Férias na praia em família: paraíso ao sol ou nortada com nuvens?
Com um país recortado com uma imensa e variada costa banhada de sol, a praia é uma opção muito atraente para uns dias merecidos de férias. Longe vão os intermináveis dias na praia na nossa infância, com os cabelos cheios de sal, a toalha a cheirar deliciosamente a protetor solar e os cornettos de morango a rematarem mais um dia perfeito de um verão deliciosamente interminável.
E quando nos emancipámos dos pais e passávamos horas infindas e mágicas com o nosso grupo de amigos na praia? E quando íamos com o namorico fazer longas caminhadas no limiar das ondas e trocar juras de amor enquanto contemplávamos o por-do-sol?
E em família? O pai, a mãe e os filhos, todos de sorriso branco e de orelha a orelha, a passearem de mãos dadas pela praia, o pai com um dos filhos sobre os ombros, a mãe jovial e de cabelo ao vento…esperem!…essa vimos num filme!
Sem dúvida que passar o dia na praia e deliciarmo-nos com os cheiros a maresia, o sussurrar das ondas, a areia macia, o calor do sol sobre a pele e sermos presenteados com um por-do-sol digno de postal turístico pode ser uma verdadeira delícia.
Mais, tudo isto é gratuito! As ondas, os banhos, as brincadeiras na areia, as brincadeiras na água, as poças deixadas pela maré, cheias de pequenos tesouros, as conchinhas, os castelos de areia, os jogos, a paisagem, as horas infinitas de alegria, horas de entretenimento, tudo gratuito.
No entanto, este cenário poderá também incluir algumas nuvens quando é partilhado em família! E por vezes tempestades a sério!
Tudo começa antes de se sair de casa, quando virtualmente movemos metade do seu recheio: toalhas, tenda, guarda-sol, pára-vento, comida, mudas de roupa, fraldas, geleira, protector solar, chapéus, bóias, brinquedos….ah, agasalhos, não vá ficar frio!
Depois de chegarmos à praia e organizarmos tudo, montarmos o guarda-sol, pormos protector solar em todos, vamos descansar um pouco.
Os miúdos estão já entretidos na areia, abrimos o nosso querido livro…! ?Quero fazer xixi! “Estás mesmo aflito?” “Estou.?” “?Então vamos todos fazer xixi?” “Eu não tenho vontade” Lá vamos, voltamos, reabrimos o livro… “Também quero fazer xixi!” “Mas tinhas dito que não querias!?” “Mas agora quero!?…”
Depois de muitas brincadeiras, lutas, de nos assustarmos vezes sem conta quando eles se aventuravam na água, risos, lágrimas, e de fazermos de pomba da paz e merecer um prémio Nobel, as crianças estão esfomeadas. Abrimos a lancheira, agarram-se às sanduíches e…oh! Caiu na areia. Já não dá para comer. A fruta está quente. A salada está murcha. E caiu areia nas bolachas.
Antes de irmos embora insistem em tomar mais um banho no mar. Mas já se aproxima a hora do almoço e o sol está a ficar cada vez mais quente e perigoso, apesar de os termos envolvido em protetor solar diversas vezes. E há inevitavelmente as partes do corpo que não foram cobertas pelo protetor apesar dos esforços parentais…e parece que vai haver escaldão. Ai!
Estamos cansados. Arrumamos a tralha e vamos para casa. Chegamos e dá mesmo vontade de nos estatelarmos no sofá.
Mas…faltam os banhos (que requerem muita paciência para retirar a areia do cabelo), preparar mudas de roupa, comida, arrumar a tralha e passar as horas seguintes a aspirarmos as centenas de grãos de areia ?sabiamente? espalhados por toda a casa.
Não valeu a pena pois não? Claro que valeu! Apesar de tudo, conseguimos ler duas páginas e três quartos de um livro mas não chegamos à parte em que se descobre quem era o assassino. Talvez amanhã. E…estamos a começar a ficar com um bronzeado bonito. E um ar saudável. E os miúdos estão exaustos, famintos mas muito, muito felizes! E um dia lembrar-se-ão dos longos dias passados na praia…como nós nos lembramos dos nossos!