A tecnologia faz parte da vida das crianças e adolescentes. Hoje, em todas as casas há pelo menos, uma televisão e em mais de 90% um computador. Com estas novas formas de entretenimento, as brincadeiras que já muitos consideram do passado estão cada vez mais esquecidas.
Jogar à bola na rua, ao polícia e ladrão, às “caçadinhas”, ao peão, aos berlindes, saltar à corda, são brincadeiras ultrapassadas pelos computadores, televisão, jogos de vídeo e telemóveis, leitores de DVD, a consola de jogos e os sempre presentes leitores de MP3, iPods e Tablets.
Com este uso e abuso das tecnologias as crianças mal saem de casa para se divertirem com amigos, para passearam, visitarem museus, parques, etc. Há pouco tempo atrás, as crianças e adolescentes faziam as suas amizades nas escolas, ruas, atividades extracurriculares, etc. Estas amizades eram realizadas da maneira física conhecendo as pessoas pessoalmente, o que já não é a realidade atual.
Uma pesquisa da Kaiser Family Foundation, revela que as crianças entre os 8 e os 18 anos gastam em média, cerca de 7 horas e 38 minutos, por dia, em frente a uma televisão. Estes números que a investigação apresentou deixam-nos assustados.
As crianças não deveriam ver mais do que 1 a 2 horas de programas de qualidade por dia, pois os riscos de ver muita televisão são bem conhecidos:
- Obesidade, um estudo da American Journal of Clinical Nutrition revelou que ver televisão durante a refeição pode interferir com o hábito da refeição e pode contribuir para o aumento da ingestão calórica nas crianças.
- Alteração dos padrões de sono.
- Violência e agressividade e contribuiu para o desenvolvimento de problemas sociais e comportamentais que se realçam na idade adulta.
- Comportamentos de risco, estereotipagem racial e dos papéis de género.
A utilização destas novas tecnologias é até certo ponto saudável e desejável. A sua existência veio tornar muitos aspetos da vida das nossas crianças mais atrativos ou mais fáceis, nomeadamente até a sua educação formal . Mas os pais devem elaborar regras para os horários de utilização e devem sobretudo incentivar a continuação das brincadeiras “tradicionais”.
Porque é que é tão importante brincar “cá fora”?
A maioria das habilidades sociais e intelectuais que são necessárias para se ter sucesso na vida, são desenvolvidas por meio de brincadeiras de infância.
Os jogos não estruturados, onde as crianças têm que descobrir tudo por si só, são muito importantes. As crianças aprendem a resolver problemas, pensar de forma criativa e trabalhar como uma equipa, a partir construção de uma tenda ou cavar juntos uma caixa de areia, por exemplo.
Um estudo que envolveu cerca 11.000 crianças, com idades entre oito e nove anos, do Albert Einstein College of Medicine descobriu que, após apenas 15 minutos de brincadeira, os alunos apresentaram melhor desempenho na sala de aula.
E não se esqueçam que a falta de jogar e brincar pode também levar à obesidade na infância, a distúrbios associados com ADHD, problemas comportamentais, e a um efeito negativo no desenvolvimento cognitivo e criativo.
Esta mudança geracional no que diz respeito a evolução da tecnologia e à forma como esta se constituiu um recurso válido e presente na vida dos mais pequenos, exige cuidados e regras pela parte dos pais.
Regras para limitar o tempo e forma como se usam estes novos recursos e estimulação para não perderem as brincadeiras “tradicionais” de criança, que farão toda a diferença no desenvolvimento do seu futuro adulto.