Compreender a febre: aliado na defesa do organismo
A infância, até cerca dos sete anos de idade, é o período da vida durante o qual o sistema imunitário é estimulado e ativado pelo contacto do organismo com o mundo externo e a grande diversidade de vírus e bactérias que o habitam.
Durante o reencontro com estes microrganismos gera-se um processo inflamatório agudo através do qual o sistema imunitário vai construindo as suas armas de defesa e de combate – anticorpos e imunoglobulinas – para estar melhor preparado para defender o organismo em futuros encontros “com o inimigo”.
Frequentemente, mas não sempre, estes processos inflamatórios são acompanhados de infeção viral ou bacteriana.
É no decurso destes processos inflamatórios agudos que o sistema imunitário vai desenvolvendo toda a magnitude da tarefa que lhe compete – conhecer, reconhecer, combater e vencer – os microrganismos invasores do nosso organismo.
Ora um dos componentes do processo inflamatório agudo é a elevação da temperatura corporal que conhecemos como febre.
Para que a tarefa do sistema imunitário seja completamente bem sucedida, sendo capaz de produzir as suas armas de defesa contra os microrganismos, é necessário que este processo inflamatório reativo não seja interrompido e o corpo produza febre durante alguns dias, habitualmente não mais que cinco dias.
Por exemplo, podemos observar esta reação no episódio febril habitual após a toma de uma vacina. Para o sistema imunitário produzir os anticorpos induzidos pela vacina, o organismo tem que fazer febre.
Por outro lado, a elevação da temperatura corporal é uma eficaz estratégia de ataque aos vírus. De facto, a maioria dos vírus é muito vulnerável a temperaturas elevadas. Perante uma virose o nosso organismo produz exatamente a arma mais letal contra os nossos invasores: a febre.
É importante que compreenda que a febre é um recurso que faz parte da estratégia de defesa do nosso organismo, devendo ser entendida como um aliado.
A febre não deve ser combatida, mas compreendida e controlada.
Combater e eliminar intempestivamente a febre assim que a temperatura corporal começa a subir é anularmos um dos nossos meios de defesa anti-vírus e é pormos em causa a eficácia do nosso sistema imunitário com consequências, eventualmente, para toda a vida.
A febre deve ser compreendida
Perante um episódio febril a pergunta que se deve fazer é: Qual a causa desta febre?
O mais importante é conhecer o diagnóstico médico da causa da febre e tratar prontamente a doença bacteriana, ou vírica, que está por detrás da febre.
A febre deve ser controlada
- Durante a febre deve prevenir-se a desidratação, pelo que deve aumentar-se a ingestão de líquidos, água, tisanas ou sumos.
- Uma temperatura axilar superior a 39ºC deve ser controlada com antipiréticos para não fazer a criança correr qualquer tipo de risco.
- As pessoas ou crianças com epilepsia são um caso excepcional nos quais não se pode permitir a temperatura corporal subir mais que 37,5ºC.
- Quando um episódio inflamatório agudo se deixa evoluir mantendo a febre controlada em valores não superiores a 39ºC, e, caso seja indicado, fazendo a terapêutica farmacológica adequada ao combate da infeção causal, o sistema imunitário sai reforçado e mais competente para evitar novas infeções.