Os avós têm um lugar especial em cada família. São um pilar fundamental na educação dos mais pequenos, contribuindo com os seus conhecimentos, carinho e afetos. E parece que são mesmo a razão por detrás da evolução humana (especialmente as avós!).
Como podemos explicar isto? Uma equipa de investigadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, demonstrou que os humanos foram selecionados para viver várias décadas após deixarem de se reproduzir, mas, sobretudo, para permanecerem fisicamente ativos durante estes anos pós-reprodutivos.
E porquê? Criar uma criança requer inúmeros cuidados e a ajuda dos avós é imprescindível. Sabemos também que o ser humano é uma das poucas espécies que se mantém dependente dos progenitores, e de outros adultos, muito depois do nascimento.
A “hipótese da avó”
Os cientistas defendem que a seleção natural favoreceu a longevidade dos avós, nomeadamente das avós, para garantir apoio aos pais e para cuidar da sua descendência.
Os investigadores Kristen Hawkes, James O’Connell e Nicholas Blurton Jones provaram, em 1997, que se tem assistido a um aumento da esperança média de vida das mulheres graças ao seu papel enquanto cuidadoras.
Ao observar um povo da Tanzânia, os cientistas descobriram que sobreviviam mais crianças nas famílias com avós que ajudavam a alimentá-las, transmitindo-lhes tradições culturais e outros ensinamentos.
Este estudo levou à “hipótese da avó”, que defende que as fêmeas mais velhas evoluíram ao perder a capacidade de reprodução para focarem o seu tempo e a atenção na sobrevivência das crias da família. Esta ideia pode explicar por que razão as mulheres vivem imensos anos após o período fértil, ao contrário do que acontece na maioria das espécies.
Daniel E. Lieberman, professor de biologia evolutiva da Universidade Harvard, vem agora reforçar esta teoria, sublinhando a importância dos avós na evolução da humanidade. De acordo com Lieberman, fomos “selecionados para viver muito depois de pararmos de nos reproduzir, de forma a aumentar o nosso sucesso reprodutivo. E fazemos isso ao ajudar os nossos filhos e os nossos netos. É este o segredo da longevidade humana”.
O seu contributo – “hipótese dos avós ativos” – mostra que o exercício físico é cada vez mais importante consoante envelhecemos. O professor realçou que a atividade física associada ao cuidado dos netos, evitou, nos nossos antepassados, o surgimento de algumas doenças típicas da idade e que nao se demonstraram no povo da Tanzânia que foi, anteriormente, objeto de estudo.
Assim, segundo esta última investigação, o empenho das avós foi crucial para aumentar as hipóteses de sobrevivência das crianças. Em troca, os humanos têm sido recompensados com uma vida mais longa e mais saudável.
Agora, temos ainda mais razões para agradecer o esforço e a presença dos avós na vida das nossas crianças!