Quem intervém no Bullying?
Existe um conjunto de “personagens” típicas de uma situação de Bullying:
- Agressor: “Bully”.
- Vítima.
- Reforçador: por norma, incentivam o agressor nas suas investidas face à vítima e reforçam positivamente o seu comportamento.
- Defensor: defendem a vítima.
- Outsider: pessoas que não intervêm na situação de Bullying, muito embora possam saber da sua existência e assistir a alguns comportamentos.
O que pode ser, então, considerado Bullying?
Deixo alguns exemplos que, como referi anteriormente, têm de ser repetidos e perpetuados no tempo para serem considerados como tal:
- Insultos/alcunhas, aquilo que a que vulgarmente apelidamos de “chamar nomes”, com vista a menosprezar a vítima.
- Bater (pontapés, murros, estalos, puxões de cabelo, joelhadas, obrigar a vítima a fazer algo que resulte em danos físicos).
- Danificar os bens da vítima: material escolar e/ou roupa, bem como outros bens pessoais (telemóveis, acessórios, equipamentos,…).
- Espalhar rumores negativos sobre a vítima.
- Depreciar a vítima sem nenhuma razão para tal.
- Depreciar a vítima ou um familiar próximo/significativo com base no seu aspeto físico, nacionalidade, cor da pele, local de residência, orientação sexual, orientação religiosa ou qualquer outra inferioridade (por exemplo, ser muito alto/baixo, gordo/magro, usar algum tipo de aparelho dentário, auditivo, motor ou óculos).
- Ameaçar a vítima e obrigá-la a fazer algo contra a sua vontade, por meio da chantagem.
- Colocar a vítima numa situação numa posição desagradável, nomeadamente culpabilizá-la de algo que o agressor fez ou desacreditá-la perante figuras de autoridade.
- Forçar o isolamento social da vítima: não permitir que tenha amigos, que integre brincadeiras ou qualquer tipo de convívio.
- Usar tecnologias de informação e comunicação para denegrir a vítima: por exemplo, perfis falsos no Facebook, comentários depreciativos em fotos, murais ou eventos, divulgar o seu número de telemóvel em sites de relacionamentos ou criar perfis falsos em sites de conteúdo sexual.
A que sinais devem os pais estar atentos?
- Mudanças repentinas de humor/comportamento: a criança poderá reagir de formas diferentes. Nem todas choram e se isolam: algumas respondem com agressividade. Quase todas, porém, apresentam níveis de ansiedade/depressão elevados.
- Materiais constantemente destruídos ou desaparecidos.
- Dores de cabeça, de barriga ou vómitos nas vésperas de aulas (ou do dia onde há contacto com o agressor).
- Diminuição do rendimento académico.
- Diminuição clara da autoestima e da autoconfiança da criança, que se traduzem normalmente em verbalizações negativas (“Não sirvo para nada”, “Ninguém gosta de mim”).
O que podem fazer os pais?
- Estabeleça um bom nível de comunicação e fale do assunto com o seu filho: perceba concretamente o que está a acontecer.
- Não lhe diga para responder com violência: comportamento gera comportamento.
- Não estimule a dependência do seu filho: faça-o entender que o protege e entende, mas sem depender de si para tudo.
- Procure ajuda: por norma, a maioria dos pais não tem conhecimentos suficientes nem um distanciamento emocional que lhes permitam tratar sozinhos do assunto. Envolva a escola, os professores e os técnicos escolares, para que possam analisar e ser parceiros na resolução da situação.
- Procure, se necessário com ajuda, alternativas eficazes para responder aos comportamentos do agressor e treine-as com o seu filho.
- Caso a agressão continue e esteja em escalada crescente, considere a hipótese de entregar o caso a um advogado.
- Por muito difícil que lhe possa parecer, mantenha a calma, o otimismo e a determinação. Mostrar preocupação vai preocupar ainda mais o seu filho.
O meu filho é o agressor. E agora?
- Não negue essa possibilidade à partida: não acontece só aos outros.
- Procure compreender, junto da escola e dos professores, as causas.
- Se ainda não o faz, acompanhe de perto as atividades e os amigos do seu filho; se já o faz, preste atenção redobrada.
- Procure canalizar a agressividade do seu filho para uma atividade positiva: desporto ou voluntariado são duas excelentes opções.
- Mostre-lhe, de forma clara e concreta, as consequências dos seus atos.
- Elogie os seus comportamentos positivos, mas mostre também desagrado pelos seus comportamentos negativos, dando-lhe pistas para comportamentos alternativos que poderia ter tido nessas ocasiões.
- Colabore com a escola, com os professores e com os pais das vítimas: todos juntos, conseguirão fazer um melhor trabalho.
A aposta na prevenção continua a ser o meio mais eficaz de combater o Bullying, bem como a formação a pais, auxiliares de acão educativa, professores e técnicos escolares. Com o aumento do uso, cada vez mais precoce, das novas tecnologias, urge sensibilizar todos estes agentes educativos para a prática do cyberbullying (Bullying na Internet), muitas vezes desconhecido pelo facto de não haver um controlo parental eficaz no que as crianças e os jovens fazem com os seus aparelhos eletrónicos.