A criança com autismo, com apoio e orientação dos pais, tem possibilidades muito maiores do que aquelas que se possam imaginar. Aprender a olhar para além das possíveis limitações e ver os pontos fortes aumenta as probabilidades de a criança ter sucesso e ser um adulto independente.
10 Coisas que a criança com autismo gostaria que soubéssemos
1. Eu sou uma criança
O meu autismo é apenas parte do que sou e não tudo o que sou.
2. Os meus sentidos estão desordenados
Certas imagens, sons, cheiros, sabores e toques normais, que vocês nem notam, podem ser extremamente incomodativos para mim. O próprio ambiente, muitas vezes, me parece hostil.
Por isso, eu posso parecer distante ou agressivo, mas estou apenas a defender-me. O meu cérebro não consegue filtrar todos esses estímulos e fica sobrecarregado!
3. Procurem distinguir entre “não quero“ (escolho não fazer) e “não consigo“ (não sou capaz de fazer)
Não é que eu não ouça as instruções, é que não consigo percebê-las. Quando me chamam do outro lado da sala, o que ouço é: “*&^%$#@.
Em vez disso, aproximem-se e falem diretamente comigo, usando palavras simples. Dessa maneira, eu entendo o que querem que eu faça e o que vai acontecer de seguida e é muito mais fácil para mim fazer o que me pedem.
4. Eu penso de forma concreta e interpreto a linguagem literalmente
Vocês deixam-me confuso quando dizem “aguenta os cavalos!”, quando o que realmente querem dizer é “Pára de correr!”… Quais cavalos?
Trocadilhos, subtilezas de linguagem, duplos sentidos, metáforas, insinuações e sarcasmos são incompreensíveis para mim.
5. “Ouçam“ todas as maneiras pelas quais eu tento comunicar
Eu tenho dificuldade em dizer aquilo de que preciso, pois não sei como descrever o que sinto. Posso estar com fome, frustrado, assustado ou confuso, mas posso não encontrar as palavras certas para me exprimir.
Fiquem atentos à minha linguagem corporal, isolamento, agitação ou outros sinais de que algo está errado. A mensagem está lá!
6. Vejam só! A minha orientação é visual
Mostrem-me como fazer as coisas, em vez de apenas me dizerem como. E estejam preparados para me mostrar várias vezes. As repetições ajudam-me a aprender.
Eu preciso de ver para aprender pois, para mim, as palavras são como fumo e desaparecem antes de que eu consiga entendê-las.
7. Concentrem-se naquilo que eu consigo fazer, e não naquilo que eu não consigo fazer
Como qualquer outra pessoa, eu não consigo aprender quando sou constantemente levado a sentir que não sou suficientemente bom.
Procurem os meus pontos fortes e vão encontrá-los. Quase sempre, há mais de uma maneira certa de fazer as coisas.
8. Ajudem-me a interagir socialmente
Pode parecer que eu não quero brincar com as outras crianças, mas eu simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar numa brincadeira.
Ensinem-me a brincar com as outras crianças, eu posso até ficar muito contente por ser incluído. Eu sou melhor em atividades com princípio e fim definidos.
E não sei interpretar expressões faciais, linguagem corporal e emoções dos outros, por isso ensinem-me!
9. Identifiquem a causa dos meus descontrolos
As birras e explosões são mais terríveis para mim do que para vocês. Acontecem porque os meus sentidos estão sobrecarregados, ou fui forçado para além dos limites das minhas capacidades.
Se descobrirem o que desencadeia as minhas crises, poderão evitá-las. E lembrem-se de que tudo o que eu faço é uma forma de comunicação!
10. Amem-me incondicionalmente
Eu não escolhi ter autismo – lembrem-se de que isto acontece comigo e não convosco. Sem o vosso apoio, as minhas probabilidades de ter sucesso e ser um adulto independente são ínfimas.
Com o vosso apoio e orientação, as possibilidades são muito maiores do que possam imaginar. Olhem para além das minhas possíveis limitações e vejam os meus pontos fortes.
Eu posso ter dificuldade no contacto visual e a conversar, mas já repararam que eu não minto, não faço batota, nem julgo os outros? Eu dependo de vocês. Sejam os meus defensores e os meus guias, amem-me pelo que eu sou e veremos até onde sou capaz de chegar.
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Fonte: Trecho extraído e adaptado do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse”, de Ellen Notbohm, publicado por Inspirados pelo Autismo.