A doença celíaca é uma doença auto-imune, o que significa que o organismo produz anticorpos que atacam os seus próprios tecidos. Nos celíacos este ataque é provocado pela ingestão de glúten, proteína presente em quatro cereais: trigo, centeio, cevada e aveia.
A eliminação do glúten da alimentação permite que o intestino regenere por completo da lesão e o organismo recupere. Contudo, se houver reintrodução do glúten, as inflamações regressam e os sintomas reaparecem.
Doença celíaca
A doença celíaca é uma doença autoimune que ocorre em indivíduos com predisposição genética causada pela permanente sensibilidade ao glúten.
A ingestão de glúten, mesmo em pequenas quantidades, leva o organismo a desenvolver uma reação imunológica contra o próprio intestino delgado, provocando lesões na sua mucosa que se traduzem pela diminuição da capacidade de absorção dos nutrientes.
Esta doença pode aparecer em qualquer idade desde que o glúten já tenha sido introduzido na alimentação. O habitual é surgir pelo segundo ou terceiro semestre da vida (entre os 6 e os 20 meses de idade), alguns meses depois da introdução das farinhas na alimentação (papas, pão, bolachas, etc.).
A criança começa a perder o apetite, deixa de aumentar de peso, torna-se triste e irritável, as dejeções começam a ser mais frequentes, moles e volumosas (diarreia) e o abdómen (a “barriga”) torna-se mais saliente e distendido.
Se o diagnóstico não for feito e a dieta instituída, a situação vai-se agravando e a criança atinge por vezes estados de malnutrição muito grave. Num pequeno número de casos os sintomas são diferentes: às vezes aparecem apenas vómitos de repetição, dores abdominais de intensidade variável, prisão de ventre ou apenas um atraso de crescimento sem explicação aparente.
São situações em que só um médico experimentado associa à doença celíaca e que podem levar muito tempo para serem diagnosticadas. Por razões que desconhecemos, as manifestações da doença são geralmente mais intensas nos primeiros anos de vida e tendem depois a diminuir de intensidade.
Assim, na criança mais velha e no adolescente, as falhas na dieta não levam muitas vezes à diarreia e o doente continua a sentir-se bem. Este facto pode levar ao abandono do tratamento.
Infelizmente a doença celíaca não tem cura pelo que a reintrodução do glúten na alimentação determinará mais tarde ou mais cedo o reaparecimento de alguns sintomas:
- Anemia;
- Aumento discreto do volume do abdómen;
- Baixa no rendimento escolar;
- Paragem do crescimento;
- Ausência ou perturbações da menstruação e, no adulto, baixa de fertilidade ou mesmo esterilidade.
Deve portanto acentuar-se que uma vez estabelecido com segurança o diagnóstico, a dieta terá de ser cumprida durante toda a vida.
O que ainda não está perfeitamente esclarecido é a razão pela qual só algumas pessoas são intolerantes ao glúten e desenvolvem a doença. É natural que intervenham aqui fatores relacionados com a alimentação do indivíduo, o que poderá de alguma forma justificar a inexistência desta patologia nos países do oriente onde a base alimentar não é o trigo.
Hoje, porém, não restam dúvidas de que existe uma predisposição hereditária claramente transmitida, pois as famílias de celíacos contam com um número de doentes francamente superior ao que seria de esperar na população em geral. Os estudos efetuados permitiram calcular ser cerca de 10 vezes maior o risco de reaparecimento da doença após o primeiro caso num dos pais ou irmãos.
Quando a doença existe em parentes afastados, este risco é muito mais pequeno. Será provavelmente da conjunção destes dois tipos de fatores que resulta o terreno favorável para o aparecimento da doença.
Esta parece corresponder a uma perturbação do sistema de defesas do organismo que, em consequência disso, reagiria de forma anormal ao glúten alimentar provocando assim as alterações da mucosa intestinal e, em última análise, o aparecimento dos sintomas.
É verdade que existem “famílias de celíacos”?
Os factores genéticos que condicionam a ocorrência da doença levam a que cerca de 15% dos familiares directos de um celíaco possam ser também doentes. Isto quer dizer que numa família podem existir vários casos embora por vezes com sintomas de intensidade diferente.
A alimentação ao peito não tem nenhuma influência no aparecimento da doença?
Alguns estudos indicam que a introdução de pequenas porções de glúten, ainda durante a amamentação, possa funcionar como um “fator protetor” e reduzir o risco de desenvolver doença celíaca porém, ainda não existe uma certeza.
É possível deixar de ser celíaco?
A doença celíaca é uma doença crónica e, como tal, para toda a vida. Os sintomas desaparecem quando a criança / adulto cumpre a dieta isenta de glúten (DIG) mas isso não significa que esteja curado. Pode ainda dar-se o caso de apresentar sintomas atípicos (extra gastrointestinais) porém, a doença celíaca não desaparece.
Existe tratamento para a doença celíaca?
Actualmente, o único tratamento aceite consiste numa dieta isenta em glúten para toda a vida. A mesma deve ser rigorosa, saudável e equilibrada, não devendo os alimentos que contêm glúten ser eliminados mas sim substituídos por outros cujas matérias-primas não o contêm.
Apenas a eliminação do glúten da alimentação permite que o intestino regenere por completo da lesão e o organismo recupere. Contudo, se houver reintrodução do glúten, as inflamações regressam e os sintomas reaparecem.
Como o glúten se encontra no trigo, centeio, cevada e aveia, a dieta para ser eficaz não poderá conter nenhum destes 4 cereais ou seus derivados.
Bibliografia: https://www.celiacos.org.pt [acedido em 20 de maio de 2018]