Ser pai ou mãe é indubitavelmente fantástico para a generalidade das pessoas, pois oferece experiências e sentimentos incríveis. Todo o cansaço, receios, dúvidas e olheiras desaparecem sempre que o bebé nos presenteia com um sorriso ou gorgolejar encantador. Mas como será cuidar dos filhos a tempo inteiro?
Depois dos meses de licença de parentalidade, poderá ser muito difícil para os pais deixarem o seu pequeno tesouro à mercê de uma ama ou creche. E muitos farão as contas à vida para calcularem a possibilidade de ficarem em casa.
Tentador? Sem dúvida.
Pode-se imaginar a despertar a uma hora mais tardia, a tomar um pequeno-almoço demorado com o bebé, passar no café antes de ir às compras…
E o dia desenrola-se preguiçosa e demoradamente, com tempo a dar para tudo. Volta a passear e a brincar com o bebé, esmera-se na cozinha e até consegue retomar aquele livro que tinha deixado a meio.
Mas será mesmo assim na realidade?
Uma sondagem revelou que uma parte substancial dos pais considera que permanecer em casa para cuidar dos filhos é mais difícil do que ter um emprego a tempo inteiro. A sondagem foi conduzida em 2018, pela Aveeno Baby, junto de 1.500 pais e mães de várias áreas do Reino Unido.
A produtora de artigos de cuidado pessoal pretendia descobrir mais sobre as experiências dos novos pais. O enfoque eram os primeiros anos com os filhos, o que desejavam ter sabido antes de serem pais e as necessidades como pais.
O apoio dos avós é fundamental
Com efeito, foram apurados alguns factos curiosos:
- 31% dos pais e mães entrevistados concordaram que ser pai ou mãe a tempo inteiro era mais difícil do que trabalhar a tempo inteiro;
- 55% dos pais consideraram que ter um bebé era difícil, mesmo tendo uma boa rede de suporte;
- 25% dos pais considerou, por outro lado, que ter um filho era fácil;
- 45% das mães questionadas admitiram que não conseguiriam cuidar dos filhos sem os conselhos das próprias mães.
A interferência das redes sociais
Considerando que atualmente as redes socais são uma parte da vida de muitos, estas foram alvo de análise na sondagem. Curiosamente, os investigadores descobriram que as redes sociais exercem uma enorme pressão sobre os novos pais:
- 71% dos pais e mães consideraram que as redes sociais tornam a parentalidade mais competitiva;
- 22% admitiram sentir pressão para serem o pai/mãe perfeito devido ao que transmitem outros pais nas redes sociais.
As preocupações dos pais de hoje em dia
Relativamente ao que preocupa os pais e mães entrevistados, estes manifestaram o seguinte:
- 27% dos participantes sentiam-se preocupados com o desenvolvimento do seu filho ou filhos;
- 22% manifestavam apreensão relativamente aos hábitos alimentares do seu bebé;
- 9% revelaram sentir ansiedade em relação aos padrões de sono do seu filho ou filhos.
Independentemente de todas as preocupações, receios e ansiedade manifestados, 42% dos pais e mães foram unânimes em concordar que ter um filho foi para eles a primeira vez em que sentiram verdadeiramente amor incondicional.
O reverso da medalha
Mas se a vida dos pais que ficam em casa é difícil, o que dizem os que trabalham a tempo inteiro? Uma sondagem conduzida nos EUA e publicada na revista Forbes, entrevistou 982 mulheres, 664 das quais eram mães trabalhadoras.
Os resultados revelaram que 34% das mães trabalhadoras achavam que o seu desempenho no trabalho apresentava falhas. As mulheres disseram ainda preferir estar em casa com os filhos em vez de estarem a trabalhar. Foi ainda apurado que:
- 47% das mães consideraram ainda que seriam mais felizes se não tivessem que trabalhar;
- 48% das mães concordaram que ficar em casa é um privilégio não acessível a qualquer um;
- 33% das mães a tempo inteiro consideravam que ter deixado de trabalhar era um luxo financeiro;
- 43% de mães trabalhadoras admitiram que já tinham sido criticadas por não passarem tempo suficiente com os filhos;
- 62% das mães trabalhadoras disseram que tinham voltado para o trabalho por razões financeiras.
A realidade portuguesa
Se estas sondagens tivessem sido conduzidas em Portugal, as percentagens seriam diferentes, com toda a certeza. Ser mãe ou pai a tempo inteiro é no nosso país algo ainda muito pouco comum. Uma grande parte dos pais e mães são forçados a manter-se nos seus trabalhos a tempo inteiro para poderem pagar as despesas. E os ordenados baixos não ajudam, claro.
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Por isso, não é raro vermos crianças que passam 10 horas ou mais por dia com amas e educadores. E não é raro também vermos pais exaustos. A exaustão afeta principalmente as mães, que infelizmente ainda se encarregam da maioria das tarefas.
Qual é a solução?
Um estudo da Universidade de Harvard, EUA, demonstrou que as crianças com mães trabalhadoras são tão felizes como as de mães que estão em casa, desde que tenham todo o acompanhamento e carinho que necessitam.
Por outro lado, os pais que conseguem ficar em casa com os filhos, poderão acompanhar os filhos continuamente e isso é um verdadeiro privilégio.
Concluindo, cada pai e mãe deverá basear as suas decisões pessoais e profissionais tendo em conta o que acham ser melhor para a sua família.