1. O que caracteriza o “olho seco”
O “Olho Seco” resulta da deficiente lubrificação da superfície ocular externa que pode dever-se a uma:
- Produção de lágrima em quantidade insuficiente ou
- Inadequada qualidade dos componentes do filme lacrimal.
Função das lágrimas:
- Proporcionar conforto ocular através da nutrição, humidificação, lubrificação e limpeza.
- Proteger a superfície ocular contra infeções e outras agressões do olho como poeiras, fumos e partículas aéreas, promovendo em continuidade a lavagem da superfície ocular.
- Contribuir para a estabilidade de uma superfície corneana, regular, proporcionando uma melhor refração.
2. Sintomas mais frequentes do “olho seco”
- Desconforto ocular.
- Ardor.
- Prurido.
- Sensação de corpo estranho (areia) nos olhos.
A deficiente função lacrimal pode conduzir, pelo sofrimento córneo-conjuntival a:
- Olhos vermelhos e dolorosos.
- Fotofobia (dificuldade em suportar a luz).
- Pequenas úlceras de córnea (queratites).
O olho seco pode, paradoxalmente, conduzir ao lacrimejo e epífora por excesso de produção do componente aquoso da glândula lacrimal.
Um olho seco pode confundir-se com outras situações, tais como conjuntivites, queratites e alergias oculares. Pode manifestar-se como uma “conjuntivite crónica”.
3. Causas do “olho seco”
Existem diferentes factores que podem ser causa de olho seco, seja por diminuição da produção de lágrimas, da sua qualidade ou por excessiva evaporação, como:
- Idade
Com a idade, a produção de lágrimas diminui. Aos 65 anos, a produção lacrimal é cerca de 60% inferior da que existe aos 18 anos. - Doenças imunológicas
Um olho seco está frequentemente associado a doenças como: artrite, alergia, Lupus, Síndrome de Sjogren e outras doenças da pele, das mucosas e imunológicas. - Meio ambiente
Condições ambientais, de ar seco, fumos e vento podem desencadear ou agravar a situação de olho seco. - latrogénico
Alguns medicamentos, como: os anti-histamínicos, anti-depressivos, anti-hipertensivos, podem contribuir para a diminuição da produção lacrimal e seus componentes.
4. Diagnóstico de “olho seco”
Faz-se por diversos testes, não invasivos nem dolorosos, que medem a quantidade de produção de lágrimas e que avaliam a sua qualidade:
- Teste de Schirmer que, utilizando uma tira de papel de filtro especial, mede a quantidade de lágrimas.
- Teste BUT (break up time – tempo de rotura), que exige equipamento específico de oftalmologia e utilizando-se um corante natural (fluoresceína), permite medir o tempo de rotura do filme lacrimal e é portanto um teste que avalia a qualidade da lágrima (estabilidade).
O olho seco é acompanhado frequentemente por “boca seca”, por disfunção das glândulas salivares, semelhantes funcionalmente às glândulas lacrimais.
5. Tratamento do “olho seco”
Faz-se essencialmente utilizando substitutos da lágrima, lágrimas artificiais, de que existem diversos no mercado.