Vínculo emocional e desenvolvimento da criança. O bebé tem competências inatas para entrar em comunicação com o principal cuidador, geralmente a mãe.
Vínculo emocional e desenvolvimento
Sabe-se hoje que a ligação precoce mãe-bebé vai influenciar o próprio desenvolvimento cerebral e contribuir para modular as emoções, o pensamento, a aprendizagem e o comportamento ao longo da vida.
Como é que a relação precoce influencia o desenvolvimento do bebé?
As interações precoces mãe-bebé são mutuamente compensadoras, permitem que o bebé se desenvolva a nível cognitivo, emocional e relacional e que cresça com:
- Um sentimento de segurança interna;
- Confiança na relação com os outros;
- Curiosidade e desejo de explorar o mundo.
Como se desenvolve a relação entre o bebé e os seus pais?
Face aos comportamentos do bebé, os pais ou substitutos aprendem a compreender e a prever as suas reações, descobrem os seus pontos fortes e as suas fragilidades, reconhecem o seu temperamento e o seu tipo de sensibilidade aos estímulos. E respondem progressivamente de modo cada vez mais adaptado, sensível, contingente e sincrónico ao bebé.
Como se desenvolve a relação mãe-criança ao longo dos primeiros anos de vida?
0 – 2 meses
Não é bem visível ainda uma relação preferencial do bebé com um cuidador específico. No entanto, as respostas calorosas, sensíveis, fiáveis e seguras da mãe ou substituto vão desencadear o desenvolvimento da relação vinculativa.
2 – 4 meses
O bebé tende a interagir de forma diferente com o principal cuidador e com estranhos e vai mostrando a sua preferência pelo primeiro.
4 – 7 meses
O bebé desenvolve expectativas quanto à resposta da mãe ou substituto em situações de mal-estar e tensão.
Estas expectativas baseiam-se nas experiências relacionais repetidas que o bebé vive com o dador de cuidados e são denominadas “modelos operativos internos”.
7 – 12 meses
O bebé mostra uma clara preferência por um pequeno número de figuras de vinculação, que são os seus principais dadores de cuidados.
Surge a angústia do estranho (reação de medo e angústia da criança face a uma pessoa estranha) e a ansiedade de separação.
12 – 18 meses de idade
Com o início do gatinhar e da marcha autónoma, o bebé tende a usar a figura de vinculação como uma “base estável”, a partir da qual se aventura para explorar o mundo e como um “porto seguro” onde regressa quando está assustado, cansado ou de alguma forma perturbado.
18 meses – 4 anos de idade
A relação segura é agora caracterizada por uma progressiva tolerância à separação, pela aprendizagem da cooperação e pela regulação do equilíbrio entre a necessidade de autonomia / autocontrolo / exploração e a continuação da necessidade de afeto /amor / proteção.
Bibliografia: Promoção da Saúde Mental na Gravidez e Primeira Infância – Manual de orientação para profi ssionais de saúde – Direcção-Geral da Saúde Direcção de Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental – Lisboa: DGS, 2006. – 46 p. ISBN: 972-675-121-7