Ter filhos envelhece as mulheres 11 anos. Pelo menos, esta é a conclusão sugerida por estudo levado a cabo pela Universidade George Mason, na Virgínia, EUA, que analisou o ADN de mulheres com e sem filhos.
A eventual dificuldade em conceber, a gravidez, o parto, os cuidados ao recém-nascido, a necessidade de adaptação familiar e da vida do casal ou a pressão de educar e cuidar de uma criança são alguns eventos que podem causar ansiedade e aumentar os níveis de stress das mulheres. Mas, estudo realizado nos EUA, vem agora sugerir que os efeitos da maternidade podem mesmo afetar o ADN.
Ter filhos envelhece as mulheres 11 anos
O estudo baseou-se na análise do ADN de 1954 mulheres norte-americanas, com idades compreendidas entre os 20 e os 44 anos, concluindo que a experiência de ter filhos pode ser uma das causas associadas ao aceleramento do envelhecimento celular.
Os investigadores concluíram que as mulheres com filhos tinham telómeros 4,2% mais curtos do que as participantes sem filhos o que se traduz em 116 bases pares (unidades do telómero) a menos. Considerando que todos os anos perdemos cerca de 10 bases pares, ter um filho equivale a um processo de envelhecimento de 11 anos.
Os telómeros são sequências repetitivas de ADN existentes nos cromossomas que influenciam o envelhecimento — a preservação dos telómeros reduz o ritmo do envelhecimento.
Surpreendida pelos resultados, Anna Pollack, investigadora que participou neste estudo, afirmou à New Scientist ser necessário fazer mais investigação sobre o assunto e aconselhou cautela na interpretação dos resultados divulgados.
O stress causado pela gravidez e pela pressão de criar uma criança parece ser o principal responsável pela variação observada no ADN das mulheres com filhos. Ainda assim, e como não houve uma verificação destes valores antes, durante e depois da gestação, não é possível ter prova disto.
Estudos semelhantes sugerem o oposto
Em julho de 2017, uma investigação realizada em mulheres da Malásia sugeriu que as mulheres com filhos apresentavam telómeros mais longos.
No seu trabalho, Anna Pollack aborda esta questão, especulando se a diferença de resultados entre as duas investigações possa estar de alguma forma relacionada com a falta de licença de maternidade obrigatória nos Estados Unidos o que pode aumentar os níveis de stress das mães nos primeiros tempos de vida com o recém-nascido.
Anna Pollack declarou, também, que este estudo não deve levar as pessoas a entrar em pânico. “Nós não estamos a dizer para não terem filhos.’, acrescentando que “as descobertas devem ser interpretadas com cautela”.