As doenças exantemáticas são doenças infeciosas cujas manifestações cutâneas (exantemas) são essenciais para o diagnóstico. O bebé/criança manifesta determinados sintomas (como febre e falta de apetite) antes de surgirem as manisfestações cutâneas (como bolhas e manchas na pele).
Sarampo
Doença exantemática viral causada pelo vírus do sarampo. É altamente transmissível em pessoas susceptíveis (por exemplo, pessoas não vacinadas). A transmissão faz-se pelo contacto com secreções ou aerossóis emitidos por pessoas infectadas.
Os sintomas desta doença incluem febre alta, rinorreia, conjuntivite e ainda manchas avermelhadas na pele.
O sarampo é uma doença viral muito contagiosa, cuja incidência diminuiu drasticamente nos países desenvolvidos desde que se efetua a vacinação. Este é pois um excelente exemplo dos benefícios da vacinação universal sobre a saúde pública.
Durante muitos anos o sarampo foi considerado uma doença exantemática tão emblemática, que originou o ditado “sarampo sarampelo, sete vezes vem ao pêlo”.
Efetivamente, as crianças só tinham sarampo uma vez. No entanto podiam (e podem) ter outras doenças mais suaves que o povo chama sarampelo.
Em 2016, Portugal recebeu os diplomas oficiais da Organização Mundial da Saúde que certificam a eliminação de Rubéola e de Sarampo.
Rubéola
A rubéola é outra das doenças exantemáticas que praticamente está erradicada nos países onde se efetua a vacinação em massa contra a mesma.
Nas crianças, é uma doença benigna, que se manifesta através de febre baixa e exantema predominantemente na área do tronco. Este exantema é pouco exuberante mas apresenta uma característica particular que consiste em gânglios palpáveis na região posterior da cabeça.
Contudo, na gravidez a rubéola pode ter um efeito devastador porque pode causar malformações graves ou morte do feto. A rubéola pode ser particularmente grave se a grávida se encontrar primeiro trimestre de gravidez. As mulheres em idade fértil que não tiveram rubéola e que não foram vacinadas devem fazê-lo.
Varicela
É uma infeção viral causada pelo vírus Herpes varicella zoster e talvez a mais frequente doença exantemática. Atinge sobretudo crianças pequenas e é muito contagiosa. O vírus Herpes varicella zoster, pode ainda ser causador de outras doenças, como o herpes ou a mononucleose.
Por outro lado, após contrair varicela, pode proporcionar uma imunidade duradoura. Contudo, pode haver reativação do vírus no ser humano, a qual ocasiona lesões cutâneas de herpes zoster.
Após um período de incubação de uma a três semanas, a criança manifesta febre, e perda de apetite. Depois surge o exantema em forma de pequenas manchas vermelhas muito pruriginosas. Estas manchas convertem-se depois em vesículas repletas de um líquido amarelado. As vesículas acabam por rebentar ao fim de alguns dias e formam crostas. Quando as lesões estão todas em fase de crosta, a criança já, pode regressar à escola pois já não se encontra em fase de contágio. A criança não deve apanhar sol logo após a varicela para evitar a formação de cicatrizes.
Uma das principais características da varicela é o facto de as borbulhas atingirem o couro cabeludo e a zona genital.
Eritema infecioso ou quinta doença
Denomina-se quinta doença porque foi a última de cinco doenças descritas que manifestam exantemas parecidos. As outras 4 são a rubéola, sarampo, escarlatina e doença de Filatov- Dukes.
O eritema infecioso é causado pelo parvovírus humano B19 e costuma afetar principalmente em crianças em idade escolar (entre os cinco e os 14 anos de idade). A infeção é transmitida principalmente pela inspiração de gotículas expelidas por uma pessoa infectada.
A doença manifesta-se inicialmente através de uma erupção cutânea nas bochechas, que consiste em manchas avermelhadas. Por isso há também quem a conheça como “doença da bofetada”. Cerca de 24 horas após surgir a erupção facial, esta estende-se para outras áreas do corpo, especialmente braços, pernas e tronco. A erupção tende a piorar se for exposta ao sol.
