Problemas de visão na infância: quais são os mais frequentes e como detetá-los no seu filho? Este artigo aborda, sucintamente, quatro problemas de visão mais comuns e que as crianças poderão desenvolver em fases muito precoces do seu desenvolvimento. Saiba tudo no artigo.
Como evolui a visão?
A visão é o sentido menos desenvolvido do recém-nascido apesar da estrutura do aparelho visual estar completamente formada à nascença. O desenvolvimento da visão dá-se a nível cerebral. O cérebro tem, pois, que aprender a ver e para isso são necessários estímulos visuais.
Apesar de nas primeiras semanas de vida, o bebé só conseguir focar a visão a pequenas distâncias, pelos oito meses de idade já tem uma visão quase perfeita. Contudo este sentido continua o seu desenvolvimento até cerca dos seis ou sete anos de idade.
Nos três primeiros anos de vida, a criança passa por desenvolvimentos profundos a vários níveis. Isto inclui a capacidade visual.
Os problemas de visão na infância podem surgir muito cedo. É o caso do estrabismo, por exemplo, que pode manifestar-se logo aos três meses de idade.
Por isso, apesar de o pediatra observar a saúde da visão nas consultas de rotina, é importante que os pais e educadores também estejam atentos a alterações na visão dos seus bebés ou crianças.
Problemas de visão na infância
Miopia
A miopia é um problema de visão muito frequente que causa dificuldades em ver nitidamente ao longe. A criança míope vê claramente os objetos próximos, mas objetos distantes ficam turvos.
Segundo o portal da CUF, a miopia afeta 1% das crianças aos cinco anos, 8% aos 10 anos e 15% aos 15 anos. É ligeiramente mais frequente no sexo feminino. Este problema tem tendência a aumentar à medida que a criança cresce. O fator hereditário contribui para a prevalência da miopia: 20% a 40% das crianças com um progenitor míope herdam o problema, aumentando para 30% a 60%, com ambos os pais míopes..
Tal como a hipermetropia, a miopia vem muitas vezes acompanhada de astigmatismo e na infância é tratada com o uso de óculos graduados.
Hipermetropia
A hipermetropia consiste na dificuldade em focar imagens perto. Quanto mais perto as imagens se encontrarem, pior. Em graus mais elevados (mais dioptrias) atinge também a visão ao longe.
A hipermetropia dá-se quando o globo ocular é mais curto ou a córnea apresenta uma curvatura reduzida. Isto faz com que a luz que entra nos olhos não é focada de modo correto.
Nas crianças, a hipermetropia tem tendência a melhorar se for corrigida corretamente.
Quando os valores são reduzidos pode não causar dificuldade visual. Contudo, se tiver um grau elevado, ocorre o risco de ambliopia (olho preguiçoso) ou estrabismo. Pode vir ainda acompanhada de astigmatismo.
Se a visão da criança for corretamente corrigida, através do uso de óculos na infância, a hipermetropia apresentará tendência para reduzir.
Estrabismo
O estrabismo infantil consiste na ausência de alinhamento dos olhos (ou desvio) que surge durante a infância. Calcula-se que este problema de visão atinja cerca de 5% das crianças.
Embora não se conheça o que causa o estrabismo infantil, este problema poderá ter origem nos centros de controlo dos movimentos oculares que existem no cérebro.
Quando surge o estrabismo na criança, não haverá queixa por parte da criança. Contudo, o desvio dos olhos para fora (estrabismo divergente), para dentro (estrabismo convergente) ou para cima (estrabismo vertical) é visível.
Até aos seis meses de idade é normal dar-se algum desalinhamento ocular. Após os seis meses de idade, qualquer desvio já não é normal.
O estrabismo prejudica o desenvolvimento dos olhos e das estruturas cerebrais responsáveis pela visão e até originar a diminuição da visão de um dos olhos, designada de ambliopia ou “olho preguiçoso”.
No caso de um bebé com menos de seis meses e desvio permanente, o estrabismo deve ser acompanhado por um oftalmologista. O mesmo sucede se após os seis meses o desvio for permanente ou intermitente.
Este problema pode ser tratado com óculos, injecção de toxina botulínica ou cirurgia. Quanto mais cedo é diagnosticado e mais intermitente for este problema de visão na infância, melhor é o prognóstico.
Ambliopia ou “olho preguiçoso”
A ambliopia consiste na diminuição da visão de um ou dos dois olhos. Resulta frequentemente do facto de a criança ter uma visão o boa num dos olhos e má no outro.
Este problema de visão afeta cerca de 5% das crianças. A ambliopia surge porque o cérebro não reconhece a imagem menos nítida que é captada e enviada por um dos olhos. Irá assim favorecer o outro olho com melhor visão, podendo bloquear as imagens enviadas pelo olha pior. Isto faz com que o olho pior se torne “preguiçoso” (amblíope).
Se não for diagnosticada e tratada precocemente, a ambliopia pode manter-se durante a idade adulta. Se for detetada antes dos dois anos de idade, corrige-se bem.
O tratamento mais eficaz consiste na oclusão (tapar) do olho que vê bem, ou seja, o que tem menos dioptrias.