A conexão é a melhor forma de chegar ao seu filho. É completamente gratuita e depende só do tempo que passam juntos. A passear, a preparar refeições, a arrumar a casa, a assistirem a uma série juntos, a jogarem um jogo de tabuleiro, etc. Estar, simplesmente permanecer.
É esse espaço partilhado fisicamente que permite que as conversas fluam, que as emoções se partilhem, que as dúvidas se coloquem. Que aquela birra com o colega da escola ou a conversa com a professora no intervalo surjam espontaneamente. Uma partilha física que permite chegar a partilhas mais profundas.
Se para nós, adultos, é muito importante esta presença, para as crianças este tempo passado com os pais tem uma relevância ainda maior.
Como “chegar” aos nossos filhos
Todos nós já sentimos que pode ser mais desafiante, numa ou noutra ocasião, obter respostas dos nossos filhos. Correu bem a escola? Como foi o teu dia? Qual foi o teu almoço? É habitual ouvirmos respostas curtas como “não me lembro” ou “bem”. Existem estratégias que podemos utilizar para mais facilmente ficarmos a conhecer um pouco mais dos seus dias.
Questões mais direcionadas como, por exemplo: “Qual foi o momento mais engraçado do teu dia?”, “Ficaste sentada ao lado da tua amiga Ana na cantina?” ou “Diz-me uma coisa nova que tenhas aprendido hoje”.
Estas estratégias ajudam a promover o diálogo no imediato. Mas é o tempo que cria as melhores oportunidades de partilha. As mais puras e genuínas.
Quando do nada, enquanto colocamos os pratos e os talheres na mesa ou cozinhamos em família, os assuntos chegam. O nosso filho desata a falar, cheio de entusiasmo, sobre o amigo que se magoou no recreio e a ambulância que foi lá à escola. Sobre o teatro em que duas turmas participaram. Sobre um termo novo que aprendeu em inglês. Sobre a nova moda dos slimes e de como pode ser giro comprar materiais e fazerem juntos em casa.
As crianças vivem o momento
Não nos podemos esquecer que as crianças não são como nós. Não vivem o momento a pensar no que deixaram por fazer e no que irão fazer na próxima semana. Elas vivem no momento. No aqui e agora. Por isso é normal que na escola vivam as coisas da escola e em casa as coisas de casa.
Como, no caso de pais separados, quando estão na casa da mãe as coisas com a mãe e na casa do pai as coisas com o pai. Daí ser mais desafiante para elas partilharem coisas que passaram, precisamente por isso mesmo: já passaram. E agora estão concentradas no que estão a fazer em casa: os TPC, a hora do banho, as refeições, os brinquedos, os desenhos animados, etc.
A importância dos criar momentos de conexão
Criar momentos de conexão é fundamental para estarmos atentos ao que se passa com os nossos filhos, os seus amiguinhos, a escola. Para termos uma perceção mais clara das dúvidas e das ideias que vão habitando os seus cérebros em desenvolvimento.
Os nossos dias são de correria e de grande ginástica para uma articulação adequada entre casa-trabalho, vida pessoal e profissional.
Mas, com um bom planeamento, é possível encontrar um tempo em que damos 100% de atenção aos nossos filhos, sem estarmos a pensar noutras coisas, a olhar para o telemóvel ou a fazer uma lista de compras mental.
Um tempo que seja só para eles
As crianças percebem de forma rápida se estamos ou não plenamente na sua companhia. E é muito importante sentirem que são plenamente ouvidas, respeitadas, amadas. Podemos aproveitar a hora do banho ou a hora de leitura para essa plenitude. Ou outro momento que consideremos mais adequado.
O restante tempo das horas livres do final do dia podem ser também aproveitado para fomentar essa conexão entre toda a família. Preparar o dia seguinte, as refeições, alimentar os gatos ou os peixes, estender a roupa.
Dependendo da idade dos seus filhos, pode sempre encontrar nestas tarefas rotineiras oportunidades de lhes pedir para participarem também nelas. Coisas mais pequenas ou coisas maiores, dependendo da idade em que estão.
Esta conexão nada mais é que amor. E em idades tão tenras há uma necessidade muito grande de haver este feedback afetivo. De reconhecimento, de atenção, da sensação de ser amado.
É este mimo, este colo, este porto de abrigo que vai ajudar os nossos filhos a crescerem na autoestima, no amor-próprio e no respeito e atenção ao outro.
O tempo, dizem que um dos bens mais preciosos que temos, é também o tesouro das famílias. Ao darmos ou partilharmos o nosso tempo com alguém fazemos desse alguém a nossa prioridade, aprofundamos os laços de afeto, conhecemo-nos mais profundamente e criamos uma conexão tão especial que dá sentido à nossa vida.