Epilepsia: o que é e como atuar. A epilepsia é uma doença que afeta o cérebro, caracterizada por descarga anormal de alguns ou todos os neurónios cerebrais.
Epilepsia: o que é e como atuar
A doença expressa-se através de crises epiléticas recorrentes (duas ou mais), súbitas e imprevisíveis, incontroláveis pelo doente e com duração variável (geralmente entre alguns segundos a vários minutos).
Qual a causa da epilepsia?
Em 60 a 70% dos doentes com epilepsia não é possível determinar uma causa. São doentes com formas de epilepsia designadas de idiopáticas ou primárias.
Por outro lado, qualquer lesão que atinja o cérebro seja ela um defeito presente ao nascimento ou adquirida (secundária a um traumatismo craniano ou infeção do sistema nervoso central, por exemplo), é um potencial ponto de origem para crises epiléticas. Estas são denominadas formas secundárias de epilepsia.
Como posso reconhecer uma crise epilética?
Existem vários tipos de crises epiléticas. Habitualmente as crises são facilmente reconhecidas pelos pais. Dependendo do tipo de crises, pode haver um ou mais dos seguintes sinais:
- Olhar fixo (5-10 segundos), sem resposta à estimulação;
- Perda súbita da força muscular com queda;
- Pestanejo rápido ou revulsão ocular;
- Movimentos da boca (mastigação) ou da face;
- Movimentos rítmicos (“estrebuchar”) de todo ou parte do corpo;
- Perda de urina / fezes;
- Mordedura língua / bochecha;
- Perda de consciência com queda;
- Comportamento confuso, sem objetivo.
As crianças sentem dor quando têm uma crise?
Não.
Qual o tratamento?
Há vários medicamentos usados para o tratamento de epilepsia (fármacos antiepiléticos).
Por vezes são necessárias várias tentativas para encontrar o(s) medicamento(s) certos para o controlo das crises. Em casos específicos, em que a medicação não permite um controlo adequado das crises, pode ser benéfico optar pelo início de uma dieta especial (dieta cetogénica) ou pode estar indicado um tratamento cirúrgico.
Que fatores podem contribuir para desencadear as crises?
Embora a maioria das crises não tenha fatores desencadeantes identificáveis, algumas situações podem aumentar o risco de sofrer crises, com o sejam:
- Falha de toma de medicação;
- Estímulos luminosos;
- Febre / infeções;
- Consumo de álcool;
- Cansaço físico e mental / stress;
- Sons bruscos;
- Privação de sono;
- Alterações menstruais.
Que devo fazer se o meu filho tiver uma crise?
Mantenha-se calmo. A maioria das crises dura 1-3 minutos, não necessitando de recorrer ao Serviço de Urgência
- Previna traumatismos, movendo os objetos que estejam perto;
- Deite a criança de lado voltada para a esquerda, no chão ou na cama;
- Desaperte-lhe a roupa em volta do pescoço;
- Coloque algo mole sob cabeça da criança (o seu casaco, por exemplo);
- Não coloque nada na boca da criança;
- Observe atentamente a crise: duração, características;
- Se o médico prescreveu Stesolid rectal, use-o se a convulsão não parar ao fim de 3 minutos;
Após a crise a criança fica sonolenta e confusa. Não a perturbe, fique a vigiá-la até que recupere totalmente.
O que não fazer durante uma crise?
- Não tentar contrariar as convulsões usando a força;
- Não colocar objetos ou as mãos na boca da criança;
- Não atirar água à criança, não sacudi-la nem dar-lhe palmadinhas;
- Não dar água, medicação oral ou comida até a criança estar completamente acordada.
Quando devo levar a criança ao hospital?
- Se é o 1º episódio de crise epilética;
- Se a crise dura mais do que 5 minutos;
- Se a criança tem várias crises (sem recuperação da consciência);
- Se após a crise a criança não acorda; se verificar dificuldade respiratória;
- Se há um agravamento do número ou duração das crises;
- Se a criança tem patologia cardíaca ou diabetes;
- Se a criança se magoa durante a crise;
- Se a crise ocorrer na água.
Como devo lidar com o meu filho no dia-a-dia e ajudá-lo a não se sentir uma criança diferente?
A melhor forma de ajudar a criança é aceitar a doença.
O seu filho deve ser tratado como as outras crianças… Deve ser castigado quando necessário e mimado/elogiado quando merece. Evite a superproteção! Mantenha as atividades e tradições familiares.
Deve falar abertamente com o seu filho sobre epilepsia e incentivá-lo a falar sobre a doença com os amigos, familiares e professores.