É certo que as crianças precisam de serem aceites como são, de estabilidade familiar, mas também – e sobretudo – de serem amadas. A maioria dos pais amam os filhos, mas podem encontrar dificuldades em demonstrá-lo. E é fulcral que o façam, pois a segurança e o amor são imprescindíveis no desenvolvimento saudável de uma criança.
Em declarações ao site de parentalidade Parents, Amy Morin, psicóloga e apresentadora do podcast Mentally Strong People, “o amor e a segurança garante que eles não precisam de se preocupar com os problemas dos adultos, dando-lhes liberdade para serem apenas crianças”.
Se não tem ideia de como o fazer sem ser com beijinhos e abraços, descubra nestas 11 dicas maneiras distintas de mostrar amor aos pequenos.
Oiça o seu filho
Tal como os graúdos, os miúdos gostam de saber que são importantes para os que estão ao seu redor. Pode demonstrar que se preocupa e que o ama se estiver ao seu lado e procurar saber mais do seu dia a dia, no que está a pensar, falar sobre diversos temas e procurar saber a sua opinião. Acima de tudo, ouvi-lo ativamente, com toda a sua atenção (aqui entra o conceito de escuta ativa).
Divirtam-se juntos
Amy Morin explica que é extremamente importante encontrar formas simples de brincar e se divertirem juntos em família, numa janela horária não delineada para tarefas.
“Façam jogos de tabuleiro, sejam tolos… Esta é a melhor forma de criar ligações com os filhos e mostrar que valoriza o tempo passado com eles”: diz.
Abrace-os mais
“Adoro-te”, “gosto muito de ti” ou “amo-te muito” são frases impactantes e essenciais para a criança, mas também o toque tem o poder de passar esta mensagem e de reforçar os laços afetivos entre pais e filhos, “especialmente na adolescência“, avança a psicóloga Ped Sadie, altura em que eles já não pedem, “mas ainda precisam dessa segurança física, tal como os adultos”.
Demonstre amor em pequenos gestos
Costuma-se dizer que os pequenos gestos fazem toda a diferença, não é? E fazem mesmo. Se não for o tipo de pai ou mãe que gosta de abraçar e dar beijinhos, saiba que pode demonstrar o seu amor em pequenos gestos.
A psicoterapeuta Amy Morin sugere deixar bilhetes na lancheira, elogiar – especialmente se o fizer em frente a outras pessoas. “As crianças vão-se sentir amadas [e queridas] quando os pais fazem estas pequeninas coisas”: justifica.
Crie uma rotina conjunta especial
A criação de uma rotina especial não tem de ser necessariamente dispendiosa ou muito elaborada. Basta que reserve um tempo para, por exemplo, todos os domingos fazerem um bolo ou umas bolachas juntos enquanto ouvem música, cantar uma canção ou ler um livro à noite ou até mesmo aquela sessão de cócegas mesmo antes da criança se entregar ao conforto dos lençóis e viajar pelo mundo dos sonhos.
“O que quer que seja, faça-o de forma rotineira e torne esse momento único e especial”, diz Ped Sadie.
Inclua o seu filho nas decisões de família
Perguntar-lhe se prefere ir jantar fora ou ir buscar comida ou debater sobre outros assuntos como uma possível mudança de casa ou de cidade fá-lo-á compreender que os pais valorizam a sua opinião. Dessa forma, segundo a psicóloga Peg Sadie, demonstra-lhe amor e contribui para o aumento do sentimento de pertença e de segurança no núcleo familiar.
Mantenha uma certa estrutura no seu dia a dia
Rotinas especiais à parte, as crianças precisam de rotinas e de estabilidade.
De acordo com o psicoterapeuta familiar Fran Walfish, “manter a hora de ir para a cama, a hora de acordar, os horários para fazer os trabalhos de casa e o das atividades extracurriculares” é fulcral no crescimento de uma criança.
“Quanto mais estável for a rotina e a vida do seu filho, mais ele se sentirá seguro e amado e menos ansioso será”: elucida.
Esteja atento a todos de igual forma
Se tem mais do que dois filhos estar atento a todos de forma igualitária pode parecer um desafio, mas é mais simples do que parece.
Os especialistas reforçam que, em primeiro lugar, deve valorizar a sua individualidade, não os comparando com os irmãos e apoiando os seus sonhos e celebrando as suas conquistas. Em segundo lugar, deve organizar a agenda familiar de forma a conseguir ter algum tempo individual com cada filho, nem que seja apenas 10 ou 15 minutos. Um jogo, uma brincadeira, qualquer coisa em que estejam só os dois.
Os profissionais de saúde frisam a importância de nestes momentos desligar o telefone e focar toda a sua atenção no seu filho.
Priorize a dinâmica familiar
Muitos pais esquecem-se que a dinâmica familiar tem um papel crucial na forma como a criança sente e expressa as suas emoções. Os pais são o role-model (modelo a seguir, em português) e as crianças tendem a aprender a partir através da observação da interação entre os pais para depois imitar. Por essa razão, é importante que haja uma boa harmonia familiar, mesmo que os pais já não estejam juntos.
Compreenda que as coisas materiais não substituem o amor
Apesar de já se afirmar isto há muito tempo, a verdade é que há pais que ainda tentam demonstrar o seu amor ou compensar a sua ausência oferecendo prendas. No entanto, a realidade é: as crianças dão mais valor à presença do que às prendas – podem até brincar com elas por um par de dias, mas depois são postas de lado.
Para evitar estas “substituições”, a psicóloga Amy Morin aconselha os pais a recordarem a sua infância e perceber quais as suas melhores recordações.
“Provavelmente vai-se lembrar das atividades divertidas que fazia com os seus pais. E provavelmente nem se lembra qual o presente que recebeu quando fez 10 anos.
Com isso em mente, é importante pensar sobre as lições de vida que deseja que os seus filhos aprendam e o tipo de memórias que deseja criar com eles“: adverte.
Apoie o filho independentemente das circunstâncias
As crianças precisam saber que são amadas, independentemente de terem feito algumas asneiras. Pode parecer estranho e difícil, mas é precisamente nestas alturas que os pais devem apoiar os filhos e demonstrar orgulho por estes assumirem a responsabilidade pelos seus atos.
A psicóloga infantil Laura Gerak sugere aos pais questionarem os filhos sobre qual a lição que aprenderam com os seus erros e o que acham que deviam fazer diferente da próxima vez.
Segundo a especialista em psicologia, esta capacidade de dar a volta por cima, falar e fazer estas duas perguntas mostra às crianças “que elas não são perfeitas, que ninguém o é, mas que os pais acreditam que elas vão conseguir resolver a situação e que são capazes de o fazer”. Além disso, está a trabalhar a sua autoestima e confiança.
Estas são apenas algumas ideias. Há muitas mais. Esperamos que as dicas sejam úteis e que criem uma bolha de amor aí em casa.