Enquanto pais, muitas sentimos a necessidade (ou a pressão externa) de saber se os nossos filhos estão na fase correta do desenvolvimento, se fazem o que é suposto fazerem, se os educamos da melhor forma, se os estimulamos o suficiente para se tornarem em jovens saudáveis e em adultos responsáveis.
Muitos pediatras têm vindo a afirmar que as crianças têm, sobretudo, de brincar. Que brincar é uma das principais formas de desenvolverem as suas competências, de aprender sobre a vida, de sociabilizar, de saber estar.
Que o exemplo dos pais, os valores da família e a coerência na forma como são educadas são tão importantes como o que vão aprender na escola.
Os pais devem aprender a confiar mais nas suas competências parentais. No que aprendem com os seus filhos. Na descoberta da individualidade de cada criança. Com carinho e compreensão pelas suas necessidades, preocupações, medos e características.
Nenhuma criança é igual a outra criança. Cada criança merece ser respeitada na sua individualidade. Merece ter o seu tempo para crescer. Precisa que o mundo que a rodeia também se adapte a si e não esperar-se que seja só ela a adaptar-se ao mundo que a rodeia.
As exigências do mundo moderno, as expectativas que os outros colocam sobre os pais, os julgamentos morais, nem sempre permitem que os cuidadores coloquem em primeiro lugar os interesses da criança.
A falta de tempo para refletir sobre os nossos valores, a impaciência que toma conta de nós no fim de um dia de trabalho, o cansaço acumulado, impede-nos, por vezes, de pensar e ver com clareza. De pensar nos nossos filhos e na forma como agimos com eles.
As birras, os amuos, os comportamentos mais agressivos da criança são, não poucas vezes, motivados pelas ausências e pela agressividade dos próprios pais. Pela incoerência das suas ações. Pela forma como lidam no dia-a-dia com as suas crianças.
As crianças, especialmente os filhos únicos, recorrem-se dos pais. Exigem a sua presença. As crianças, tal como os adultos, precisam de companhia para serem felizes. Precisam de estar com os outros. De fazer atividades que as divirtam. De conviver. Sem isso, tornam-se passivas, viradas para si, tristes. São obrigadas a crescer demasiado depressa.
Mais do que procurar a normalidade no desenvolvimento, importa estar presente. Dar mimo e carinho. Estar disponível a 100% para as necessidades da criança. Compreende-la. Procurar as motivações do seu comportamento. Fazer uma auto-análise. Partilhar. Conversar. Perguntar. Saber ouvir ativamente. Prestar atenção.
Pensar nas atitudes de todos e, em conjunto, pais e filhos, construírem uma família feliz, cúmplice e positiva.