O seu filho tem 6 anos e ainda faz birras?
As birras podem colocar à prova as competências parentais. Uma criança de 3 anos que explode com impaciência ou uma de 6 que grita na loja depois de ouvir um “não” são ambos exemplos de monitores de um acesso de raiva.
O bater, gritar, chorar, dar pontapés, atirar-se para o chão e as palavras pejorativas que acompanham uma birra são manifestações típicas em crianças com idades compreendidas entre os três e seis anos, embora algumas crianças dos sete aos nove anos ainda exibam estes comportamentos. Esta explosão emocional pode ocorrer a qualquer momento e em qualquer lugar, seja no consultório médico, no parque ou no supermercado.
A birra da criança: uma explosão de emoções centrada na frustração da criança
Muitas vezes, a criança não consegue ficar parada, estar sentada ou permanecer num determinado lugar. Por vezes, mesmo quando o motivo da birra está resolvido (e.g. o pai que, finalmente, lhe dá o chocolate), a criança pode não chegar a um nível de calma ou satisfação.
A montanha-russa emocional em que uma criança entra, quando está a fazer uma birra, é por vezes atribuída a uma fase imatura de desenvolvimento do cérebro, com destaque para a incapacidade em regular as suas emoções.
As birras são de facto bastante temidas pelos pais, no entanto é importante ter em mente que estas são ocorrências comuns e um comportamento bastante esperado para as crianças. Por outro lado, também pode ajudar manter-se na perspetiva de que as crianças não são as únicas a sucumbir a um acesso de raiva e que mesmo os adultos são conhecidos por apresentar esse comportamento indesejável.
Enquanto a birra que ocorre durante a infância é frequentemente associada a um “não”, há outras causas para uma súbita explosão de emoções. A lógica por trás de uma birra nem sempre é facilmente percebida. O atirar-se para o chão e gritar, podem simplesmente ser um caminho para as crianças mais agitadas libertarem o seu excesso de atividade. Ainda, quando a criança tem fome ou está muito cansada, pode exibir este comportamento pois é a forma que encontra para conseguir comunicar e expressar estas necessidades.
Outras vezes, quando a rotina de uma criança é interrompida e se torna difícil lidar com a confusão, as birras podem surgir com maior frequência. As birras podem ainda surgir quando a independência é ameaçada, ou quando a criança sente a pressão de um elevado nível de restrição.
Na maioria das circunstâncias que envolvem a birra, a raiz do acto é muitas vezes centrada na frustração. Há também um equívoco quando se associam as birras a situações unicamente desagradáveis. Mesmo quando há uma elevada tensão ou stress no que respeita a situações agradáveis ou emocionantes, estas podem ser desencadeadas.
No geral, o alvo limitado de compreensão e a capacidade limitada para expressar necessidades e desejos juntamente com a frustração, acabam por contribuir em larga escala para o desencadear de uma birra.
Como lidar com uma birra
Quando o comportamento da criança passa a ficar fora do controlo, é necessário que os pais intervenham e recuperem o equilíbrio da situação. Para que a transição ocorra sem problemas, é importante para os pais manterem a cabeça no lugar e não ficarem com raiva do seu filho. Esta só irá intensificar o comportamento e dar aso a um acesso de raiva por parte da criança.
Associar comportamentos como gritar ou constranger a criança em público, apenas contribuirá para reforçar o comportamento com o qual não quer lidar no futuro. Permanecer calmo é fundamental quando se lida com uma birra. Quando possível, o melhor é ignorar o acto dado que muitas vezes, um acesso de raiva persiste quando há um público.
A parentalidade positiva é uma obrigação. Tentar argumentar com o seu filho no meio de uma birra é ineficaz. Muitas vezes, têm as emoções tão à flor da pele que não ouvem nem estão atentos àquilo que lhe estão a dizer.
Argumentar durante esta fase e pedir justificações causar-lhe-á frustração. Uma vez que o acesso de raiva passa, a criança necessita de conforto e apoio, dado que algumas birras são muitas vezes traumatizantes. Ao conversar com tranquilidade mostrará que se importa e permitir-lhe-á não só compreender a reação e sentimentos da criança, como também orientá-la para comportamentos mais positivos.
Impor consequências
Apesar dos esforços dos pais, em algum momento a criança irá quebrar as regras. Seguem-se algumas dicas para os pais incentivarem a criança a cooperar:
1. As consequências devem ser naturais e lógicas
- Permita que a criança perceba as consequências das suas ações. Se atirou o brinquedo para o chão e o estragou, então não o tem para brincar mais.
2. Retenção de privilégios
- Se a criança teve um comportamento inadequado, pode retirar-lhe o seu brinquedo preferido ou o acesso à televisão, durante um determinado período do dia. Esta retenção deve sempre que possível estar relacionada com o mau comportamento em si. Não negar algo que a criança necessita, como por exemplo uma refeição.
3. Timeout
- Quando a criança começa a dar indícios de uma birra ou comportamento inadequado, é importante dar-lhe um aviso. Se o comportamento persistir a um ponto limite, o ideal é orientar a criança para um lugar calmo e sem distrações. Pode impor o tempo limite de um minuto para cada ano de idade da criança. Depois, oriente a criança para uma atividade positiva.
É ainda importante ter cuidado quando se critica. A crítica não deve estar dirigida à criança mas sim ao seu comportamento. Em vez de dizer “és um menino mau”, tente “não deves correr na rua, é perigoso”, por exemplo. Nunca recorra a punições físicas ou emocionais.
Dar um bom exemplo
As crianças aprendem formas de agir observando os seus pais. A melhor maneira de mostrar à criança como se deve comportar é dar um exemplo positivo para esta seguir.