A história do Gato das Botas é um dos contos mais conhecidos mundialmente.
Entre outras lições, este conto mostra que não nos devemos deixar levar pelas aparências pois um simples gato transforma a vida do seu dono de forma inimaginável! Podemos sempre alcançar os nossos objetivos desde que tenhamos paciência, persistência e trabalharmos para os concretizar!
Os contos de fadas têm, sem dúvida, o dom da sedução, e o poder de de ensinar e encantar gerações. As lições e a magia que envolvem as histórias tradicionais servem de pano de fundo a inúmeras versões, dirigidas ao público infantil mas também aos adultos. Embora a versão conhecida de O Gato das Botas tenha sido escrita por Charles Perrault, e publicada em 1697, existem outras versões, anteriores e posteriores.
O Gato das Botas
Há muito, muito tempo, um velho moleiro, antes de morrer distribuiu os seus poucos haveres pelos três filhos. Ao mais velho deixou o moinho, ao do meio o burro e ao mais novo, o gato.
O filho mais novo ficou muito preocupado pois não sabia como iria sobreviver com um gato de herança. Estava o rapaz muito triste, a pensar na sua triste sorte, quando para sua surpresa, ouviu o gato a falar:
– Não fiques triste pelo facto de me teres recebido como herança pois não te arrependerás. Eu vou mostrar-te que sou bem mais precioso do que o moinho e o burro juntos. A única coisa que preciso é de um par de botas e de uma bolsa. – disse.
O rapaz ficou muito admirado com as palavras do gato. Abriu a sua bolsa, contou as poucas moedas que tinha e foi ao sapateiro mandar fazer umas botas e um saco para o gato. Assim que os artigos ficaram prontos, o rapaz entregou-os ao gato. O nosso gato calçou as botas, pôs o saco ao ombro e desapareceu.
O nosso Gato das Botas dirigiu-se então para o bosque onde apanhou dois coelhos. Meteu a sua caça no saco e dirigiu-se ao palácio real. Pediu uma audiência ao porteiro, que olhando para aquele gato com um ar tão confiante e engraçado, de botas e saco ao ombro, lhe concedeu a audiência.
O Gato das Botas leva presentes ao rei
Foi assim que o nosso Gato das Botas se viu perante o rei que se encontrava sentado no trono, acompanhado pela filha, sentada ao lado, uma princesa muito inteligente e bonita. O gato fez então uma enorme vénia e disse com um tom grave e cordial:
– Vossa Alteza, o vosso humilde servo, o Marquês de Carabás, envia-vos estes dois coelhos de presente, com os seus mais respeitosos cumprimentos. O rei e a princesa acharam igualmente muita graça ao Gato das Botas e agradeceram a cortesia do amo.
Ora o seu amo, como vimos, nada tinha de marquês, muito menos de Carabás. Este tinha sido um título inventado pelo inteligente Gato das Botas para aproximar o dono do rei.
No dia seguinte, o gato apanhou mais dois coelhos e voltou a oferecê-los ao rei, com o mesmo recado. E assim continuou durante vários dias.
Ora num castelo, no meio da floresta, vivia um ogre enorme e muito mau, do qual se dizia até que comia crianças. Ninguém se aproximava perto do castelo com medo do ogre. O Gato das Botas dirigiu-se ao castelo para ir falar com o ogre pois sabia que ele não se interessaria em comer gatos. Bateu ao portão do castelo e assim que o ogre o abriu o gato dirigiu-se a ele e afirmou:
– Ouvi dizer que és tão, tão poderoso que te consegues transformar no que quiseres!
-É verdade, transformo-me no que me apetecer – disse o ogre.
-Mas eu adorava ver.- respondeu o gato- Seria formidável!
Dito isto, o ogre transformou-se num leão que rugiu ferozmente. O gato elogiou-o imenso, dizendo que estava muito impressionado. O ogre voltou à sua forma original e sentiu-se muito vaidoso. Exclamou então o gato:
-Mais impressionante ainda seria o digníssimo e grande senhor ogre transformar-se num animal pequeno!
Dito isto, o ogre todo vaidoso transformou-se num ratinho de campo. Assim que o fez, o gato saltou para cima dele e matou-o imediatamente!
O Marquês de Carabás
Assim que deu cabo do ogre, ou melhor, ratinho de campo, o nosso gato foi a correr ter com o dono. Pediu-lhe então que fosse para o lago, tirasse toda a sua roupa e entrasse assim nu na água. O rapaz assim fez, apesar de protestar co o gato dizendo que era um disparate. O Gato das Botas respondeu ao amo que tivesse paciência pois não se iria arrepender.
Passado algum tempo ouviu-se o som das rodas de uma carruagem. Era a carruagem real que transportava o rei e a princesa. O Gato das Botas sabia que o rei passava todos os dias por aquele lugar de carruagem e foi a correr, chamando a atenção dos cocheiros com um ar aflito. A carruagem parou e o rei assomou à janela, admirado com aquela paragem súbita, quando viu o gato.
– Vossa Majestade, o meu amo, o Marquês de Carabás estava a nadar naquele lago e alguém lhe roubou as roupas. Venho pedir a vossa ajuda pois senão ele morre de frio e de vergonha!
O rei que se sentia reconhecido pelos presentes recebidos, pediu a um dos cocheiros que fosse arranjar uma roupa para o amo. Assim foi. O rei depois ofereceu-se para levar o rapaz a casa, que naquelas roupas ficava digno de ser chamado marquês. O gato indicou o castelo do ogre. Contudo, adiantou-se e perto do castelo disse a alguns camponeses que dissessem ao rei que aquelas terras eram do Marquês de Carabás! Depois dirigiu-se ao castelo do ogre e disse aos criados que o Marquês de Carabás era agora o seu amo e ordenou que preparassem um enorme banquete pois o rei estava a caminho.
No castelo
Assim que a carruagem real chegou, o rei e a princesa apearam-se e foram recebidos no castelo com toda a pomposidade pelo Gato das Botas. O monarca ficou muito agradado com o castelo que era muito bonito e com o banquete que lhe tinham preparado. Entretanto, a princesa e o filho do moleiro conversavam animadamente. Os dois jovens rapidamente se apaixonaram.
O rei que tinha ficado muito bem impressionado com o castelo e a receção do Marquês de Carabás, consentiu que os dois jovens de casassem. Assim, de pobre filho de um moleiro, o amo do inteligente Gato das Botas passou a príncipe! Quanto ao gato, nunca mais teve que caçar ratos ou coelhos pois passou a deliciar-se com as melhores natas e carnes do reino!
Referência: Wikipedia