Dar uma palmada tem o efeito contrário ao pretendido pelos pais. Este é o resultado de uma pesquisa publicada no Journal of Family Psychology que concluiu que castigar fisicamente as crianças por mau comportamento tem efeitos semelhantes ao abuso físico.
Para muitos pais (70% dos pais australianos, por exemplo) dar uma palmada aos filhos como forma de repreensão e tentativa de disciplina é aceitável. No entanto, este novo estudo vem provar que estão no caminho errado no que toca a estratégias de disciplina.
Castigos físicos têm efeito semelhante ao abuso físico
Estudo, que envolveu 160 mil crianças, provou que as crianças a quem são aplicados castigos físicos como forma de punição de comportamentos negativos, se tornam mais agressivas e antissociais tendo, por isso, um efeito contrário aos que os pais pretendem a longo prazo.
O resultado do estudo demonstra que dar um tabefe nas crianças aumenta a probabilidade de se obter uma variedade de resultados indesejados. Os efeitos negativos na formação da personalidade da criança acaba por a levar a resistir e a fazer o contrário daquilo que os pais / cuidadores pretendem. O castigo também leva ao medo e à ansiedade que podem causar problemas emocionais a curto prazo.
A definição usada neste estudo para “bater” na criança foi a de atingir a criança com a mão aberta nos braços, pernas ou rabo.
A inutilidade da palmada e tabefes
Segundo os especialistas, dar uma palmada ou castigar fisicamente as crianças é uma forma de disciplina inaceitável. Quando se bate na criança, os pais estão a dizer-lhe que a violência é um comportamento aceitável.
Varias pesquisas demonstram que os pais são o principal modelo de comportamento para os filhos. Se os pais reagem de forma violenta e não conseguem controlar as suas próprias emoções através de acessos de raiva, os filhos vão desenvolver o mesmo padrão de comportamento.
Para além disso, as crianças agredidas fisicamente são mais propensas a exibir comportamentos agressivos, têm um QI mais baixo e níveis de bem-estar também mais baixos.
Saber gerir as suas próprias emoções
Os adultos também precisam de aprender a gerir os seus sentimentos, frustrações, expectativas e a lidar com a pressão do trabalho, por exemplo. Quando os pais chegam a casa cansados, preocupados com as situações do dia-a-dia, têm menos paciência e calma para lidar com certas reações dos filhos.
Criar um ambiente familiar compreensivo e caloroso, um local seguro, onde as crianças se sentem protegidas e compreendidas e onde há espaço para partilhar frustrações e sentimentos, é positivo e saudável para todos.
Regras claras e expectativas realistas
Quando há regras claras sobre os comportamentos que são ou não aceitáveis, é muito mais fácil lidar com as crianças. Em determinadas fases da vida, as crianças tentarão desafiar esses limites. Desafiar os pais faz parte do seu processo de desenvolvimento.
Mas regras claras tornam o crescimento, a comunicação e as relações muito mais fluídas e compensatórias. O comportamento das crianças é fortemente influenciado pelas consequências positivas ou negativas que se seguem aos seus atos.
É mais eficaz recompensar a criança por se portar bem do que castiga-la por se portal mal.
Então, disciplinar a criança começa muito cedo. E a forma como ela reage ao longo da vida às experiências que a deixam frustrada e que pode motivar muitos comportamentos que os pais não aceitam, depende muito mais da forma como os pais definem e aplicam as regras do que com o temperamento da criança ou a punição.
Explicar claramente o comportamento que se pretende que a criança tenha é o primeiro passo. Isso exige preparar a criança para as situações e dizer-lhe o que se espera que faça com calma e antecipação.
Cada criança tem os seus próprios traços de personalidade mas, no geral, uma criança que vive num ambiente seguro, com regras claras – definidas para promover comportamentos positivos –, que conhece as consequências dos seus atos e sente o apoio dos pais, é uma criança mais tranquila e com maior capacidade de gerir as suas emoções porque compreende o que se espera dela.
Mas também é uma criança com maior capacidade de desenvolver mecanismos para lidar com o stress e com a ansiedade (por isso se aconselha a levar o bebé uma hora por dia para a creche algum tempo antes de lá ficar o dia todo, por exemplo, para aprender a lidar com a separação da mãe de modo gradual), desenvolve maior autocontrolo e sabe distinguir entre comportamentos positivos e negativos.
Alternativas às palmadas
O site australiano Raising Chidren partilha algumas técnicas disciplinares alternativas à palmada que os pais podem usar na hora de corrigir os comportamentos negativos os seus filhos.
Os especialistas sugerem técnicas como dar um tempo (time out), retirar privilégios ou limitar o tempo para ver televisão, por exemplo. No entanto, é fundamental não exagerar no castigo e nunca ceder. Depois de definir como vai punir um mau comportamento, não vale ceder só porque a criança faz uma birra ou porque você está demasiado cansada para o manter.
Quando os pais aplicam uma disciplina justa e firme, assente em regras claras e coerentes, ajudam os seus filhos a crescer e a desenvolver comportamentos positivos.
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