Desde 2015, o dia 18 de novembro é o Dia Europeu sobre a Proteção de Crianças contra a Exploração Sexual e o Abuso Sexual (conforme decisão do Comité de Ministros do Conselho da Europa de 12 de maio de 2015).
Abuso sexual: como proteger o seu filho
A exploração e o abuso sexual de crianças são ainda uma realidade trágica para as nossas sociedades. Constituem uma violação dos direitos das crianças e têm um efeito duradouro e consequências terríveis para a vida inteira.
Todas as crianças têm o direito de estar salvaguardadas e protegidas contra a violência sexual.
As crianças devem compreender que, no geral, os adultos estão presentes para as proteger e defender a sua integridade física e emocional. Contudo, isso por vezes não acontece. Há pessoas que podem ser PERIGOSAS para as crianças e magoá-las.
Como explicar ao seu filho o que é o abuso sexual
Use uma linguagem simples e adequada à idade / maturidade do seu filho.rr
Primeiro e antes de tudo. O seu filho deve perceber, de forma clara e inequívoca que, quando há abuso sexual de menores, a culpa NUNCA é da criança, mas do adulto.
1. Explique que algumas pessoas querem usar as partes íntimas do corpo das crianças para o seu próprio prazer sexual. A isso chama-se abuso sexual.
É SEMPRE errado quando alguém pede ou força a criança a tocar nas partes íntimas do seu corpo (pode explicar que as partes íntimas são as cobertas com a roupa interior) ou nas partes íntimas do corpo do adulto.
2. Explique que algumas pessoas querem usar as crianças para fazer dinheiro. A isto chama-se exploração sexual.
É SEMPRE errado quando algum adulto oferece dinheiro, doces, prendas ou outros incentivos em troca do auto-toque ou do toque nas partes íntimas de outra pessoa (seja outra criança ou um adulto).
3. O seu filho deve ter a noção de que é SEMPRE errado quando alguém expõe ou força uma criança a ver filmes ou imagens de carater sexual.
4. O seu filho deve compreender que os abusadores, na sua maioria homens, são pessoas com uma vida familiar e social comum, que têm dificuldade em controlar a sua agressividade e não os seus impulsos sexuais.
Os abusadores não são, necessariamente, psicopatas ou pessoas com distúrbios emocionais. Assim, qualquer comportamento estranho de um amigo ou familiar próximo deve ser relatado aos pais mesmo que aconteça em casa ou na casa do amigo / familiar.
Cuidados a ter em mente
1. Seja seletiva quanto às dormidas em casa dos amigos
Só deve permitir a pernoita em casa de amigos de quem conheça extremamente bem a família. Isto quer dizer que só porque são colegas da escola, isso não significa que possam dormir em casa uns dos outros.
2. Use sempre os termos corretos para nomear as partes do corpo
Isto significa que olhos são olhos, joelhos são joelhos, pénis é pénis. Não use termos vagos ou acriançados para se referir às partes íntimas da criança.
3. Deixe o canal de comunicação aberto
Explique que a culpa nunca é das crianças e que qualquer comportamento que deixe o seu filho pouco confortável ou que envolva “brincadeiras” inadequadas devem ser SEMPRE relatadas aos pais.
NUNCA ridicularize ou minimize um relato que o seu filho faça e que o tenha deixado desconfortável. Ouça, acredite, apoie, conforte, investigue e esteja atenta aos sinais. Se necessário, faça uma denúncia às autoridades.
4. Ensine o seu filho a defender-se
Ensine o seu filho a defender-se e a utilizar os seus próprios recursos para sua proteção: dar pontapés, gritar, correr, fugir e procurar a ajuda de um adulto da sua confiança.
O mais importante é dar-lhe a entender que há sempre alguém a quem pode recorrer quando precisar de ajuda, sem ter necessidade de dar explicações.
5. Aperte a vigilância na utilização de redes sociais
Atenção à utilização e aos “amigos” que a criança faz das redes sociais, às fotografias que tira ou envia para terceiros, às mensagens que publica ou recebe.
Proíba o seu filho de enviar ou publicar fotos pessoais íntimas, nu, da cara ou em contextos facilmente identificáveis. Igualmente proibido é falar e expor as rotinas (horários da escola, dos pais, quando está sozinho em casa, etc.).
Esteja consciente sobre os factos que envolvem o abuso sexual de crianças
A maioria dos predadores sexuais são conhecidos pela criança. Entre 75% a 85% dos abusadores são membros da família da criança, seus amigos ou conhecidos.
Cerca de 60% dos abusos sexuais acontecem dentro da casa do abusador ou da criança. Como a maioria das crianças são abusadas por um amigo próximo ou familiar, confiam nessa pessoa.
Além disso, as crianças mais pequenas não inventam histórias que não tenham experienciado. O que pode acontecer é a criança contar um abuso e, mais tarde, dizer que este não aconteceu, mas fazem-no por medo das consequências da revelação ou para proteger alguém.
Por isso devemos acreditar no que elas nos contam. Normalmente não possuem a linguagem ou a experiência para descreverem falsamente um abuso.
O abuso sexual de crianças é três vezes mais comum do que os maus-tratos físicos a crianças. Dados estatísticos, que se acredita estarem subestimados (50-80% das vítimas não apresentam queixa), indicam que 25% das mulheres foram abusadas na infância.
O abuso sexual de crianças desenvolve-se gradualmente no tempo. Na maior parte das situações não se observam formas extremas de violência, tais como a tortura ou homicídio, mas o abuso pode tornar-se, progressivamente, mais violento.
Dados estatísticos indicam que 31% dos abusos envolvem ameaças verbais e 46% violência física. O abuso sexual de crianças, assim como a violação de adultos, é o exercício do poder e do controlo sobre a criança.
O que assusta e confunde as crianças são as orientações vagas, como por exemplo, dizer-lhes para não aceitarem nada de estranhos, sem que lhes seja explicado o porquê.
Se o tema do abuso sexual for apresentado à criança em termos da sua segurança, não é mais do que falar dos perigos do trânsito ou da segurança do jardim-de-infância.
Estas explicações deverão ser adequadas à idade de cada criança, partindo da informação que cada uma tem acerca dos assuntos a abordar. As fantasias das crianças são, por vezes, piores do que a realidade. Por isso, a informação concreta, apresentada com sensibilidade, pode dar-lhes mais confiança e ajudá-las a ultrapassar alguns medos.
As crianças não pedem para ser abusadas. A responsabilidade pelo abuso sexual é do adulto e nunca da criança.
Fontes: Direção-Geral da Educação – http://www.dge.mec.pt/noticias/educacao-para-cidadania/dia-europeu-sobre-protecao-de-criancas-contra-exploracao-sexual-e-o [consulta online em 9 de fevereiro de 2017]; Lanzarote Convention (Convenção para a Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual e os Abusos Sexuais) – http://www.coe.int/en/web/children/lanzarote-convention [consulta online em 9 de fevereiro de 2017]; “Abuso sexual de crianças – Mitos e realidades”, AMCV – Associação de Mulheres Contra a Violência [consulta online em 9 de fevereiro de 2017]