Fimose corresponde à dificuldade, ou mesmo impossibilidade, de expor a glande do pénis (ponta do pénis) pelo facto de o prepúcio (“pele” que recobre a glande) apresentar um anel muito estreito. Saiba o que é a fimose infantil, as suas causas, como é feito o diagnóstico, tratamento e prevenção.
Fimose infantil
A fimose não corresponde ao facto normal do prepúcio estar colado à glande, situação comum nos primeiros anos de vida (aos 6 meses somente 20% dos meninos conseguem expor totalmente a glande, mas quase 90% já o conseguem aos 3 anos).
Cerca de 90% dos recém-nascidos apresenta uma fimose fisiológica ou impossibilidade de retrair completamente o prepúcio. O prepúcio maior é uma forma de proteger a glande e o sistema urinário que tem ainda poucas defesas.
Até aos 3-4 anos de idade, a pele do pénis solta-se espontaneamente, devido a fatores como o crescimento do corpo do pénis, à acumulação de secreções epiteliais e às ereções intermitentes, passando a funcionar de forma normal e sem necessidade de qualquer tipo de intervenção.
A fimose apenas se torna num problema quando causa dificuldade em urinar, dor, perda de sangue na urina ou infeção.
Causas da fimose
O motivo mais comum da fimose reside nas assaduras que podem causar cicatrizes e fibrose (formação ou desenvolvimento de tecido conjuntivo como parte do processo de cicatrização). Como as cicatrizes retraem a pele, o anel do prepúcio fica mais estreito.
Noutros casos, a retração forçada da pele do prepúcio dá origem a fissuras e pequenos traumatismos do prepúcio que, ao cicatrizarem, estreitam o canal dando origem a uma fimose secundária.
A higiene íntima deficiente da zona genital, nos bebés, rapazes, adolescentes e adultos, pode dar origem a uma infeção crónica local e que pode dar origem a uma fimose.
A fimose pode ocorrer em crianças circuncisadas ou não circuncisadas e nos homens mais velhos quando a diabetes é um fator de risco para a infeção crónica e consequente fimose.
Sintomas da fimose
- Dificuldade na retração do prepúcio;
- Infeções da glande;
- Infeções urinárias;
- Ereções dolorosas;
- Secreções com cheiro intenso;
- Dor durante a ereção;
- Dificuldade em urinar, com redução na intensidade do jato urinário.
É importante realçar que a fimose não impede o normal desenvolvimento do pénis, mas é uma situação que deve ser tratada para evitar complicações de saúde, dor e dificuldade nas relações sexuais.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado mediante exame médico. Na maioria dos casos, a fimose é diagnosticada no pós-parto.
Quando é diagnosticada, o médico define o melhor tratamento de acordo com o grau do estreitamento. Os cuidados de higiene devem ser redobrados para evitar o desenvolvimento de infeções que dificultam o tratamento da fimose.
Tratamento
A fimose não prejudica o crescimento do pénis mas exige tratamento devido a outros sintomas como dor, ardência ou dificuldade em urinar. O tratamento é realizado de acordo com a gravidade dos sintomas podendo consistir em:
1. Tratamento não cirúrgico com aplicação de pomada de corticosteroides
Em crianças com idades superiores a 4-5 anos a aplicação de uma pomada de corticosteroides no prepúcio 3-4 vezes por dia durante 4-8 semanas ajuda a amolecer a pele e faz com que o anel fimótico desapareça, aumentando a passagem da glande. Este tratamento deve ser realizado com prescrição e sob orientação médica.
Pode ser conseguida a retractilidade completa do prepúcio em 75% a 85% dos casos tratados com corticosteroides tópicos. Este tratamento não tem efeitos laterais, sendo um tratamento seguro e económico que pode ser utilizado antes de considerado o tratamento cirúrgico.
2. Cirurgia para retirar o excesso de pele
A cirurgia está indicada para permitir uma higiene adequada do pénis, diminuir o risco de infeções do prepúcio, infeções urinárias, doenças venéreas, cancro do pénis e, também, diminuir o risco de cancro do colo de útero nas futuras parceiras sexuais.
A cirurgia, nos casos não complicados, pode ser realizada por volta dos 7 a 10 anos de idade uma vez que, até essa idade, pode ocorrer o descolamento normal do prepúcio, evitando-se a cirurgia.
É importante que a cirurgia ocorra antes da adolescência, altura em que as ereções mais frequentes tornam o pós-operatório mais doloroso e aumentam o risco de complicações.
A cirurgia é realizada em ambulatório e, na infância e mesmo na adolescência, prefere-se a anestesia geral. Quanto à técnica cirúrgica, a quantidade de pele a remover dependerá da idade do paciente e do grau de fimose.
No caso de estenose fimótica grave, poderá ser ponderada a prepucioplastia (incisão tripla do prepúcio). É uma opção cirúrgica segura, mais rápida e menos radical que a circuncisão, com resultados funcionais e estéticos satisfatórios.
Apenas um pequeno número de circuncisões é justificado por uma verdadeira fimose. As regras de higiene são suficientes e é desaconselhada a retração forçada do prepúcio.
Como se previne a fimose?
A melhor prevenção é ensinar aos pais uma boa higiene das crianças, sem fazerem massagens ou exercícios, e reconhecendo e tratando adequadamente as dermatites, assaduras e infeções que possam ocorrer que podem dar origem a uma fimose.
A pele do prepúcio não deve ser forçada pelos pais na tentativa de expor a cabeça do pénis. Estas manobras têm exatamente o efeito contrário ao desejado.
A retração forçada não é um tratamento eficaz porque promove fissuras do prepúcio que formam cicatrizes que tornam o anel ainda mais estreito, levando à formação de fimose.
Bibliografia: Carlos Brás Silva e col., “Fimose e Circuncisão”, Acta Urológica 2006, 23; 2: 21-26 21; artigo “Fimose”, Hospital CUF (https://www.saudecuf.pt/mais-saude/doencas-a-z/fimose) [consultado online em 31 de janeiro de 2017]