Memória: crianças podem lembrar amanhã o que não memorizaram hoje
Um estudo recente indica que, ao contrário do que sucede com a memória dos adultos ao longo dos anos, as crianças pequenas parecem lembrar-se melhor de informação uns dias após a terem adquirido.
Conduzido por uma equipa de investigadores da Universidade de Ohio, EUA, o estudo demonstrou que as crianças têm a capacidade de fazer associações complexas, necessitando somente de mais tempo para tal.
A equipa contou com a participação de 82 crianças com idades compreendidas entre os quatro e cinco anos de idade.
Os investigadores deram às crianças um jogo de associação de imagens num computador, em três etapas diferentes e misturando conjuntos de objetos de forma a que os pequenos participantes tivessem que formar associações diferentes. Os objetos podiam ser, por exemplo, um boné e um coelho e as crianças tinham que associá-los aos respetivos donos: Rato Mickey e Winnie the Pooh.
No decorrer das três etapas de jogo, as crianças demonstraram ser capazes de aprender novas associações de imagens. O ensaio demonstrou ainda que os participantes tiveram alguma dificuldade em estabelecer associações complexas imediatas, mas que após um certo espaço de tempo, como um período de sono, quando tinham tido a oportunidade de absorver a informação, o desempenho dos mesmos foi melhor.
Segundo Vladimir Sloutsky, docente de psicologia na Universidade de Ohio e autor principal deste estudo, esta descoberta “dá-nos acesso a perceber a memória e em particular à forma de codificação de nova informação para a memória”.
“Em primeiro lugar, demonstrámos que se dermos às crianças fragmentos de informação similares muito próximos, os diferentes segmentos vão interferir uns com os outros, dando-se uma eliminação da memória quase completa”, continua o investigador. “Segundo, demonstrámos que a introdução de atrasos elimina essa interferência”.
O autor do estudo conclui que “parece surpreendente o facto de as crianças esquecerem quase toda a informação que acabaram de aprender, mas que a memória das mesmas pode melhorar com o tempo.” Portanto, a solução o esquecimento extremo nas crianças poderá passar por esperar algum tempo!