Segundo um relatório da UNICEF, as crianças na Holanda apresentam um maior bem-estar. A agência da Nações Unidas analisou dados de crianças de mais de 40 países desenvolvidos, classificando-os segundo o bem-estar mental, saúde física e desenvolvimento de habilidades acadêmicas e sociais das crianças.
A Holanda obteve a classificação mais elevada, seguida da Dinamarca e Noruega. No final da tabela, surgem países como o Chile, Bulgária e Estados Unidos. Diferentes relatórios haviam já mostrado que a Holanda encontra-se acima da média em diversas áreas, nomeadamente a nível de salários, educação, habitação e saúde.
Especialistas defendem que a felicidade e o bem-estar das crianças são influenciados por fatores sócio-económicos. “Há uma maior probabilidade de as crianças verem cumpridas as suas necessidades no contexto de países com maior poder económico e regalias socias. Daí, consequentemente, resulta uma maior satisfação”, explica Anita Cleare, especialista em questões de parentalidade.
As razões que podem explicar este sucesso
O estilo parental tem um poder decisivo no bem-estar das crianças. Um estilo parental assertivo, que estabelece “limites claros, mas com amor e cordialidade, tem-se mostrado consistentemente relacionado com resultados positivos no desenvolvimento das crianças“, acrescenta Anita Cleare.
Para além disso, o sentimento de vergonha e a dificuldade de comunicação podem ser prejudiciais para os mais pequenos, e os holandeses têm fama de serem abertos e falar sobre assuntos que poderiam ser considerados tabu ou mais desconfortáveis de abordar noutros países.
A população holandesa incentiva, ainda, à diversidade e inclusão. Esta é considerada uma abordagem bastante positiva para as crianças e jovens, uma vez que, cada vez mais, as crianças estão sujeitas a uma elevada pressão a nível académico e social, muito por culpa do mundo digital e das redes sociais.
“Crescer numa cultura onde as capacidades e as características únicas de cada criança são celebradas, faz com que tenham liberdade de ser quem realmente são. E como também não são julgadas, têm a oportunidade de criar e nutrir amizades mais saudáveis e com uma cultura de playground mais positiva. Tudo isto vai elevar os níveis de felicidade”.
Aliás, o relatório demonstrou que 81% dos adolescentes holandeses com 15 anos de idade, têm uma grande facilidade em fazer novos amigos e um grande sentimento de pertença à comunidade escolar, com elevados níveis de satisfação e performance académica.
Todo este mindset contribui para uma cultura de não competitividade na escola, onde o foco está no desenvolvimento do gosto e do interesse pela aprendizagem. Aqui, as notas dos exames não são tudo, pois o objetivo é estimular a curiosidade das crianças.
Para os pais, é importante ouvir as preocupações e desejos dos mais pequenos, promovendo mecanismos de aprendizagem que, mais tarde, permitam às crianças e jovens fazer a diferença na sociedade.