É simples: pai cuidador = pai e filhos + saudáveis e felizes
Quando o pai se envolve ativamente no crescimento dos filhos, está a contribuir para crianças mais saudáveis e mais felizes. Adicionalmente, o próprio pai é também beneficiado com uma melhor saúde física e mental, atesta o relatório “State of the World’s Fathers” (literalmente traduzido como estado dos pais no mundo).
O relatório “State of the World’s Fathers” (SOWF ) foi publicado pela organização MenCare que tem como missão promover a igualdade no envolvimento dos homens como pais e cuidadores não violentos para a obtenção de bem-estar familiar, igualdade de géneros e um melhor bem-estar para as mulheres e crianças.
A MenCare encontra-se ativa em mais de 30 países, nos cinco “cantos” do mundo.
A análise de quase 700 estudos oriundos de vários países, relatada em 288 páginas, do (SOWF) foi publicada por ativistas daquela organização e tem como objectivo fornecer um panorama periódico do estado da contribuição masculina para a parentalidade e prestação de cuidados.
São abordados quatro aspetos relacionados com a paternidade:
- Horas não pagas como prestador de cuidados no lar,
- Saúde e direitos sexuais e reprodutores e saúde materna, do recém-nascido e infantil,
- Prestação de cuidados e violência nos homens contra as crianças e mulheres e
- Desenvolvimento da criança.
Cerca de 80 por cento dos homens do planeta tornar-se-ão pais e praticamente todos os homens estarão de alguma forma envolvidos na prestação de cuidados a crianças. No entanto, a importância da participação masculina na prestação de cuidados
começa apenas agora a ser reconhecida para o aumento da igualdade entre os géneros.
Segundo os estudos analisados, o envolvimento do pai nos cuidados prestados afeta a criança da mesma forma que o envolvimento da mãe. A participação ativa do pai foi associada a um maior desenvolvimento cognitivo, melhor desempenho académico, taxas menores de delinquência infantil e juvenil e uma melhor saúde mental nos filhos.
A participação dos homens nos cuidados prestados à família está a aumentar em algumas partes do mundo mas não iguala a das mulheres em nenhum dos países.
As mulheres representam atualmente cerca de 40% dos trabalhadores do mundo mas continuam a ser responsáveis entre duas a dez vezes mais pelos cuidados com os filhos e tarefas domésticas do que os homens. Entre 1965 e 2003 a contribuição de homens casados e trabalhadores nos cuidados a crianças e tarefas domésticas aumentou, em média, seis horas por semana em 20 países.
Os pais cuidadores promovem um maior sucesso nas meninas e mulheres. As mulheres continuam a auferir de salários cerca de 24% inferiores aos dos homens devido em grande parte ao facto de aquelas terem que assumir a maior parte das tarefas domésticas e de cuidados.
Ao partilharem os cuidados e tarefas domésticas os homens estarão a fomentar a igualdade e participação feminina no mercado do trabalho, contribuindo ainda para a aceitação, pelos rapazes, da igualdade de géneros e da autonomia das raparigas.
O relatório indica ainda que o envolvimento dos pais nos cuidados prestados aos filhos e na saúde materna e infantil deverá promover a
interrupção do ciclo de violência. Uma em cada três mulheres é vítima de violência doméstica durante a vida e três quartos das crianças entre os 2 e os 14 anos dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento sofrem de disciplina que envolve violência.
São ainda traçadas propostas de envolvimento masculino como parte da solução para se conseguir a igualdade de géneros e de resultados positivos para as crianças, mulheres e homens.