Como pais, queremos que os nossos filhos tenham uma vida melhor do que a nossa. Mais oportunidades, melhores condições, empregos mais promissores… Mas esta preocupação é especialmente notável quando se trata de garantir que os nossos filhos não herdem os nossos medos e ansiedades, o que não é fácil uma vez que todos nós temos receios e inseguranças.
Seria simples se pudéssemos evitar transmitir os nossos medos ao simplesmente escondê-los dos nossos filhos. Porém, esta é uma tarefa difícil – ou até mesmo impossível – já que as crianças apercebem-se das coisas desde muito cedo (e mais do que imaginamos).
As crianças dependem dos pais para todas as suas necessidades, físicas e emocionais, o que significa que se encontram perfeitamente conectadas e atentas às nossas palavras, ações e linguagem corporal.
É como se tivessem as suas “antenas” sempre levantadas, atentos à forma como os pais agem e reagem. Por isso, da próxima vez que pensar que está a esconder algum medo ou ansiedade, saiba que, muito provavelmente, não o está a fazer com sucesso.
7 estratégias para ajudar a manter os seus medos longe dos seus filhos
1. Se tem medo persistente de algo, permita que outros adultos trabalhem isso com o seu filho
Vamos imaginar que tem medo de cães. A melhor forma de lidar com este “problema” é permitir que outros adultos exponham o seu filho a convívios e brincadeiras com o animal, ensinando-os as aptidões necessárias para que consigam se aproximar em segurança e estar perto de cães e de outros animais sem sentimentos negativos.
2. Esteja atento à sua linguagem
Evite estar constantemente a dizer ao seu filho para ter cuidado, pois está a transmitir uma sensação de medo ou cautela. Em vez disso, ajude a criança a aprender e a estar atenta aos sinais de segurança e de perigo.
3. O poder das historinhas na hora de dormir
Aproveite o momento de tranquilidade antes de deitar as crianças e crie as suas próprias histórias com foco em personagens que recorrem a estratégias para lidar com situações desafiantes ou quando se sentem perturbadas ou assustadas. Pode ser interessante pedir sugestões de livros que abordem, de forma leve e divertida, superação de medos.
4. Uma criança não é um mini-adulto
E, como tal, não precisa de ter as mesmas preocupações que os pais. Por vezes, pensamos que as crianças são mais maduras e capazes de lidar com mais problemas ou informações do que realmente podem. Por isso, não sobrecarregue as crianças com preocupações de adultos (que não são capazes de resolver). Se as situações surgirem, ajude o seu filho a compreender que há responsabilidades e decisões que os adultos tomam e com as quais não precisam de se preocupar.
5. Verbalize as suas estratégias
Verbalize e partilhe as estratégias que utiliza para baixar a sua ansiedade. Esta forma é uma poderosa ferramenta de desbloqueio mental e ajuda o seu filho a absorver e a melhor interpretar como deve lidar com determinadas situações. Se, por exemplo, tiver receio de ir ao dentista, opte por uma estratégia diferente: “Quando tenho que ir ao dentista, em vez de estar nervoso com o que ele me vai fazer, penso em como me vou sentir melhor depois da consulta”. No fundo, acabamos por associar um benefício à ação, sendo esse o foco.
6. Ajude a criança a compreender as suas emoções
Vários estudos já comprovaram que pessoas que são capazes de compreender as suas emoções tendem a lidar melhor com várias situações desafiantes, o que também se aplica às crianças. Encoraje o seu filho a partilhar o que está a sentir, especialmente quando parece ansioso ou assustado e escute o que tem a dizer.
Os seus filhos vão, naturalmente, perceber os seus medos e ansiedades. A melhor maneira de evitar transmitir sentimentos e sensação menos positivas às crianças passa, primeiramente, por as reconhecer para depois modelar estratégias saudáveis para o dia-a-dia.