Ao fim de cinco a dez dias a doença tende a desaparecer. Contudo, nas semanas seguintes, a erupção pode reaparecer temporariamente após exposição ao sol, calor ou toma de banho.
Exantema súbito, sexta doença ou roséola infantil
É a doença exantemática mais frequente antes dos dois anos de idade. É uma doença viral causada pelo herpesvírus humano 6.
Os sintomas da roséola infantil começam aproximadamente entre cinco e 15 dias após a infeção. A criança apresenta uma febre de 39,5 °C a 40,5 °C que começa de forma abrupta e dura de três a cinco dias. Pode verificar-se também corrimento nasal.
Após este período, a febre baixa. Surgem então pequenas manchas no tronco, região peitoral e dorsal que desaparecem ao fim de um a dois dias.
Apesar de ser uma doença viral febril benigna, o exantema súbito pode originar várias consultas médicas pois, num bebé, a febre alta e prostração são razão de preocupação.
Enteroviroses
O grupo de vírus da família dos enterovírus é o causador dos exantemas mais comuns durante os meses de verão.
As infeções por enterovírus afetam numerosas partes do corpo e podem ser causadas por um dos vírus da família dos enterovírus. As crianças doentes podem apresentar manchas avermelhadas, febre, dor de cabeça, sintomas respiratórios, dor de garganta, sintomas intestinais e por vezes aftas bucais. Ocasionalmente ocorrem síndromes clínicos como o síndrome mãos-pés-boca, em que há lesões nas mãos, pés e boca.
Perante os quadros exantemáticos menos típicos, os pediatras informam os pais de que se trata de uma virose. Isto deve-se ao facto de apesar de o médido saber que a crinaça tem algo dentro deste quadro de doenças, não identificam o vírus. Esta identificação só é possível através de análises mais demoradas que não acrescentam nada ao tratamento da doença, que consiste apenas em gerir os sintomas.
Escarlatina
A escarlatina é uma doença bacteriana, provocada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Esta doença é benigna e muito comum na infância. É uma forma de amigdalite que se representa também por uma erupção da pele. É tratada com antibióticos. Segundo o portal do SNS 24 os sintomas da escarlatina incluem febre alta (três a cinco dias), mal-estar geral, dor de cabeça, vómitos, amígdalas avermelhadas, dor de garganta e dificuldade em engolir, inflamação dolorosa nos gânglios do pescoço e a língua fica com um aspeto de framboesa.
O exantema é caracterizado por manchas na pele semelhantes a uma queimadura solar, ásperas ao tato (tipo lixa) que desaparecem com a pressão: têm início nas zonas de flexão (base do pescoço, axilas e virilhas) e depois espalham-se. São mais intensas no tronco e nas pregas de flexão.Decorrida cerca de uma semana, a pela atingida pode descamar.
Febre escaronodular ou febre da carraça
Esta doença é típica dos meses quentes em Portugal. Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, os meses em que são notificados mais casos em Portugal são julho, agosto e setembro, relacionados com o ciclo de vida da carraça.
O agente causador, a Rickettsia conorii, encontra-se na carraça que parasita alguns animais domésticos, especialmente o cão. Portanto, se uma pessoa for picada por uma carraça infetada pode adoecer. Contudo, a maioria das carraças não está infetada.
Após o período de incubação de cerca de uma semana, a doença manifesta-se por febre alta, dores de cabeça, mialgias e prostração, sintomas semelhantes a um quadro de gripe.O local da picada da carraça, através do qual o agente patogénico entrou, evidencia
Depois surge o exantema maculopapular e nodular que se inicia nos membros inferiores, afetando até a palma das mãos e a planta dos pés. Para o diagnóstico, deve procurar-se o local de picada da carraça, uma lesão pequena negra, por vezes com ferida e indolor, que habitualmente aumenta progressivamente até atingir cerca de dois centímetros de diâmetro. Esta doença tem que ser tratada com antibiótico.