O conceito não é novo. Tem já algumas décadas, cerca de seis. A parentalidade com apego (do inglês “attachment parenting”) é também conhecida como parentalidade natural. E o termo assenta-lhe bem pois consiste essencialmente em formar e cultivar relações fortes entre pais e filhos.
Através da parentalidade com apego os pais tratam as crianças com respeito, dignidade e carinho. As interações fomentadas pelos pais com as crianças servem de modelo para a forma como gostariam que elas interagissem com os outros.
Como funciona a parentalidade com apego?
Os pais que decidem educar os seus filhos através dos princípios da parentalidade com apego promovem laços afetivos e segurança.
As crianças sentem, desde a nascença, que todas as suas necessidades são satisfeitas. Com efeito, os princípios da parentalidade com apego passam por promover o contacto físico e garantir um sono seguro em termos físicos e emocionais.
Além do amor e respeito com que os pais tratam os filhos, devem responder com sensibilidade. Devem proporcionar à criança cuidados consistentes, sempre com carinho.
A disciplina é aplicada com uma abordagem positiva para que a criança desenvolva uma consciência orientada por uma disciplina interior e compaixão pelos outros. Os comportamentos da criança são interpretados à luz de necessidades emergentes.
Uma criança independente? Como é tal possível?
Todos estes conceitos e princípios que regem a parentalidade com apego podem parecer à partida estranhos. Provavelmente pensará que uma criança assim educada será uma mimada, totalmente agarrada aos pais e dependente. Certo?
Errado!
Nas primeiras semanas de vida de um bebé poderá parecer assim, pois estará a responder incessantemente às suas necessidades. O recém-nascido não quer estar longe da mãe.
Mas, “é de pequenino que se torce o pepino” e este ditado assenta aqui como uma luva.
Ao responder às necessidades do seu bebé desde pequenino, estará efetivamente a prepará-lo para ser independente ao longo da vida. A criança irá sentir-se mais segura e confiante para arriscar e desenvolver a sua independência. A disciplina positiva vai ensiná-la que as suas ações têm consequências. O carinho e respeito dos pais vão ensiná-la a perceber que tem valor, que é importante.
A parentalidade com apego promove, como vimos, laços afetivos seguros entre pais e filhos. As crianças têm necessidade de terem a presença física constante de pais afetuosos e consistentes. Ao oferecer segurança e consistência à criança, esta irá responder ao stress de forma mais saudável. Mais, esta segurança irá contribuir para uma saúde mental mais robusta.
Finalmente, os pais que estabelecem uma relação afetuosa com os filhos estarão a passar um modelo de relacionamento. Este modelo é o que estes irão seguir em adultos.
O que diz o pediatra William Sears
O pediatra William Sears elaborou os oito princípios subjacentes à parentalidade com pego. Sobre a forma como este modelo educacional fomenta a independência, o especialista explica que:
“Devido ao facto de a criança com um vínculo saber que os seus pais a ajudam a sentir que está em segurança, ela é mais propensa a sentir-se segura para explorar o seu ambiente. Com efeito, há estudos que demonstraram que as crianças pequenas que têm um vínculo seguro com a sua mãe tendem a adaptar-se a novas situações de brincadeira e brincam de forma mais independente do que as crianças pequenas menos vinculadas”.