O período de isolamento social que todos estamos a atravessar embora seja essencial para combater esta doença, pode ser bem doloroso do ponto de vista mental.
A mudança que todos fomos obrigados a fazer e que mexeu praticamente com todas as áreas da nossa vida, instalou-se de forma absolutamente arrebatadora, não tendo por isso dado tempo suficiente às famílias para um reajuste gradual à nova realidade.
Neste cenário, o impacto psicológico pode ser bem intenso, com uma tendência para aumentar, se estas medidas se prolongarem por muito tempo.
A par de uma rotina bem delineada, do cuidado do sono e de uma alimentação adequada, os exercícios de respiração podem ser importantes nesta fase, podendo contribuir para uma diminuição dos níveis de ansiedade.
Apesar de existirem dezenas de exercícios que se têm mostrado eficazes na redução do mal-estar a ela relacionado (incluindo técnicas de mindfulness que estão a ser amplamente promovidas hoje em dia) destacaria duas técnicas de respiração que podem ser praticadas com regularidade e inseridas no dia-dia, não tirando muito tempo:
Respiração diafragmática:
Esta técnica de respiração muito conhecida, pode e deve ser utilizada diariamente. É a típica respiração pela barriga, que tanto conhecemos e associamos à respiração dos bebés.
Como fazer:
Para treinar esta respiração deite-se de barriga para cima e coloque um livro na zona abdominal. Respire profundamente observando o livro subir e descer. Concentre-se evitando que os ombros e o tórax se movimentem: na respiração diafragmática apenas a barriga se mexe. Para iniciar, faça 5 respirações de manhã logo ao acordar e 5 à noite antes de se deitar. Se começar a sentir-se ansioso durante o dia, considere colocar-se confortável e iniciar este tipo de respiração.
Respiração 4-7-8
Esta é também uma técnica de respiração muito comum. Existem algumas variantes, mas em todas elas o seu objetivo é um controlo respiratório impedindo a hiperventilação que é comum em momentos de ansiedade.
Como fazer:
Quando sentir que a tensão está a aumentar e os níveis de ansiedade a subir, páre, inspire durante 4 segundos, mantenha a respiração durante 7 e expire durante 8. Repita este exercício várias vezes durante o dia ou quando sentir que a ansiedade está acima do normal.
Esta técnica também pode ser uma arma importante fora de situações relacionadas com a ansiedade, por exemplo em situações de conflito. Em período de isolamento os nervos à flor da pele podem ser mais comuns. Assim, promover um espaço temporal durante uma discussão pode ser importante vital para não se dizer aquilo que não se quer, de maneira irracional e consequentemente evitando uma escalada.
Por isso, se uma discussão estiver a acontecer, considere fazer este exercício antes de responder. Este momento de pausa pode promover um comportamento mais assertivo e menos tenso num momento que já de si o é.
Em isolamento uma adaptação é necessária em várias áreas e perspetivas. Se numa rotina normal não sentiria falta destes exercícios, numa situação como a que estamos a atravessar podem proporcionar um importante alívio.
Experimente, teste o seu efeito e veja se é eficaz tendo em conta as suas características pessoais e a sua individualidade. Não se esqueça que apesar da situação, a ajuda está sempre disponível. Procure um profissional se for necessário.