A exploração de livros é, naturalmente, uma estratégia bastante associada à aquisição e ao desenvolvimento da linguagem.
No entanto, nem sempre os pais e educadores têm sido orientados acerca da melhor forma de explorar o livro, caindo-se na tentação de adquirir um número elevado de livros, na expectativa de que “quantos mais livros, melhor”.
Contudo, para se obter um resultado efetivo no desenvolvimento de competências linguísticas, assim como na aquisição futura da leitura e da escrita, é imprescindível refletir acerca do modo como se explora o livro, bem como na qualidade da interação durante essa mesma atividade (Dunst, Simkus, A. & Hamby, 2012).
“Uma leitura alegre é tão útil à saúde como o exercício do corpo”, Emmanuel Kant
A importância da leitura partilhada
Existem várias investigações que procuram estudar detalhadamente esta relação, bem como as práticas de leitura mais adequadas ao desenvolvimento da linguagem. Estudos mais recentes revelam que a realização de leitura partilhada assume efeitos positivos nas competências de linguagem compreensiva e expressiva e na alfabetização futura. Os autores referem também que, quanto mais cedo a leitura partilhada for iniciada e quanto mais tempo a criança tiver exposta a este tipo de prática, maiores serão os benefícios no futuro (Dunst, Simkus, A. & Hamby, 2012).
A leitura partilhada apoia-se na interação pai-criança, sendo a leitura um momento divertido, agradável, espontâneo, de partilha e entusiasmo comum. Mais do que ler o conteúdo do livro e seguir as frases ou as falas das personagens, procura-se que a criança se sinta envolvida e motivada pelo momento da leitura.
É indispensável, portanto, dar espaço e liberdade para a criança expressar-se (nomeando e/ou descrevendo as imagens, comentando, colocando perguntas, imaginando…), não esquecendo de valorizar e elogiar as suas respostas e a sua colaboração (Wesseling & Lachmann, 2012).
A técnica da leitura partilhada abrange um conjunto de estratégias que se diferenciam de acordo com a idade da criança. Algumas das estratégias envolvem a colocação de perguntas à criança, com o intuito de ir avaliando os seus conhecimentos. No entanto, a colocação destas questões não deve ser estruturada nem assumir um carácter penalizador, em que a criança se sinta avaliada e sem espaço para tomar a iniciativa ou ser espontânea.
Por conseguinte, os tópicos apresentados de seguida representam um conjunto de linhas orientadoras, que têm como pano de fundo, tornar o espaço de leitura um momento afetivo, divertido e espontâneo, quer para a criança, quer para os pais (Wesseling & Lachmann, 2012).
Aos 2-3 anos
- Estimular a criança a falar sobre o livro: fazer comentários; colocar perguntas simples e abertas – O que é? Onde está?, acompanhando os interesses e os tempos da criança.
- Avaliar a resposta da criança, colocando as perguntas anteriores ou dizendo frases incompletas para o seu filho/a completar (exemplo: Olha! É um…).
- Expandir a resposta da criança, repetindo e adicionando informação.
- Solicitar novamente a informação para garantir que a criança aprendeu.
- Elogiar as respostas dadas e assumir uma atitude de interesse e motivação pelas respostas da criança.
Aos 4-5 anos
- A interação é mais elaborada.
- As frases devem começar de forma a que a criança possa completá-las.
- Pedir à criança que conte a história a partir das imagens ou que conte o final.
- Convidar a criança a recontar o que ouviu Colocar questões abertas – O que aconteceu? Quem? Onde? E depois? Porquê?
- Avaliar a resposta da criança, colocando as perguntas anteriores.
- Expandir os comentários e as suas respostas, adicionando novas informações.
Referências bibliográficas:
- Dunst, C. J., Simkus, A. & Hamby, D. W. (2012). Effects of reading to infantsand toddlers on their early language development [Versão eletrónica], Center for Early Literacy Learning, 5 (4) Wesseling, P. B. C.amp; Lachmann, T. (2012).
- Aquisição e desenvolvimento da linguagem por meio da biblioteca e programa de leitura dialógica para crianças em idade-escolar [Versão eletrónica], Congreso Iberoamericano de las Lenguas en la Educación: Salamanca.