, a criança continua a alternar o uso das mãos.
Ao desenhar, segura o lápis com os dedos apontados em direção do papel. Começa a desenhar linhas horizontais e verticais, e círculos por imitação, depois de os ver a serem desenhados.
À medida que se aproximam os 3 anos, é capaz de desenhar linhas horizontais e verticais e, eventualmente, copiar círculos a partir da observação de uma imagem. Para conseguir copiar uma forma, a criança tem primeiro de a imitar.
Aos 2 anos, usa as duas mãos em simultâneo para abrir e fechar uma tesoura. Por volta dos 3 anos, já é capaz de segurar a tesoura com uma mão e, eventualmente, cortar o papel. Cortar o papel ao longo de linhas retas não é uma competência esperada nesta idade.
Aos 3-4 anos
A criança desenvolve uma forte preferência pela utilização de uma mão, que se torna progressivamente na dominante. Quando desenha, uma mão segura o lápis e a outra o papel. Rapidamente, evolui da cópia de linhas e círculos para cruzes, triângulos e polígonos (forma geométrica do diamante).
Ainda não consegue pintar respeitando os limites dos desenhos. Aos 4 anos, a criança consegue segurar o lápis de forma correta, centrando os três dedos em três pontos de apoio. O lápis é agarrado entre o polegar e indicador e descansa sobre o dedo médio tal como faz o adulto.
O posicionamento correto do lápis ajuda a mão a deslizar no papel, diminuindo o esforço para realizar o movimento da escrita. Atividades como empilhar e encaixar blocos, rasgar papel, puxar e empurrar brinquedos, favorecem o desenvolvimento deste tipo de capacidade motora.
Se usar a tesoura, é capaz de cortar ao longo de uma linha reta. Ao cortar curvas simples, como uma linha em forma de “S”, a mão auxiliar deve começar a virar o papel para ajudar o corte em torno da curva.
Aos 4-5 anos
Durante esta etapa, usa o pulso para mover a mão e os movimentos do ombro e cotovelo diminuem. Quando desenha, a combinação da articulação mão/pulso deve ser evidente.
A dominância manual é, normalmente, estabelecida entre os 4 e os 6 anos. Com esta idade, a preferência da mão deve ser evidente e consistente. Como resultado, a destreza da mão dominante começa a exceder a destreza da mão não-dominante.
Ao pintar, é capaz de respeitar os limites dos desenhos, copia cruzes, linhas diagonais e quadrados e usa o lápis corretamente.
Quando usa a tesoura, faz cortes cada vez mais precisos e é capaz de cortar um quadrado. A tesoura deve ser posicionada de forma perpendicular ao chão, apontando para fora do corpo e segura com o polegar a apontar para cima.
Aos 5-6 anos
Ambas as mãos devem trabalhar em conjunto. Os papéis das mãos direita e esquerda são facilmente identificados como dominante e não-dominante.
A forma correta de segurar o lápis está estabelecida e é capaz de copiar cruzes, triângulos e polígonos. Ao pintar, o movimento dos dedos deve ser preciso, bem como, no uso da tesoura.
As competências aqui descritas são guias orientadoras já que cada bebé / criança se desenvolve ao seu próprio ritmo sem que isso constitua um indicador de atraso do desenvolvimento. Se estiver apreensiva, converse com o seu médico.
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